Arabesco e flor: palavra e símbolo


A palavra arabesco designa um ornato de origem árabe, no qual se entrelaçam linhas, ramagens, grinaldas, flores... É também, de acordo com o Dicionário Aurélio, o mesmo que rabisco.

Encontramos ainda a palavra arabesco no verbete ornamento do Dicionário Analógico ao lado de termos como florear, enflorar, embelezar, iluminar, conchear, enriquecer e constelar.

O símbolo do arabesco nos inspira a dizer que o arabesco não é uma figuração: é um ritmo. O arabesco é uma encantação, uma repetição indefinida do tema, uma transcrição da recitação mental. Quando se torna um apoio da contemplação, permite que se escape à condição temporal.

Podemos discernir nos arabescos:
¿  Dois elementos constantes – a interpretação da flora e a utilização ideal da linha.
¿  Dois princípios – a aparente fantasia e a estrita geometria.
¿  Dois procedimentos – o traço reto como um jato e o laço.

Os arabescos epigráficos combinam grafia e sonoridade. Eles oferecem-se como um enigma a ser decifrado, como um labirinto. O artista que faz os arabescos busca ocultar e revelar ao mesmo tempo uma sentença corânica e, assim, despertar simultaneamente a emoção de uma beleza e de uma verdade, que seriam acima de tudo um compromisso com o longínquo.

É por tudo isso que, buscando no Dicionário de Símbolos, encontramos que o arabesco é o símbolo do símbolo: revela velando e oculta desvelando.

Mas não podemos fechar nosso dicionário sem uma rápida consulta à simbologia da flor. A floração é o retorno ao centro. A flor mostrada por Buda a Mahakashyapa substituía qualquer palavra – a própria expressão do inexprimível. Na civilização asteca, a flor coroava o hieróglifo da prece. As flores manifestavam a diversidade do universo e expressavam fases específicas das relações entre deuses e homens. A flor era a medida dessas relações.

E fechando o Aurélio, encontramos a seguinte etimologia para ornar: ornare – pôr em ordem.