O mito e o mistério


O mito e o mistério são duas faces da mesma linguagem. É linguagem humana. E linguagem da Natureza. Homem e Cosmos são duas faces da mesma linguagem.

Os mitos revelam questões que se expressam na forma de mistérios. E os mistérios impelem nosso espírito adiante. Instintivamente rumamos adiante. Seguimos inconscientemente essa linguagem.

É uma vida barroca, uma vida de claro-escuro, dia e noite, de altos e baixos, de apogeus e quedas. Uma vida constantemente eclipsada, quando esses extremos se encontram. E assusta.

Uma alternância entre mistérios e mitos. Os primeiros escondem e atraem para serem desvendados. Os segundos revelam, e ao revelar, revelam também outros esconderijos. E esconderijos nos atraem sempre.

Assim a Natureza nos ensina: esconde, mostra, esconde, mostra... Assim ela nos seduz e suas curvas nos encantam, mas também suas retas mostram força e rigidez no que afirmam. A Natureza nos encanta e se afirma inexoravelmente.

Como Rosenstock diz: “Os poemas flutuam em todos os nichos do pensamento, porque neles as questões são levantadas mas não solucionadas”.

Mesmo que todas as nossas questões fossem solucionadas, e novos universos pudessem ser criados, a Natureza nos traria novas e novíssimas questões através de sua linguagem de tésseras e mosaicos.