Característica básica do ser humano

O ser humano pensa e imagina.

¿ !

Ele pensa, pesa, pondera, e como toda balança, compensa... Mas existe pesagem sem comparação de dois pesos – um descoberto e um por descobrir?
Ele compara e mede as coisas. E ao comparar, o que faz? Estabelece uma relação entre as partes, um peso, que não é uma parte nem outra, mas uma medida entre ambas.
Assim, a inteligência compara e reúne. E produz parábolas. Compara e reúne, e reproduz palavras (registro de sons e traços). O fiel da balança aqui é a língua. Daí chamar-se linguagem.
Conhecimento vem da linguagem; e linguagem, do pensamento. Conhecimento é linguagem coagulada, uma relação que reúne e define.

¿ !

Ele também imagina, produz imagem, representação. Imita, copia, reproduz o fiel da balança ou simula o efeito compensatório da medição.
Ele intui. E ainda compara e reúne, mas também ordena a reunião. Ordena a leitura com limites, e produz figura. Desenha o valor que o peso tem, os contornos dessa relação.
Assim, a inteligência capta e reúne. E produz metáforas. Capta e reúne, e reproduz parábolas (registro de imagens). O fiel da balança aqui é a língua nascente. Daí às vezes não ter linguagem.
Poesia vem do pensamento, realizado em imagem. Poesia é linguagem expandida, uma relação que reúne para relacionar.

¿ !

Essa é a característica básica do ser humano; fruto de sua palavra, de seu radical, de sua raiz.


Linguagem e imperfeição

Estar no mesmo grau de evolução significa perceber e ser percebido. É descobrir nossos pares entre os seres e as coisas.

Estamos com um problema do mesmo tamanho, por isso nós nos percebemos uns aos outros – para laborar em conjunto.

A Poesia e a Arte ressaltam sempre que temos a mesma linguagem. O poeta atua na linguagem, no que nos aproxima, nos vincula e nos estabelece como semelhantes.

Enquanto o homem for imperfeito, haverá Poesia.


BAILE DE ENCERRAMENTO

Aceitamos o convite de uma menina que quer ser bailarina. Fomos assistir a sua apresentação de fim de ano – Baile de Encerramento. Pela primeira vez ela vestiria um traje de balé e subiria em um palco para dançar.

Apesar de não sabermos o número que ela iria apresentar e apesar de ela estar usando a mesma roupa que as outras meninas, logo a reconhecemos. Ela era a que dançava com a Alegria no meio das que dançavam com a Seriedade, das que dançavam com a Certeza, das que dançavam com a Dificuldade, das que dançavam com a Leveza, das que dançavam com a Obrigação...

Depois da apresentação, ela fez seus comentários – o que errou, quem estava na plateia, o incômodo da roupa que pinica. O tempo vai passar e algumas continuarão a tecer os mesmos comentários. Outras vão crescer e comentar que a coreografia é de David Lichine e a música é de J. Strauss e que o Baile de Encerramento foi encenado pela primeira vez em 1940. Outras ainda comentarão sobre o que quiseram expressar e o que podem mudar. Nós que assistimos sabemos que a maioria não será bailarina, ainda que continue a dançar.

Nós continuamos a fazer os nossos próprios comentários. Pensamos que cada bailarina é uma peregrina. De turma em turma, de escola em escola, de palco em palco, à procura da graça e da perfeição. Comentamos que as mais novinhas, as do pré-ballet, são a própria graça, mesmo que estejam ainda aprendendo a se localizar no espaço e a acompanhar o ritmo com o próprio corpo. Mas elas precisam se afastar dessa graça a fim de aprender as posições e os passos do balé. As que forem até o fim da peregrinação terão que percorrer o caminho de volta. Então, elas se reaproximarão da graça pelo estudo, pela aprendizagem, pelo domínio da técnica. Mas nós que assistimos sabemos que a perfeição está além da técnica.

É muito bonito ver apresentações de fim de ano de futuros bailarinos. A cada turma que se apresenta, vemos que um novo passo foi aprendido pelo bailarino e que mais um passo foi dado pelo peregrino. E nós que vemos sabemos que o baile nunca vai ser encerrado, pois sempre haverá uma nova turma para continuar a peregrinação. A cada ano, uma nova turma será recriada, um novo baile será realizado.

(em Baile de Encerramento, espetáculo do Conservatório Brasileiro de Dança, apresentação das 19h30min de 19 de novembro de 2011)


Dicionário de símbolos

[Consulte os símbolos estudados no blogue]

Gostaria de recitar uma nota e um poema do livro Mensagem de Fernando Pessoa enquanto aguardo ansiosamente a chegada da encomenda feita ao livreiro – um dicionário de símbolos.

Mensagem – Nota preliminar

O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles.

