6. O homem e seus símbolos – Símbolos em uma análise individual




Jolande Jacobi apresenta um estudo de caso, exemplificando como os símbolos surgem na análise individual clínica. Acreditamos, porém, ser mais adequado apresentarmos os links dos posts que melhor representam a cadeia da hélice entrelaçada à espiral de O homem e seus símbolos, dobrando-nos sobre nós mesmos:

1. As questões

2. Os símbolos

3. Poesia e criação

4. Téssera e tesselas

5. O significado

6. Links

7. O mistério




Visões de geometria e símbolo

¿  Os símbolos e as figuras geométricas classificam os mistérios da natureza.
¿  Os símbolos e as figuras geométricas inscrevem os mistérios da natureza.


Tempo frio




Tu, fruto dos quatro elementos,
tu, dependente dos sete céus!

Tua origem esqueceste
e mergulhaste tua alma,
enredaste-a para sempre
em frivolidades,
coisas sem nexo,
laboriosos problemas inócuos
que nada têm que ver
com tua verdadeira origem.

Bebe vinho!
Já te fiz ver mil vezes,
mil vezes te aconselhei:
Que tens tu de comum
com essa turba inexpressiva?
Que te podem interessar
essa divisão de classes,
todas essas hierarquias?

Abandona-as!
Quando partires,
elas já estarão, de há muito,
desfeitas em pó...


Recitamos uma das rubaiatas (quadras) de Omar Khayyám,
e lembramos que a palavra Álcool vem de alkohl, sombra para os olhos.


5. O homem e seus símbolos – Simbolismo nas artes plásticas


Ancient Sound, Abstract on Black (1925), Paul Klee.


1. As questões

Klee: Não é apenas questão de reproduzir o que se , mas de tornar visível o que se percebe secretamente.

2. Os símbolos

Todo o cosmos é um símbolo em potencial.

Quando há a necessidade de expressar o que o pensamento não consegue formular, quando algo é apenas adivinhado ou pressentido, o símbolo autêntico aparece.

A pintura moderna é ela mesma um símbolo.

3. Poesia e criação

O artista muitas vezes se surpreende com as formas de suas próprias criações.

4. Téssera e tesselas

Miró ia à praia toda manhã para coletar coisas que a maré trazia. Coisas largadas esperando que alguém lhes descobrisse a personalidade. Guardava seus achados no estúdio. Por vezes os reunia, dando forma às suas composições.

Kandinsky dizia que os polos abrem dois caminhos que levam, no final, a um único alvo.

5. O significado

Os elementos de magia enriquecem as obras porque lhes dão significação simbólica. Na história entrelaçada da religião e da arte, encontramos registrados os símbolos que tiveram especial significação para nossos antepassados.

6. Links

As leis da natureza, no plano mais profundo, correspondem às leis da Psique.

7. O mistério

Sempre que o conhecimento consciente ou racional alcança seus limites extremos e o mistério se estabelece, a alma secreta das coisas se manifesta: a morte de Deus é um fato psíquico.




Aliança II

Amor desolado,
condenado e preso
no corpo do homem.

Amor condenado e preso
como a boca,
como o feto que digere o ventre
que o sustenta.

Amor condenado e preso
a uma voz
nessa garganta escorregadia
que é o tempo.


Aliança I        Aliança III


Mista’peo

Os naskapi são caçadores simples que vivem em grupos familiares isolados. Por se encontrarem tão separados uns dos outros, não conseguiram desenvolver costumes tribais nem crenças e cerimônias religiosas coletivas. A concepção naskapi do centro interior do nosso sistema psíquico é descrita no livro O homem e seus símbolos, organizado por Jung, e recitada por nós:

Ao longo da sua vida solitária, o caçador naskapi tem que contar apenas com as suas vozes interiores e as revelações do seu inconsciente; não há mestres religiosos que lhe digam no que acreditar, nem rituais, festas ou costumes que lhe sirvam de apoio. No seu universo elementar, sua alma é apenas um “companheiro interior”, que chama de “meu amigo” ou Mista’peo, significando “Grande Homem”. Mista’peo habita o coração do homem e é um ser imortal. No momento da morte, ou pouco antes, ele deixa o indivíduo para, mais tarde, reencarnar-se em outro.

