Once in a blue moon


O que é raro? O que facilmente gastamos e se torna ralo ou o que por ser sutil dificilmente encontramos? O que é pouco ou o que é extraordinário?

O que é raro? Um sentimento, uma pessoa, uma experiência, um fato?

O que é raro? O que se pode contar nos dedos? O que é um entre mil? O que acontece aqui e ali, uma vez na vida e outra na morte?

Não são raras as formas que a língua encontra para tratarmos do que é raro. Once in a blue moon é uma expressão inglesa usada para nos referirmos ao que acontece muito raramente, pois raras são as noites de lua azul. Raras vezes temos duas luas cheias em um mesmo mês.

O que é raro, então?

Em Nossos Estudos Poéticos, raro é o inexprimível na língua. Raros são o indescritível e o inenarrável na literatura. Raro é o inefável na poesia. Rara é a poesia. E o que a poesia nos causa – assombro, encanto, êxtase – nos ajuda a encontrar o que é raro no limiar da impossibilidade.

Raras são as tésseras que poeticamente se encontram – um verdadeiro casal, dois grandes amigos, o bom candidato e o bom eleitor, o paciente na fila de transplante e o doador compatível, a pergunta e a resposta.

Rara é a arte. E entre as artes, raras são as belas-artes. E, nas belas-artes, rara é a obra-prima. E na obra-prima encontramos a raridade do que é belo, do que é sublime.

E rara é a noite de hoje – noite de lua azul. E tudo que for feito nesta noite de 31 de agosto de 2012 será raro, pois será uma vez na lua azul.