Para Cegalla a
sílaba é um fonema ou grupo de fonemas emitidos num só impulso da voz (impulso
expiratório). A diferença entre sílaba gramatical e sílaba poética, de acordo
com Audemaro Goulart e Oscar Vieira da Silva, está no fato de que a primeira é
constituída por todos os sons distintos que compõem uma palavra e a última,
apenas pelos sons que são ouvidos. Bechara descreve tal diferença de outra maneira: a sílaba gramatical é uma
representação na escrita e a sílaba poética faz parte de uma realidade
auditiva.
O estudo da
sílaba é antigo. Aristóteles entendia
a sílaba como um som sem significação e a letra como um som indivisível. O domínio da métrica estaria fundamentado no
domínio da letra, que passaria pelo conhecimento da duração, aspiração,
acentuação da letra, bem como dos órgãos da boca e da noção de onde o som era
produzido.
Staiger credita às sílabas o efeito
lírico. É um efeito anterior à palavra. O lirismo das sílabas evoca
a emoção, a expressão sensorial, a infância, a alma, a recordação.
Durante sua
evolução histórica, as palavras sofrem muitas transformações fonéticas. Se as leis fonéticas atuassem
livremente, haveria uma grande desfiguração das palavras. Muitas já teriam
desaparecido, principalmente os monossílabos. Haveria na língua
grande número de palavras homônimas, o que resultaria em grande confusão. Segundo Goulart e Silva, é a reação
literária que ordena o que as próprias leis fonéticas insistem em misturar.