Livro das Mil e Uma Noites – Volume IV (ramo egípcio, 2012)




Por fim, Sahrazad disse que aquele que vive largamente no mundo sem saber como nele viver, fazendo-o mediante fadigas, é o mais miserável dentre os homens. Ele se ilude com o seu reino. E para aqueles que se iludem com a morte, disse que o vivo não tem matador. Que cada vivente, então, fosse cuidar da própria vida.

Completadas mil noites, Sarazad interrompeu as histórias, que despertaram a inteligência do rei Sahryiar. Com o coração serenado, ele pensou que se com outros reis havia ocorrido pior do que com ele mesmo, ele ia parar de se autocensurar.

Finalmente amanheceu.

O próprio rei Sahryiar contou o que acontecera entre ele e a rainha Sahrazad a todos. Depois contou que voltara atrás quanto à morte das jovens.

Sahrazad e Saryiar se casaram. Espalhou-se a notícia pela cidade e o povo ficou contente. As comemorações duraram 7 dias.

O rei Sahryiar se reuniu a sós com seu irmão Sahzaman, e lhe contou o que havia acontecido. Extasiado, o rei Sahzaman quis se casar com Dunyazad. O rei Sahryiar dividiu o reino com seu irmão e os dois passaram a governá-lo, cada dia um.

O amor entre os reis e suas esposas irmãs se tornou perfeito.

Sahriyar mandou chamar historiadores e copistas, e estes escreveram tudo que sucedera do início ao fim, que são as mil e uma noites. O rei Sahryiar depositou os 30 volumes na biblioteca do seu reino, no local onde estudava.

Os reis viveram com suas esposas na vida mais opulente até que todos morreram.

Louvores a Deus. Conclui-se a história.


As mil e uma noites não morreram... continuam crescendo, ou recriando-se. E o infinito tempo do livro continua o seu caminho. (Jorge Luis Borges)