Uma palavra – Rama.
Uma palavra, 24 mil versos, 126 personagens, sete livros, três partes, uma
canção. Uma
canção – O Ramayana.
Lemos em Nossos Estudos Poéticos o poema épico indiano
encomendado por Narada, inspirado por Rama, composto por Valmiki, cantado por
Kusa e Lava, contado por Sauti, ouvido por Saunaka, recontado em prosa por William Buck,
traduzido por Octavio Mendes Cajado.
Interessou-nos na versão de Buck
o fato de que ele deu às palavras de antigas canções a bela forma de um livro.
Não um livro de erudição tecnicamente exata, mas sim um livro de histórias. O
contador de histórias William Buck dá continuidade à própria tradição do Ramayana – ser recontado em diferentes
épocas e lugares.
Interessou-nos também o método de
Buck para
criar o livro. Ele dedicou anos de leitura e releitura às
traduções, estudou sânscrito, planejou, escreveu. Começou com uma tradução
literal, depois extraiu dela a narrativa, e contou a história. Em
suas palavras: “mas preservando, ao mesmo tempo, o espírito e o sabor
original”. Nas nossas: mas preservando a poesia.
O
Ramayana de William Buck tornou-se um livro de poesia.
E pensando no post Conceitos fundamentais da poética, tão lido e relido no blogue, tornamos a pensar na poesia épica:
por que os poemas épicos geralmente tratam de viagens? Ou por que as viagens
tomam a forma de epopeias? Por que o tema das viagens (ao lado do das guerras)
e o gênero épico se combinam tão harmoniosamente?
Em Nossos Estudos Poéticos não vamos recontar O Ramayana. Vamos postar sobre o poema, compondo
este mosaico com as tesselas vindas talvez de alguns dos mil pedaços em que
Indra, o Deus da Chuva e Rei do Céu, transformou Maya, o
Divino Artista da Ilusão, com um único raio. Vamos emaranhar um pouco mais os
anéis de alegria e de dor, todos entrelaçados e abraçados, linkando-os a outros posts. Vamos tentar seguir a lição deixada pelo poeta que compôs O Ramayana – cantar em partes, um pouco a cada dia, procurando ajuntar tudo num todo.