Labirintos científicos recitados


Para estudar a estrutura do ouvido interno (ou labirinto), consultamos o projeto Acções integradas sobre o sentido da audição, concebido e realizado por Humberto FonsecaVasco SantosAníbal Ferreira em 2002. Abaixo apresentamos uma adaptação sintetizada dos textos lidos e algumas de suas ilustrações.

O ouvido humano pode ser separado em três partes – o ouvido externo [E], o ouvido médio [M] e o ouvido interno [I]:

Stephan Blatrix, Rémy Pujol

1. O ouvido externo

Fazem parte do ouvido externo o pavilhão auricular e o canal auditivo, cujas funções são recolher e encaminhar as ondas sonoras até o tímpano. No canal auditivo ocorre ainda a produção de cera, que serve para reter partículas de pó, impurezas e microorganismos.

2. O ouvido médio

O ouvido médio é uma cavidade com ar, por detrás da membrana do tímpano, através da qual a energia das ondas sonoras é transmitida do ouvido externo até a janela oval na cóclea, esta já no ouvido interno. A transmissão de energia se dá através de três pequenos ossos – o martelo, a bigorna e o estribo, que vibram, solidários com o tímpano. Esses três ossos (seis, contando os dois ouvidos) são os menores ossos do corpo humano.

3. O ouvido interno ou labirinto

É no labirinto que se encontra a parte mais importante do ouvido periférico. A cóclea, em forma de caracol (ou espiral), é responsável em grande parte pela nossa capacidade de diferenciar e interpretar sons. Desenvolve-se nela uma função complexa de conversão de sinais, em resultado da qual os sons nela recebidos (do tipo mecânico) são transformados em impulsos elétricos que caminham até o cérebro pelo nervo auditivo, onde são depois decodificados e interpretados. A cóclea parece uma concha do mar, sendo constituída por um tubo ósseo enrolado sobre si próprio, com as dimensões aproximadas de uma ervilha (ou de uma pequena pérola?).

Stephan Blatrix, Rémy Pujol
1. Canais semicirculares; 2. Nervo auditivo; 3. Membrana basilar; 4. Cóclea

Para além da cóclea, no ouvido interno encontra-se também o labirinto vestibular, constituído pelo sáculo e pelo utrículo, que são os órgãos do sentido do equilíbrio e que informam o nosso cérebro sobre a posição do corpo no espaço. Os canais semicirculares laterais também fazem parte do labirinto vestibular e  informam o cérebro sobre o movimento rotatório no espaço. A informação proveniente do labirinto vestibular e da cóclea é transmitida ao cérebro pelo nervo auditivo.

  Stephan Blatrix, Rémy Pujol
1. Canal Semicircular Anterior;  2. Canal Superior; 3. Canal Lateral; 4. Sáculo; 5. Ducto Coclear; 6. Helicotrema ou Apex; 7. Canal Lateral; 8. Canal Posterior; 9. Canal Posterior; 10. Janela Oval; 11. Janela Redonda; 12. Ducto Vestibular (Scala Vestibuli); 13. Ducto Timpanico (Scala Tympani); 14. Utrículo

O tubo ósseo enrolado que constitui a cóclea está dividido em três seções, todas preenchidas por um fluido semelhante à água. A primeira chama-se scala vestibuli (rampa vestibular) e está ligada à janela oval, enquanto que a última, a scala tympani (rampa timpânica), se encontra ligada à janela redonda. Essas duas seções unem-se no fim da cóclea, no helicotrema, e estão separadas por uma terceira secção, o ducto coclear. Duas membranas separam as três seções referidas. A membrana de Reissner  separa a scala vestibuli do ducto coclear e a membrana basilar, o ducto coclear da scala tympani. Esta suporta o orgão de Corti, onde se localizam as células ciliadas que, quando agitadas pelas vibrações sonoras, produzem impulsos elétricos que o cérebro decodificará. Na ilustração seguinte, vemos um corte transversal da espiral coclear e suas três seções.

 Stephan Blatrix, Rémy Pujol
1. Ducto Coclear; 2. Scala Vestibuli; 3. Scala Tympani; 4. Espiral Ganglionar; 5. Nervo Auditivo

órgão de Corti aloja as células ciliadas, assentando sobre a membrana basilar e seguindo a estrutura em espiral da mesma. Um som normal pode ser obtido como a soma de sons elementares com frequências diversas. Devido às características muito particulares da cóclea, cada uma dessas frequências excita uma determinada zona da membrana basilar, estimulando assim apenas as células ciliadas que aí se encontram. Essa particularidade constitui a razão da nossa capacidade de diferenciar sons de tonalidades (ou frequências) diferentes.

Consultamos também a página de Drauzio Varella a fim de obter informações sobre a chamada labirintite. Tonturas, vertigens, perda de audição, desequilíbrio e zumbidos são alguns dos sintomas característicos da labirintite, afecção que compromete o labirinto.