Por fim, Sahrazad disse que
aquele que vive largamente no mundo sem saber como nele viver, fazendo-o
mediante fadigas, é o mais miserável dentre os homens. Ele se ilude com o seu
reino. E para aqueles que se iludem com a morte, disse que o vivo não tem
matador. Que
cada vivente, então, fosse cuidar da própria vida.
Completadas mil noites, Sarazad
interrompeu as histórias, que despertaram a inteligência do rei
Sahryiar. Com o coração serenado, ele pensou que se com outros reis havia
ocorrido pior do que com ele mesmo, ele ia parar de se autocensurar.
Finalmente amanheceu.
O próprio rei Sahryiar contou o que
acontecera entre ele e a rainha Sahrazad a todos. Depois contou
que voltara atrás quanto à morte das jovens.
Sahrazad e Saryiar se casaram.
Espalhou-se a notícia pela cidade e o povo ficou contente. As comemorações
duraram 7 dias.
O rei Sahryiar se reuniu a sós
com seu irmão Sahzaman, e lhe contou o que havia acontecido. Extasiado, o rei
Sahzaman quis se casar com Dunyazad. O rei Sahryiar dividiu o
reino com seu irmão e os dois passaram a governá-lo, cada dia um.
O amor entre os reis e suas
esposas irmãs se tornou perfeito.
Sahriyar mandou chamar historiadores
e copistas, e estes escreveram tudo que sucedera do início
ao fim, que são as mil e uma noites. O rei Sahryiar
depositou os 30 volumes na biblioteca do seu reino, no local onde estudava.
Os reis viveram com suas esposas
na vida mais opulente até que todos morreram.
Louvores a Deus. Conclui-se
a história.
As mil e uma noites não morreram... continuam crescendo, ou
recriando-se. E o infinito tempo do livro continua o seu caminho. (Jorge Luis Borges)