Poemas com destino certo


À palavra, aos poetas, aos leitores,
aos nômades, aos artistas anônimos,
às crianças infortunadas, às vítimas de guerra,
ao doente mental, ao doente terminal,
aos ateus, a alguns líderes religiosos,
aos governantes, aos habitantes da Terra,
aos jovens, aos velhos, às mentalidades acadêmicas
às mulheres, às bailarinas, aos circenses,
aos sagitarianos, ao andarilho,
às nossas avós,
aos espíritos conturbados,
aos espíritos amorosos:

O texto acima, que parece um poema, é somente o índice da segunda parte do livro Poemas com destino certo, de Cristina da Costa Pereira. Apesar da aparente fragmentação, seus poemas-dedicatórias têm sempre um único destino – o coração humano. No prefácio, Sérgio Bernardo ressalta que o que está fora do homem (o mercado, a mídia, os eventos) não é endereço para as mensagens de Cristina.

Recitamos, então, o poema que encontra seu destino em Nossos Estudos Poéticos:

Aos leitores

Um livro de poemas sempre buscará um leitor.
Em algum lugar, o aguarda
em imagens fragmentadas e advérbios deslocados,
desejando que alguém perceba
que estava ali.

soltando as asas dos pensamentos.
Uma história, a sonoridade das palavras transmite.

Algo abstrato se desvenda
- um cheiro, um olhar, um sentimento
capturado no papel.

As atrocidades do mundo
o ocultismo de tradições ancestrais
o enigma do universo indecifrável
parecem não ter lugar nos poemas.
Mas, em um poema, todas as coisas cabem.