“Sou a canção de
Valmiki; Valmiki me fez: Sempre verdadeiro; Só para ti” – assim canta
a própria canção do Ramayana sobre si mesma.
Não
havia poesia na Terra antes de Ramayana. Palavras como as cantadas no primeiro
melhor poema do mundo nunca haviam sido ouvidas. O Ramayana seria a inspiração, fonte de temas aos poetas futuros,
pois a história de Rama duraria para sempre no mundo. História antiga e
bem-amada, feita de fábulas, maravilhas e verdade.
Ramayana é literalmente o caminho de Rama. Um longo caminho em círculo. De volta para casa,
de volta para si mesmo, de volta para as primeiras palavras.
Um caminho toma a forma de uma canção, pois caminhos e canções são
feitos de voltas. Lendo O Ramayana voltamo-nos para os seus primeiros
ouvintes no primeiro dia do festival de Rama. E com eles também nos perguntamos: onde estamos, em que sonho? E, então, voltamos a um passado ainda
mais remoto. E uma canção toma forma de caminho. Uma canção toma forma no nosso
próprio caminho, cada vez mais longo, somente para voltarmos, para sabermos
quem somos. Só no fim compreendemos o princípio.
“Ouvindo ou lendo O Ramayana obtereis de Rama o que
desejardes, mas
precatai-vos! Não peçais muito
pouco! Boa sorte
para todos” – canta a canção que canta sobre si mesma. Cantam as palavras que se voltam sobre si
mesmas. Canta a poesia.
Ramayana é o caminho encantado que a poesia abre para
chegar a este mundo.
Encontremos nossos caminhos, transformemos nossos caminhos em canções, cantemos
sobre nossos caminhos, cantemos e caminhemos sobre nós mesmos, desejemos a poesia. E a poesia sempre voltará
para nós mesmos e nós voltaremos para a poesia. E voltaremos também para casa.