A primeira é a simpatia; [...]

A segunda é a intuição.[...]

A terceira é a inteligência.[...]

A quarta é a compreensão, [...]

A quinta é menos definível. Direi talvez, falando a uns que é a graça, falando a outros que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros que é o Conhecimento e Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo.


Terceira Parte de Mensagem/ O Encoberto

Quinto/ O Encoberto
21-2-1933/ 11-2-1934

Que symbolo fecundo
Vem na aurora anciosa?
Na Cruz Morta do mundo
A Vida, que é a Rosa.

Que symbolo divino
Traz o dia já visto?
Na Cruz, que é o Destino,
A Rosa, que é o Christo.

Que symbolo final
Mostra o sol já disperto?
Na Cruz morta e fatal
A Rosa do Encoberto.


Três questões poéticas sobre a violência

1. das balas

Faz poesia
objeto visual
o policial
na delegacia

quando
entre armas
presos e imprensa
crack e maconha
êxtase e cocaína

escreve as letras
e os números
do batalhão
com a munição
apreendida

com as balas
que não foram
atiradas

com as balas
que não foram
perdidas?


2. dos alvos

Quem leva as balas perdidas
aos alvos do pretendido acaso?


3. da contagem dos mortos

Com mãos, lápis e papel, calculadora,

Com adição, multiplicação, potenciação,

Com unidades, dezenas, centenas, milhares, milhões, infinitos,

Com atestado de óbito, auxílio funerário, pedido de pensão,

Com viúvas, órfãos, mães, pais,

Com as mãos, a cabeça, o coração,

Com que instrumentos, que pesos e medidas,

Com que sistemas e escalas, que estatísticas

se faz a violenta contagem dos mortos?


A Essência da Poesia - Estudos & Ensaios

Para Eliot a poesia tem uma função geral e várias funções específicas.

No princípio era o verbo e a poesia tinha funções mágicas e ritualísticas (ainda teria atualmente?). Mas o verbo se fez carne e a poesia passou a ser um veículo de informação, um meio para fornecer instrução moral. Além das funções religiosa e didática, a poesia tem ainda outras funções específicas. A poesia satírica causa hilaridade, a filosófica é analítica...

a função geral da poesia seria a de comunicar alguma experiência nova, algum entendimento diferente do familiar, algum sentimento para o qual ainda não temos palavras de uso corrente. A poesia ampliaria nossa consciência ou apuraria nossa sensibilidade.

O novo... Interessante que hoje temos tanto desejo pelo novo, pela novidade, pela notícia, pelo lançamento e tão pouco desejo pela poesia. Se ninguém lê poesia, para que escrevê-la? É a poesia atual que não consegue captar o novo ou o novo atual que, na verdade, envelheceu precocemente? Perdeu-se a afinidade entre o novo e a poesia? É este o elo perdido? O elo perdido é a palavra perdida?

Alguns livros e alguns posts depois, penso estar me afastando da minha pergunta mas para que serve a poesia?. Deixo-a não em companhia de uma resposta, mas em companhia de outra pergunta, feita pelo próprio Eliot: “por que não podemos parar de escrever poesia?”. Segundo o poeta e crítico, porque as pessoas vivenciam o mundo de formas diferentes em diferentes épocas e lugares.

Podemos nos perguntar para que serve a poesia. Não sei se encontraremos uma resposta definitiva. O que não podemos fazer é parar de escrevê-la enquanto nos perguntamos ou parar de nos perguntar enquanto a escrevemos, pois isso seria perder uma das formas de nos encontrarmos no mundo.


Origem de Tudo


                                 a meu pai

1.
teu instinto é instinto meu
tua vida é vida em mim
tua origem origina-me

buscar no meu corpo
a tua tatuagem
descobrir a escrita primitiva
         e os ecos ancestrais
antes e depois de pura reflexão
         e alguns espelhamentos

eu e tu – tu e eu
simples como pinturas rupestres
e claro como verdadeiras intuições
nossa herança é medida
do que se pode criar
e passado mede futuro porvir

tua origem origina-me
tua vida é vida em mim
teu instinto é instinto meu.


2.
originalidade exatamente imprecisa

voltar à tua lei até ser livre
até que ser livre seja a lei


tudo
que de ti caiu nesta vida
         – os cabelos, lágrimas, cansaço –
vive e revive ainda
ainda e ainda onde estou.


