Visões de criação e diferenciação

¿!  Não há criação.
¿!  Há diferenciação.
¿!  Cada postagem é uma diferenciação.
¿!  Toda diferenciação cria novo link.
¿!  A postagem está sujeita ao link.


3108 – Dia do blogue




Vida rara aos blogues!


¿!

pequeníssimos nós - 1

não gosto muito de falar das costelas
as costelas do barco
as costelas me encafifam
como podem as costelas?
tão mais que o mugido da vaca
desnorteando as águas
o sal nelas

(Carla Diacov)

¿!

Mestres antigos

O amor que temos aos desconhecidos de quem aprendemos a gostar - os poetas, os cineastas, os músicos, os artistas, os professores das coisas vãs e fúteis que são a matéria da vida - tem uma natureza diferente do amor pela família próxima ou pela mulher que nos escolheu amar de volta. Mas nem por isso é um amor inferior ou menos importante. O que somos, o que nos constitui, tem tanto a ver com pessoas como com os objectos artísticos que nos deslumbram. Sentimos tanto a distância dos nossos mestres como das pessoas com quem vivemos os anos da nossa vida. Mais claro: amamos quem nos ama de volta mas também quem, criando, nos ensina a amar o mundo. E quando os mestres se vão, a dor é funda.

(Sérgio Lavos)

¿!

Segunda-feira, 15 de julho de 2013

Quantas insónias/ precisas/ para construir/ uma noite em bra/nco?

(Heduardo Kiesse)

¿!

Origem da Pó dos Livros:

A ideia do nome da livraria Pó dos Livros surgiu-me quando estava a ler o livro "A Sombra do Vento", de Carlos Ruis Zafón. É um livro que, para além de muitas outras coisas, nos fala de um cemitério de livros esquecidos - livros cheios de pó. Este facto recordou-me uma pequena história passada comigo e com o meu pai durante a minha infância. O meu pai era um bibliófilo, comprava e lia compulsivamente. Um dia, pela tarde, em que mais uma vez chegava a casa com um saco cheio de livros, velhos e com pó, perguntei-lhe:

- Pai, porque é que compra sempre livros velhos e cheios de pó?
- Foi precisamente por terem pó que eu os comprei.
- Não entendi...
- Os livros com pó são os livros que resistiram ao tempo, por isso os considero importantes.

(Jaime Bulhosa)

¿!

Leitura de imagem (1) - Part...ilha

Sim...
são tantas as partes
que me cabem!

Mas bebem
do mesmo íntimo.

(Joelma B.)


Fonte da imagem: Garota Xilique


2012        2014


Visões de tesselas

¿!  A unidade dividida infinitamente não perde sua unidade.
¿!  A cada divisão a unidade se aproxima dos planos da realidade única e eterna.


O oposto da téssera

Recitamos a fala de Sidarta no diálogo com seu amigo Govinda:

O oposto de cada verdade é igualmente verdade.

Hermann Hesse, em Sidarta


Sidarta




“Ama as águas! Não te afastes delas! Aprende o que te ensinam!”
Hermann Hesse


Cansado da sede de aprender e do excesso de inteligência. Cansado da busca e do desencontro. Cansado de ter uma meta. Cansado de atribuir antecipadamente significado ao livro do mundo e ao livro de sua própria essência. Cansado de chamar de ilusão o mundo dos fenômenos. Cansado de analisar o mundo, de explicá-lo, de menosprezá-lo. Cansado de comparar o mundo a um mundo imaginário conveniente aos seus desejos egoístas. Cansado da meditação, do pensamento, da espera e do jejum. Cansado de saber as orações, de conhecer as fórmulas mágicas, de ler as escrituras. Cansado de fazer poesia. Cansado de acordar. Cansado de andar rapidamente pela estrada. Cansado de renascer. Cansado de aspirar o ar, de tremer de frio, de tremer de horror. Cansado de saber-se solitário, de procurar seu lugar, de procurar pessoas que falassem a sua língua. Cansado da insensibilidade e da surdez.

Ao pé do rio, o exausto Sidarta ouviu de modo claro o que lhe comunicava o símbolo do curso das águas. Era um segredo especial, algo ignoto, que nunca deixara de aguardar por ele. Encantado pelas águas, Sidarta sabia que quem entendesse seus líquidos arcanos compreenderia todos os mistérios. A água é a voz da vida, a voz do ser.

São muito raras as pessoas que dominam com perfeição a arte ensinada pelo rio – a arte de escutar. Ela ensina que é bom descer, abaixar-se, procurar as profundezas. Ela ensina que tudo é natural, tudo está na mais perfeita ordem. Amar esta ordem, amar este mundo e gostar de fazer parte dele são os nossos limites: reverência, admiração e amor ao mundo, a nós mesmos e a todas as criaturas que contemplamos sem a revolta ansiedade de mudança!


A rua

VENHAM, ENTÃO. VENHAM VER A RUA. ABAIXEM AS LENTES. FAÇA-SE PRIMEIRO A IMAGEM DO CHÃO. VEJAM DE QUE COR É O ASFALTO, QUAL A FORMA DA PEDRA-SABÃO. AQUI PISARAM, POR AQUI ANDARAM E PASSARAM, SEM DEIXAR UMA ÚNICA PEGADA, SEUS AVÓS, SEUS PAIS, SEUS IRMÃOS.


Reflexões de uma cascata


Reflections of a Waterfall I - Louise Nevelson (1982)


A água reflete formas inesgotáveis. A madeira reflete a água. O espelho reflete quem vê.

