Segundo a tradição antiga, a tragédia nasceu do coro trágico. Segundo Nietzsche, com a morte da tragédia, perdeu-se a própria poesia.
Na visão de Schiller, o coro é uma muralha viva que a tragédia constrói a sua volta a fim de isolar-se do mundo real e de salvaguardar para si o seu chão ideal e a sua liberdade poética. Na visão de Nietzsche, o coro é o único vedor do mundo visionário da cena. O coro contempla em sua visão seu senhor e mestre Dionísio, sendo eternamente servente: o coro não atua. É literalmente a mais alta expressão da natureza e profere, em seu entusiasmo, sentenças de oráculo e de sabedoria. É o sábio que, do coração do mundo, enuncia a verdade. Na tragédia grega, o coro dionisíaco descarrega-se sempre de novo em um mundo de imagens apolíneo.
Em O Nascimento da Tragédia, Nietzsche afirma que a arte é a atividade propriamente metafísica do homem e propõe que a existência do mundo só se justifica como fenômeno estético. A arte é a tarefa suprema da vida. Só a arte pode transformar os pensamentos sobre o absurdo da existência em representações com as quais é possível viver – o sublime (domesticação artística do horrível) e o cômico (descarga artística da náusea do absurdo). E é no momento da criação artística que o homem se torna capaz de contemplar-se a si mesmo, sendo ao mesmo tempo sujeito e objeto; poeta, ator e espectador.
Seria possível o renascimento da tragédia? Nietzsche sugere a possibilidade de um conhecimento trágico, uma nova forma de conhecimento que não estaria presa à lógica, mas sim unida à arte. A tragédia poderia ressurgir não somente poeticamente, mas também cientificamente, acrescentando sentenças de sabedoria às sentenças da ciência?