![]() |
Capa de Ziraldo para o livro Sociedade sem Escolas Fonte: www.ebah.com.br |
“Também nós acreditamos no Estado da Providência, na paz universal, na
igualdade do homem, nos seus eternos direitos humanos, na justiça, na verdade e
(não o proclamemos alto demais) no Reino de Deus sobre a Terra.”
Carl G. Jung, em O homem e seus símbolos (1964)
Nossos mitos segundo Ivan Illich (1970):
1. O consumo interminável –
tudo que é produzido tem valor e é necessário.
2. A mensuração de valores – tudo pode ser medido.
3. Os valores empacotados –
tudo pode ser embalado em significados planejados e oferecido em um pacote.
4. O progresso autoperpetuável – tudo é um não acabar de algo.
A imaginação pode ser medida, a
criação pode ser medida, a vida pode ser medida, o ser humano pode ser medido.
Em tempo ou dinheiro. Tanto
faz, já não há diferença porque sempre curtimos. Medimos e contamos
amizades, amores, conquistas. O imensurável é uma ameaça.
Se a propaganda tornar
vendável a um número de pessoas que justifique o custo da produção e se nós adaptarmos os nossos desejos à venda e se não nos sentirmos culpados de nossas ações não
contemplarem as pesquisas de mercado, então
tudo pode ganhar uma
embalagem – a saúde, o veneno, a
educação, a segurança, a violência, o medo, a solidariedade, a fome, a
felicidade...
Uma embalagem atrás da outra, uma
viagem atrás da outra, uma massagem atrás da outra... infinitamente. Relaxamos acendendo cigarros em outros cigarros, como se
virar fumaça fosse a tendência de tudo. A guerra é uma infinita luta pela paz,
a greve é uma infinita luta por salários, infinito abismo coberto por infinitas
cortinas de fumaça.
A esperança é substituída pela
expectativa. Não nos surpreendemos porque esperamos sempre o mesmo. Ou o novo. Tanto faz, já
não há diferença porque sempre
curtimos. As responsabilidades são transferidas e só há coragem para assumir o
que já combinamos que pode ser aceito ou tolerado. Olhamos apenas para o que já
foi feito, a fim de que possa ser feito de novo. Consultamos índices ou nos
comparamos aos outros para que não percamos as nossas próprias referências.