A escultura reflete as arquiteturas maia e asteca. A artista reflete os sonhos. A criação reflete os arquétipos. A assemblage reflete a multiplicidade. O monocromatismo reflete a unidade. A montagem de objetos do dia a dia reflete os puzzles. A composição reflete o cosmos. A parte reflete o todo.

Louise Nevelson reflete Picasso. Picasso reflete os mosaicos. O cubo reflete a estabilidade.

A cascata reflete o impermanente. A queda d’água reflete o movimento descendente. A montanha reflete o movimento ascendente. A cachoeira reflete a permanência da forma. A arte reflete a mutação da matéria. A mente reflete um composto ilusório. O espírito reflete reflexões.

Nossos Estudos Poéticos refletem as Reflexões de uma cascata. As Reflexões de uma cascata refletem Nossos Estudos Poéticos.


Refletimos na cúbica tessela desta postagem nossa visita à exposição Elles: Mulheres artistas na coleção do centro Pampidou no CCBB Rio em 14 de junho de 2013.


Fonte da imagem: blog soft power, activated


Uma ideia

Uma ideia é um ser incorpóreo, que não subsiste por si mesmo, mas que dá forma e figura à matéria caótica e se converte em causa da manifestação.

Plutarco


Reflexão

A TÉSSERA É UMA REFLEXÃO.


Mangifera indica – 13/8




13/8     um muro visível entre mundos
um muro que só cresce, só cabe, entrementes, entre mundos
subterrâneas são as raízes
aéreas, as ramificações
visíveis são os troncos
invisível é o ducto movimento das seivas
indo, vindo
conduzindo, reconduzindo
produzindo, reduzindo

Uma pessoa se senta no fundo do quintal da fábrica
sob telhas de amianto
(que hoje sabemos serem tóxicas
e ontem sabíamos apenas que eram baratas)
senta-se na sombra das telhas de amianto
sob as flores mortas caídas da árvore
senta-se sempre no plano dos troncos e dos caules
que seivas percorrem seu corpo
indo, vindo, conduzindo, reconduzindo, induzindo, deduzindo?

Troncos e caules são o próprio caminho das árvores
da semente aos frutos
inapagáveis e solares pegadas
na rota traçada
em um texto que é invisível
e porque não pode ficar em repouso
e porque não pode voltar atrás
a semente cai na terra
  

13/7        13/9


Visões de link 2

¿  O link une !
¿  O link concilia !
¿  O link explica !


A nossa raridade

Poucas vezes temos realmente dito nós. E cada vez menos. E menos. E menos.
Existem possibilidades para dizermos nós na minoria? Existem tais possibilidades na maioria? Uma multidão é muito pouco para dizermos nós.
Experimentaremos ainda muitos universos com os sentidos da solidão até que, ao menos mais uma vez, possamos nos encontrar no universo em que dizemos nós.
Raras, muito raras são as vezes em que realmente podemos dizer nós. Raras, poeticamente raras.


7. O homem e seus símbolos – Conclusão: a ciência do inconsciente


Caduceu  –  em À sombra do plátano.


1. As questões

Um fenômeno mental é consciente ou inconsciente? Um fenômeno exterior “real” é percebido por meios conscientes ou inconscientes? Para que alguma coisa acontece?

2. Os símbolos

Os símbolos têm uma função criadora.

3. Poesia e criação

Acontecimentos sincrônicos são, na verdade, atos de criação eventuais. Os arquétipos parecem ser agentes de uma creatio continua.

4. Téssera e tesselas

O relacionamento entre o consciente e o inconsciente forma um par complementar de contrários.

5. O significado

Onde, anteriormente, os homens buscavam explicações causais (racionais) dos fenômenos, Jung introduziu a ideia de procurar-se o significado (o propósito).

6. Links

Inúmeros físicos modernos procuram na natureza mais as conexões do que as leis causais (determinismo). Os números seriam a conexão tangível entre as esferas da matéria e as da essência humana.

7. O mistério

O valor das ideias criativas está em que elas ajudam a abrir conexões até então ininteligíveis de vários fatos, permitindo que o homem penetre mais profundamente no mistério da vida.




Visões de analogia

¿  O reino da forma e da existência é uma imensa cadeia de elos.
¿  Do universo ao átomo, da internet ao post, os elos se acham todos interligados.
¿ Os diversos elos da cadeia devem ser estudados coordenadamente em suas mútuas relações ocultas.


Quem somos nós?

A quem nos referimos quando dizemos nós?

Em português, se enuncio, assumo o pronome eu. Mas, ao enunciarmos, assumimos o pronome nós.

Já em espanhol encontramos duas formas para a primeira pessoa do plural. Somos nós homens (nosotros) ou nós mulheres (nosotras). Juntos, nós homens e mulheres somos nosotros.

Algumas línguas indígenas da América do Norte apresentam uma outra diferença no que diz respeito ao pronome da primeira pessoa do plural. A palavra usada pelo emissor quando ele inclui o seu ouvinte na fala é diferente da palavra usada quando se refere a si mesmo e a outros excluindo o interlocutor. Nós, eu e você, somos diferentes de nós, eu e os outros, mas não você.

Em qualquer um dos casos, o pronome nós significa sempre uma junção entre o eu e o não eu, seja lá quem for esse não eu. Isso quer dizer que é sempre o eu que predomina em nós. Quer dizer também que, no discurso, nós não somos uma soma de eus.

Na língua portuguesa, há ainda um outro emprego da palavra nós – o impessoalizador. Isso acontece quando não queremos nos dirigir a uma pessoa específica, mas sim às pessoas em geral.

Quantas vezes dizemos nós quando deveríamos dizer eu? A quem nos referimos quando dizemos nós? Nossos Estudos Poéticos pertencem a quem?