Os naskapi que prestam atenção a seus sonhos, tentam descobrir os seus significados e testar sua verdade podem estreitar seu relacionamento com o Grande Homem. Ele os auxilia e manda-lhes mais e melhores sonhos. Assim, a principal obrigação de um naskapi é obedecer às instruções que lhe são transmitidas por meio dos sonhos e dar aos seus conteúdos uma forma duradoura nas artes. Mentiras e desonestidades afastam o Grande Homem do reinado interior do indivíduo, enquanto a generosidade, o amor ao próximo e aos animais atraem-no e lhe dão vida. Os sonhos oferecem ao naskapi todas as possibilidades para encontrar o bom caminho, não só no seu mundo interior mas também no mundo exterior da natureza. Ajudam-no a prever o tempo e dão-lhe conselhos inestimáveis na caça, da qual depende toda a sua vida. Menciono esses povos muito primitivos porque ainda não foram contaminados por nossas ideias civilizadas e ainda guardam a intuição natural da essência do self.

M. – L. von Franz, em O processo de individuação
  

4. O homem e seus símbolos – O processo de individuação





1. As questões

Temos um objetivo de vida significativo pelo qual valha a pena ser livre?

Procuramos algo impossível de achar ou sobre o qual nada sabemos. Voltamo-nos para as trevas, tentando descobrir qual o seu objetivo secreto, o que esse algo vem nos solicitar. Um dos mais difíceis problemas que se nos apresenta é o seguinte: como adivinhar se o nosso sinistro personagem (a Sombra) simboliza uma deficiência que precisamos vencer ou um aspecto significativo da vida que devemos aceitar.

2. Os símbolos

O centro mais íntimo do homem é semelhante a uma pedra. Simboliza a pedra a experiência mais simples e profunda, a experiência de algo eterno que o homem conhece naqueles instantes em que se sente inalterável e imortal.

A mudança é simbolizada pela travessia de um curso d’água.

A totalidade é simbolizada pelo Self (o ser).

3. Poesia e criação

A essência do ser humano recebe inspirações divinas, traduzindo-as em palavras, moldando-as pela arte. Somente se o homem puder usar sua liberdade para criar algo significativo é que vale a pena obter sua liberdade.

4. Téssera e tesselas

O processo de individuação é a harmonização do consciente com o nosso próprio centro interior. Para realizar tal processo é preciso nos submetermos conscientemente ao poder do inconsciente. Nosso utilitarismo deve ceder às exigências da nossa essência inconsciente. Nesse processo, a Sombra representa o lado contrário do Ego e encarna os traços de caráter que mais detestamos nos outros.

O maior empreendimento do homem é realizar seu destino. Cada um de nós tem uma maneira particular de autorrealização.

5. O significado

Existe uma sincronicidade, uma coincidência significativa entre os fatos. Esta sincronicidade entre os fatos penetra mais profundamente na interrelação da essência do ser humano com a matéria.

6. Links

Nosso primeiro acesso ao inconsciente revela-nos um sentimento de singularidade. Sentimo-nos muito diferente dos outros. Isso traz uma certa tristeza. Projeções toldam a nossa visão do próximo, destruindo as possibilidades de um relacionamento humano autêntico.

Mas existe um aspecto coletivo no Self e, portanto, uma função social: ele trabalha secretamente na união de indivíduos que se acham separados e que foram feitos, no entanto, para se entender.

7. O mistério

Nossa realidade psíquica interior manifesta um mistério vivo que só pode ser expresso por um símbolo. Quando encontramos este símbolo dentro de nós, o fluxo discursivo de representações do Ego (de um pensamento a outro) e seus desejos (de um objeto a outro) se acalma. Os poderes divinos podem, então, se reproduzir no espelho da alma humana.

Cristo, Krisna e Buda são imagens religiosas que simbolizam o processo de individuação.




Aliança I




1.
A morte afasta o amor?
O amor afasta a morte?
E ambos tornam a brincar
Diante os olhos humanos...

2.
O amor, que ama, fere;
o amor, que fere, mata;
e, assim, mantém-se vivo,
e morte é somente a cura.


amor e morte        Aliança II


Mangifera indica – 13/7




Mangifera indica – O MOVIMENTO DAS ÁRVORES – UM ANO E UM DIA

“Trouxe um menino.
Apanhei-o no bazar de ouro e prata,
Onde as jóias são como as folhas de mangueiras:
Milhares, milhares.”
(Cecília Meireles – Menino/ Poemas escritos na Índia).

