Hino aos Criadores
Não havia inexistência, e existência não
havia.
Não havia atmosfera,
nem universos depois dela.
Como haveria o que
tudo contém, tudo protege? Onde?
Em águas? Insondáveis
abismos de água?
Não havia morte – e
assim nada imortal,
Só Aquilo respirava
em si mesmo sem rumor,
E além de Aquilo nada
mais havia.
Havia escuridão, em
princípio, e tudo era envolto
Em profunda penumbra
– um oceano sem luz.
O germe ainda
protegido em sua envoltura
Rebentou com o calor
incandescente – essência única.
E logo
surpreendeu-lhe o Amor, o salto novo
Da consciência – sim,
em seus
corações poetas pressentiram,
Contemplando, essa aliança entre as
coisas criadas
E as incriadas. Essa
centelha, que se espalha
E a tudo penetra,
nasce da terra ou nasce do céu?
Então foram semeadas
sementes, e gerado o poder plenipotente –
Abaixo: a Natureza; e
acima: Vontade e Poder.
Quem sabe o segredo?
Quem o anunciou aqui,
A fonte, de onde essa
criação multiforme brotou? –
Os deuses mesmos só
nasceram mais tarde.
Quem sabe de que fonte brotou essa
grande criação?
Ele de quem toda essa
criação proveio,
Seja de sua vontade
ou seu silêncio,
O Onisciente Supremo no mais alto céu,
Ele o sabe – ou talvez nem ele.
Hino aos Criadores de N.E.P.,
livre tradução com base no Creation,
de F. Max Müller (1859), em gratidão pelos trabalhos de H. H. Wilson (1850), R.
T. H. Griffith (1889), A. A. Macdonell (1922), A. L. Basham (1954), Raymundo M. Sobral (1969), Wendy D.
O'Flaherty (1981), Dominic Goodall (1996), Alexandre Vieira (2001), M. P.
Moreira Filho (2009) e Álvaro Vasconcellos (n.d.).
Rig Veda, Mandala 10, Sukta 129,
em sânscrito, escrita devanagari. Transliteração do devanagari para o alfabeto
latino. Tradução para o inglês. Tradução para o português. E tradução em mosaico para o português
em Nossos Estudos Poéticos.