Mosaico

Mosaico – 1) Pavimento de ladrilhos variegados. 2) Embutido de pequenas pedras que pela sua disposição aparentam desenho. 3) Qualquer trabalho intelectual ou manual composto de várias partes distintas ou separadas. 4) Trabalho de encadernação em que recortes de couro são superpostos formando ornatos na pele que cobre um livro. 5) Moléstia das plantas, causadas por vírus, e que produz, nas folhas, áreas pálidas que contrastam com as áreas verdes e normais. 6) Organismo com duas ou mais linhagens genéticas diferentes, cada uma delas originária de um mesmo zigoto. Mosaico fluido – modelo proposto em citologia para a estrutura da membrana plasmática (uma bicamada lipídica fluida, onde se inserem as proteínas). (Adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Mosaico – do italiano mosaico (século XVI), derivado do latim medieval musaicus, de Musa, que indicava as grutas dedicadas às musas que adornavam os jardins romanos. (Adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa)

Musas (do grego moúsai) –  As nove filhas de Mnemosine e de Zeus, ou de Harmonia, ou de Urano (o Céu) e de Gaia (a Terra). Inspiravam os poetas e os literatos, os músicos e os dançarinos, e mais tarde os astrônomos e os filósofos. Também cantavam e dançavam nas festas dos deuses olímpicos, conduzidas por Apolo. Ciosas de suas qualidades, as Musas castigavam as criaturas humanas presunçosas que pretendiam sobrepujá-las. Conta-se que o poeta Tâmires se atreveu a competir com elas, e por isso foi punido com a perda da visão e da voz. As Sereias também as desafiaram, mas foram derrotadas e perderam as asas, caindo no mar. Somente na época romana elas ganharam atribuições específicas: Calíope era a musa da poesia épica, Clio da história, Euterpe da música das flautas, Erato da poesia lírica, Terpsícore da dança, Melpomene da tragédia, Talia da comédia, Polímnia dos hinos sagrados e Urânia da astronomia. (Adaptado do Dicionário de Mitologia Grega e Romana de Mário da Gama Kury)

Mosaico – variado, irregular, anormal, desigual, cheio de altos e baixos, com muitas curvas e desvios [em diversidade]; colcha de retalhos, salada [em variedade]; museu, Arca de Noé, caldeirão, farpas e gravetos, alhos e bugalhos, coisas e lousas, mestiço [em mistura]; camaleônico, heterogêneo [em multiformidade]; arco-íris, pavão, borboleta, zebra, madrepérola, mármore, xadrez, remendo, calidoscópio, rajado, riscado, pontoado [em variegação]; tapeçaria, iluminura, engana-vista, empaste, encáustica, meliana,  granido [em pintura]. (Adaptado do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa)


Os pássaros

NASCE UM PÁSSARO CHAMADO GODOFREDO. E NOVAMENTE, E NOVAMENTE, E NOVAMENTE; EM CADA VEZ QUE SE FALA DELE, QUE JÁ FALECEU.



Mexeu com o Rio, mexeu comigo

Como uma causa tão grave possui uma defesa tão leve...

Quanto vale uma lei? Quanto vale um consenso? E o que está escrito? E a literatura?

Lei é norma (lege). Lei é aquilo que liga (ligare). Lei é aquilo que se lê (legere). Se não ordenar e normatizar as partes, se não ligar umas às outras e se não for legível a todas elas, é ainda válida uma lei?

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:”.

A lei sofre quando não é legível. A lei sofre quando tentam escondê-la para benefício de parte em detrimento do todo. A inibição da lei convida à violência. Violenta-se, pois lei tímida é lei frágil, consenso frágil, escrito frágil, literatura frágil.

A lei sofre quando uma causa tão grave possui uma defesa tão leve?

quando pessoas famosas tentam o convencimento pelo fato de serem somente famosas, não por terem o que dizer, sofre assim a lei?

Onde está quem diga não a palavra sem peso, mas a palavra adequada à gravidade da causa? Falta o quê? Literatura, solenidade?

Com tanta informalidade nos assuntos, com palavras soltas e vazias, os conceitos que regem a vida, que a tornam inteligível, se desfazem.

E sem esses conceitos ninguém mais pode ler o outro como igual, sem eles há desordem.

E sem os conceitos que ordenam e ligam, sem os conceitos que são claros e legíveis para todos, há separação entre as partes.

Abre-se um fosso de linguagem entre as partes que um dia buscaram uma lei coesa, inteligível e única.

Como uma causa tão grave possui uma defesa tão leve...

Caminhada Contra a Injustiça - Em Defesa do Rio em 10 de novembro de 2011, Cinelândia – Rio de Janeiro – RJ – Brasil.

Continua em O poeta Gandhi e o agir poético.

Mexeu com o Rio, mexeu comigo

Leilão de túmulos


Leilão de jardim – Cecília Meireles

Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?

Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?

(Este é o meu leilão.)


Morte e vida severina – João Cabral de Melo Neto

— Essa cova em que estás,  
com palmos medida,  
é a cota menor  
que tiraste em vida.  