Nulla dies sine linea
(Plínio, o moço; Apeles)

“Sequer um dia sem uma linha.”
(Gavarni citado por Vincent Van Gogh – Cartas a Theo).

“Nenhum dia sem linha...”
(Álvaro de Campos – Apostila)

13/7     Talvez haja mais flores que folhas
            o ocre se infiltra pela copa
            há mais flores que folhas
            balançam os galhos impondo obstáculos ao objetivo do voo do inseto
            e, se olharmos bem, veremos uma manga bem pequena, duas talvez
algumas flores já deixaram suas hastes
já há menos flores que antes
pequenos pássaros voam por dentro da árvore
de flores que se enferrujam minguantes

e hoje há mais folhas que flores
folhas de sombra
folhas secantes
e, sim, são mesmo duas mangas pequenas

ela está parada adiante

tamborilando, tamborilando
milhares, milhares de folhas folheando
são três troncos, três árvores se vistas pelo basculante!
milhares, miríades de folhas triplicando
no canto da janela nasce um tropo
formado das partes de uma parte
que já foi todo
é a quarta ou a quinta árvore?
é a quarta árvore
formada por dois troncos, um deles bifurcando-se

Um muro cresce entre os troncos
cerca elétrica, arame farpado, concreto e altura entre troncos
entre copa e raiz


estudo        13/8


3. O homem e seus símbolos – Os mitos antigos e o homem moderno


Parede da Casa da Flôr – por Gabriel J. Santos

1. As questões

Não basta ao ego conquistar a consciência. Há ainda o problema de manter e desenvolver a consciência para que o homem possa viver uma vida útil, guardando a sua individualidade dentro da sociedade.

2. Os símbolos

Existem temas simbólicos universais. Eles conservam uma semelhança formal.

O mito de iniciação do herói parece comum a várias épocas e lugares, assim como os mitos de contenção, cujo melhor exemplo é o tema do casamento. O pássaro parece ser o símbolo mais apropriado de transcendência.

3. Poesia e criação

A criação de um novo padrão de vida não é uma mudança externa. A criação de um novo padrão de vida não é uma simulação. A criação de um novo padrão de vida é uma solução de problemas. A criação é uma transcendência interior de velhos valores.

4. Téssera e tesselas

Os conteúdos do inconsciente exercem uma influência formativa sobre a essência do ser humano. É do Self (o ser) que emerge a consciência individualizada do ego.

Passando pelo processo de iniciação, que começa com um rito de submissão, seguindo por um período de contenção e chegando ao rito de liberação, o indivíduo tem a possibilidade de reconciliar elementos conflitantes da sua personalidade. Alcançar o equilíbrio entre a contenção e a liberação é o que torna o indivíduo um ser humano.

5. O significado

É difícil para nós percebermos a significação dos símbolos que nos chegam do passado ou que surgem em nossos sonhos. É difícil também ver como o antigo conflito entre os símbolos de contenção e os de liberação se relaciona com nossos problemas.

Mas tudo se torna mais fácil quando nos damos conta de que são apenas as formas específicas desses esquemas arcaicos que mudam. O seu significado psíquico permanece o mesmo.

6. Links

Cada ser humano tem originalmente um sentimento de totalidade, um sentido poderoso e completo de si mesmo. O sentimento e o pensamento, apesar de separados, são indissoluvelmente ligados um ao outro.

7. O mistério

O drama do renascimento por meio da morte, um tema cíclico universal, traz uma velha mensagem: a morte é um mistério. Devemos nos preparar para a morte com o mesmo sentimento de submissão e humildade com que nos preparamos para enfrentar a vida.




Visões de descrição e símbolo

¿  O que não apresenta atributos não pode ser descrito.
¿  O que não pode ser descrito pode ser simbolizado.
¿  O que não apresenta atributos pode ser simbolizado por negativas.


amor e morte





Templo VI        Aliança I