Nossos mitos por Reimer


Fonte: Diário de Teresina (www.diariodeteresina.com.br)

Nossos mitos segundo Everett Reimer (1975):

5. A igualdade de oportunidade – todo homem pode alcançar o que a sua ambição lhe ditar e sua capacidade o permitir.
6. A liberdade – todo homem tem certos direitos inalienáveis.
7. A eficiência – o homem moderno já solucionou seus problemas de produção através de uma eficiente organização.
Obs: ele também cita o mito do progresso – nossa situação está melhorando e tende a continuar assim.

Consideremos os rituais que perpetuam nossos mitos.

Consideremos a escada social que todos os dias tentamos subir, de grau em grau, na ilusão de chegar a um topo onde estão os que não precisaram subir todos os degraus.

Consideremos nossos processos democráticos: as eleições, as manifestações, os protestos, as publicações inflamadas, as declarações indignadas, as revelações da mídia, as investigações legislativas.

Consideremos a pesquisa que busca continuamente novos conhecimentos, novas técnicas, novas descobertas e invenções.

Consideremos nossa atividade ritualizada. Estamos tão ocupados com nossos cursos, nosso aprimoramento, nossas atividades culturais, nossa informação, nossa prática de exercícios físicos, nossa alimentação, nossa aparência, nosso trabalho voluntário, nossa responsabilidade social, que nem podemos sequer considerá-la (clique na tabela acima para ampliá-la).

Consideremos a regularidade disso tudo. Consideremos a repetição, a invariabilidade, a sequência e a organização disso tudo. Consideremos a estereotipia, a redundância de conteúdos, a convencionabilidade e a conveniência disso tudo. Consideremos a liturgia, a função pública de tudo isso.

Não consideremos o consumo. Consideremos o consumo competitivo e seu aspecto em três dimensões: o consumo competitivo é um Direito, é um Dever e é um Desejo. Consideremos as três dimensões do consumo competitivo acorrentando-nos à roda da produção incessante.