A lógica da linguagem

“Para entendermos a lógica da linguagem, devemos deixar de lado nossos próprios métodos de estudar a linguagem sob o modo reflexivo. A lógica da linguagem constrói-se por um tipo de conhecimento que a mente científica moderna não considera sequer uma possibilidade remota. Os antigos sabiam que as palavras são menos incompreendidas, traídas e esquecidas quando não são plenamente compreendidas desde o início. Eles davam a cada palavra tempo bastante para que fosse ouvida e entendida. Presumiam que o falante e o ouvinte da alta linguagem compreenderiam de maneira lenta e gradual o que tinha sido dito. Os votos de matrimônio — precisava-se de uma vida inteira para saber o que significavam. A linguagem precisa de tempo para repletar-se de significado. Ninguém esperava que um hino, um juramento ou um feitiço fosse mais que promessa de compreensão mútua. Os nomes não são generalizações, como pensam nossos filósofos. [...] Os nomes eram para o adolescente iniciado promessas de vagarosa ascensão ao entendimento. Eram rodeados de mistério, e não porque não fossem verdadeiros, mas porque deviam tornar-se verdadeiros.”

            Em A origem da linguagem, de Eugen Rosenstock-Huessy.