A vida é uma repetição. O movimento
que repetimos é o de retorno (não o de revolta). A ordem da vida está naquilo
que nela se repete, naquilo que está se repetindo exatamente neste instante e
em seu próprio ritmo.
(...em
aniversários, se a vida for uma festa; em doses, se a vida for uma bebedeira.
Em salários, se a vida for um trabalho; em notas, se a vida for uma prova. Em
horas, se a vida for um relógio; em estações, se a vida for um ciclo. Em fases,
se a vida for um jogo; em posts, se a vida for um blogue. Em tesselas, se a
vida for um mosaico; em estâncias, se a vida for um labirinto. Em mandalas, se a
vida for um livro; em flores, se a vida for uma prece. Em linhas, se a vida for
um arabesco; em sílabas poéticas,
se a vida for uma única linha – um verso...)
A ordem da vida
está naquilo que só podemos acompanhar se conseguirmos descobrir-lhe a medida.
A vida é uma recitação. O
movimento que recitamos é uma respiração, é um batimento cardíaco. Mais uns
pensamentos e uns sentimentos que sempre temos e umas palavras que sempre
usamos.
A vida é uma
recitação. O movimento que se recita é o Verbo Ser. O verbo que liga, o verbo
que cria.
Que aquilo que recitamos e repetimos ordene
nossas vidas. Que aquilo que recitamos e repetimos em nossas vidas
possa de novo nos trazer paz infinita. Que retornemos à paz infinita com o que
recitamos e repetimos em nossas vidas.
E que possamos criar belos arabescos
com os fios de nossas vidas.