Os versos portugueses vêm da linha do horizonte. Vêm da linha do horizonte ondulando em estrofes. Em estrofes ondulantes delineiam praias.
Traduzem os poetas o que entreviram nas entrelinhas que separam espuma e areia, céu e mar, caravela e corpo, superfície e profundidade, partida e chegada, realidade e nada. Nas entrelinhas que separam veículos. Traduzem os poetas o que entreviram em epopeias.
Divisores de águas, escrevem fixando-as. Águas de um mar exterior e oceânico e águas de um mar interior e psíquico. Águas de mares navegáveis. Escrevem fixando palavras.
E hoje, nos blogues, depois de muitas linhas e águas passadas, já não navegamos: vagamos em um mar virtual. Não em um mar: vagamos na própria rede.
É preciso ler antes que a onda de recuo apague tudo.