— é de bom tamanho,  
nem largo nem fundo,  
é a parte que te cabe  
neste latifúndio.  

— Não é cova grande.  
é cova medida,  
é a terra que querias  
ver dividida.  

— é uma cova grande  
para teu pouco defunto,  
mas estarás mais ancho  
que estavas no mundo.  

— é uma cova grande  
para teu defunto parco,  
porém mais que no mundo  
te sentirás largo.  

— é uma cova grande  
para tua carne pouca,  
mas a terra dada  
não se abre a boca.  


Aos poetas etruscos – Richard Wilbur

Sonhai com fluência, irmãos calados, que na infância
Tomastes com vosso leite materno a língua materna,

Em cuja pura matriz, unindo mundo e mente,
Lutastes para deixar alguma linha de verso

Como fresco rastro em campo de neve,
Não avaliando que tudo podia derreter e sumir.


Um silêncio de túmulos

Diante da morte o homem cala. A natureza não. Isso já é linguagem. Antes mesmo de haver fala sobre qualquer coisa, antes mesmo de haver voz ou articulação de qualquer som compreensível, isso é linguagem. Todos se entendem pelo silêncio. E aqui o homem inicia o seu caminho para se tornar humano.

A visão tem dono. Rosenstock fala:

“Quando falamos de túmulos em vez de mortes, já estamos comprometidos com tal inversão da ordem "natural", decretada pelo homem no instante mesmo em que usou pela primeira vez a linguagem formal. O funeral não é uma adaptação à natureza. É uma revolução completa, para além e longe da natureza, revolução que institui o conhecimento recíproco, uma irmandade de homens, algo totalmente desconhecido no mundo animal”.

Fala: “Dissemos que o túmulo se transforma no útero do tempo, e que a origem da linguagem é o discurso da origem” e “o enterro é um segundo nascimento [...]”.

E por fim, fala: “A linguagem faz transpor o caos da natureza, as contendas entre meros indivíduos, sua falta de continuidade e liberdade. Na natureza, todo e qualquer espécime nasce e morre sozinho. Cada coisa é necessária. O destino prevalece. A linguagem cria paz, ordem, continuidade e liberdade. Expandindo a noção da vida, dá ao homem uma função e uma parte da vida, e ele livra-se de considerar a si mesmo medida da vida”.

É o que vemos num enterro. Os homens se dispõem solenemente em torno do corpo em que um dia a vida morou. Os homens solenemente calam. E choram.

Mas os pássaros, os cavalos, as vacas, as borboletas e as flores não param. Mostram que a vida continua potente. Neles a morte é natural.

Mas no homem não. O ser humano cria a própria natureza. Cria a fala e cria o silêncio. Silêncio que, nesses instantes tumulares, simplesmente diz tudo.


Jardim da saudade

QUANDO MORRE UM SER HUMANO, A NATUREZA NÃO SE CALA.


Túmulos linguísticos e túmulos poéticos

Quantas mortes uma língua pode sofrer? A nossa língua portuguesa veio do latim vulgar, que é hoje uma língua morta. E hoje as inscrições tumulares são uma das fontes de estudo do latim vulgar. Tanto as pessoas que solicitavam a gravação das inscrições quanto os artífices que a faziam desconheciam o latim clássico. Como há mortos em todas as épocas e lugares, as inscrições tumulares gravadas em latim vulgar dão conta da língua falada em diversas regiões e diversos períodos.

Há ainda um outro tipo de morte na linguagem – o arcaísmo, quando as palavras são levadas ao túmulo pelos mortos. Existem palavras que perdem um significado para ganharem outro: saúde (salvação); palavras que são substituídas por outras: femença (atenção ou cuidado); palavras que são arcaicas sob os aspectos gráficos (ley – lei), fonéticos (dino – digno) e flexionais (a mar – o mar). São também consideradas arcaísmos as formas de construir frases que caíram em desuso. Escrever “ninguém não escrevia” é um arcaísmo sintático porque não se usa mais duas negativas (ninguém não) antes do verbo (escrevia). O desaparecimento de costumes, instituições e objetos, o aparecimento de sinônimos e a degradação de sentido são apontados como causas do arcaísmo. Isso é o que nos mostram as gramáticas históricas.

Mas pode a língua sofrer algum outro tipo de morte? Sim, quando seus falantes já não a conhecem tão bem, quando seus falantes não conseguem mais escrever nem ler qualquer poesia nessa língua, quando seus falantes se tornam órfãos da língua materna, quando a língua não é usada para a verdadeira comunicação.


Leilão de túmulos


Do meio de uma pauta jornalística já morta e enterrada, desprende-se algo ainda vivo – o leilão de túmulos.


Continua em Túmulos linguísticos e túmulos poéticosUm silêncio de túmulosLeilão de túmulos