Flores de vidro, flores de caco, flores de concha, flores de ralo,
flores de lâmpada, pedra, louça... flores e mais flores brotam de nossos estudos poéticos na Casa da Flôr. Nesta primavera, vamos transformar em
tesselas a viagem que fizemos ao mosaico do salineiro Joaquim Gabriel dos
Santos em São Pedro da Aldeia. Floresçamos!
Hieróglifo
Hieróglifo “as águas”
Hieróglifo quer
dizer, literalmente, entalhes sagrados. Considerados sinais da
língua divina, opunham-se à escrita demótica (a escrita dos livros).
Era uma escrita gravada em pedra,
composta por ideogramas, caracteres fonéticos e determinativos. Estes tinham a
função de auxiliar na interpretação e no esclarecimento da escrita. Indicavam,
por exemplo, número (plural) e classe gramatical. Nos hieróglifos, as
figuras humanas e de animais olhavam sempre para o início da linha. Tudo
isso está na aventura das línguas de Störig.
O termo é empregado na fala usual
referindo-se a tudo que é difícil decifrar. De maneira figurativa quer dizer
letra ilegível.
Não compreendemos
Depois da inauguração dos estádios para a copa, durante a campanha eleitoral, no mundo das celebridades e dos famosos... O blogue é fruto dos
livros em forma de rolo e também será levado pela onda do tempo:
Escrevemos livros;
tentamos arranjar um lugar na história como líderes políticos; fazemos muitas coisas
e, às vezes, coisas não desejáveis, na cruel ilusão e na vã esperança de
tornarmo-nos imortais. Não compreendemos que em tais casos é tão-só um nome ou
uma forma que pode perdurar no máximo alguns séculos, não nós. A onda do tempo
avança implacavelmente, destruindo não somente nomes de pessoas atualmente
famosas, mas tudo em seu caminho, mesmo civilizações e Globos, Sistemas Solares
e Universos. Quanta ilusão!
I. K. Taimni, em Autocultura à Luz
do Ocultismo
Livro das Mil e Uma Noites – Volume IV (ramo egípcio, 2012)
Por fim, Sahrazad disse que
aquele que vive largamente no mundo sem saber como nele viver, fazendo-o
mediante fadigas, é o mais miserável dentre os homens. Ele se ilude com o seu
reino. E para aqueles que se iludem com a morte, disse que o vivo não tem
matador. Que
cada vivente, então, fosse cuidar da própria vida.
Completadas mil noites, Sarazad
interrompeu as histórias, que despertaram a inteligência do rei
Sahryiar. Com o coração serenado, ele pensou que se com outros reis havia
ocorrido pior do que com ele mesmo, ele ia parar de se autocensurar.
Finalmente amanheceu.
O próprio rei Sahryiar contou o que
acontecera entre ele e a rainha Sahrazad a todos. Depois contou
que voltara atrás quanto à morte das jovens.
Sahrazad e Saryiar se casaram.
Espalhou-se a notícia pela cidade e o povo ficou contente. As comemorações
duraram 7 dias.
O rei Sahryiar se reuniu a sós
com seu irmão Sahzaman, e lhe contou o que havia acontecido. Extasiado, o rei
Sahzaman quis se casar com Dunyazad. O rei Sahryiar dividiu o
reino com seu irmão e os dois passaram a governá-lo, cada dia um.
O amor entre os reis e suas
esposas irmãs se tornou perfeito.
Sahriyar mandou chamar historiadores
e copistas, e estes escreveram tudo que sucedera do início
ao fim, que são as mil e uma noites. O rei Sahryiar
depositou os 30 volumes na biblioteca do seu reino, no local onde estudava.
Os reis viveram com suas esposas
na vida mais opulente até que todos morreram.
Louvores a Deus. Conclui-se
a história.
As mil e uma noites não morreram... continuam crescendo, ou
recriando-se. E o infinito tempo do livro continua o seu caminho. (Jorge Luis Borges)
Livro das 1001 Noites ou O Livro do Véu de Ísis
O Livro das Mil e Uma Noites é chamado de O Livro do Véu de Ísis por Roso de Luna, autor de O Livro que Mata a Morte.
Roso de Luna dedicou algumas
linhas de seu livro à poesia. Ele nos apresenta a poesia como uma irmã gêmea da
matemática. Ambas idealizam, embelezam e elevam analogicamente as realidades
concretas que integram nossa vida. A poesia segue a lei do símbolo e da
analogia. O simbolismo sendo para ele a ciência das ciências, pois todo símbolo
é uma ideia corpórea em que jaz o visível terreno com o invisível divino.
O véu de Ísis simbolizaria a morte
separando-nos das delícias da imortalidade. Roso de Luna lembra
que o número 10 (presente em ordem direta e invertida no número 1001) é o
hieróglifo de Ísis.
Sahrazad vai geometrizando a vida
e a morte com sua narrativa. Linkando uma história a outra através de seus
personagens dizentes, ela tece uma espiral de palavras, formando curvas em
graus maiores ou menores, dependendo do entendimento do seu ouvinte. Como
escreveu o próprio tradutor da versão que lemos:
A experiência é pensada como algo que se comunica e
cuja possibilidade de transmissão é dada pela repetição: são estruturas
semelhantes que se reproduzem incessantemente, sem que no entanto possam ser
reduzidas, em seu funcionamento no interior de determinado quadro narrativo
mais amplo, a um processo previsível e automático, visto que a própria dinâmica
interna da narrativa determina o resultado das sucessivas histórias exemplares
que se vão sucedendo.
Acrescentamos com Roso de Luna
que essas estruturas formam espirais e arabescos, ciclos que nunca se fecham.
Na hora que precede a alvorada,
Sahrazad para de falar. O homem começa a afastar-se do mundo do sonho,
penetrando em outros ainda mais doces. Antes do amanhecer é a hora da iniciação. Quando já não mais precisamos entregar nossos olhos, ouvidos e
coração às palavras da narradora, pois nos damos conta de que nós mesmos criamos
e recriamos a história.
“Ó rei do tempo, esse círculo maior é o
seu reino, e o círculo menor é o meu reino”; deu alguns passos, entrou no
círculo menor e disse: “Se o seu reino, rei do tempo, não me cabe, morarei no
meu reino”, e mal entrou no círculo menor desapareceu das vistas dos presentes”
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