Visões da criação de nós mesmos


¿  A criação de nós mesmos é uma obra de arte.
¿  Para criarmos a nós mesmos temos que reconhecer o que somos e o que não somos.
¿  Para criarmos a nós mesmos temos que reconhecer o que não nos pertence.


Caos nas ruas da Grécia - Vídeo




O caos é terra sulcada pelo verso. Donde germinará alguma vida. Uma eterna terra virgem, pura, cuspindo obras à existência.

Onde o poeta busca a sua criação? Ele mistura tudo, embaralha as cartas para assim desentender o que até então entendia? É dessa saturação, dessa massa informe indigerível, por pura incapacidade orgânica, que o poeta simboliza algo? Ele pode simbolizar qualquer coisa nessa atmosfera? E do símbolo entender seu mundo? Ou melhor, criar um mundo em que se possa entender?

A destruição precede a criação. O que está sendo destruído, na verdade? Há na verdade algo sendo destruído? E o que está por ser criado? Quem quer criar?


Quarta-feira de cinzas


                                               V

Se a palavra perdida se perdeu, se a palavra usada se gastou
Se a palavra inaudita e inexpressa
Inexpressa e inaudita permanece, então
Inexpressa a palavra ainda perdura, o inaudito Verbo,
O Verbo sem palavra, o Verbo
Nas entranhas do mundo e ao mundo oferto;
E a luz nas trevas fulgurou
E contra o Verbo o mundo inquieto ainda arremete
Rodopiando em torno do silente Verbo

                             Ó meu povo, que te fiz eu.  

Onde encontrar a palavra, onde a palavra
Ressoará? Não aqui, onde o silêncio foi-lhe escasso
Não sobre o mar ou sobre as ilhas,
Ou sobre o continente, não no deserto ou na úmida planície.
Para aqueles que nas trevas caminham noite e dia
Tempo justo e justo espaço aqui não existem
Nenhum sítio abençoado para os que a face evitam
Nenhum tempo de júbilo para os que caminham
A renegar a voz em meio aos uivos do alarido

Rezará a irmã velada por aqueles
Que nas trevas caminham, que escolhem e depois te desafiam,
Dilacerados entre estação e estação, entre tempo e tempo, entre
Hora e hora, palavra e palavra, poder e poder, por aqueles
Que esperam na escuridão? Rezará a irmã velada
Pelas crianças no portão
Por aqueles que se querem imóveis e orar não podem:
Orai por aqueles que escolhem e desafiam   

                      Ó meu povo, que te fiz eu.   

Rezará a irmã velada, entre os esguios
Teixos, por aqueles que a ofendem
E sem poder arrepender-se ao pânico se rendem
E o mundo afrontam e entre as rochas negam?
No derradeiro deserto entre as últimas rochas azuis
O deserto no jardim o jardim no deserto
Da secura, cuspindo a murcha semente da maçã.   

                     Ó meu povo.   


Fragmento do poema Quarta-feira de cinzas (1930), de T.S. Eliot.


Caos nas ruas da Grécia


Eurípedes Olimpo Hércules Esopo 
Heráclito AquilesTales  pedagogia Sócrates  Apolo Chronos
Hesíodo Odisseu Delfos bce  troika  ue  otan  Arquimedes Anaxágoras
Eros  Hermes Platão   euro  CAOS Ftse athex 20  Tebas  Dionísio Urano
 Hipócrates  Elêusis fmi   €   parlamento   Esparta  Epicuro  Aristófanes
Gaia   Sófocles  Aristóteles  olimpíadas Pitágoras  Ésquilo
Parmenides   Heitor Homero  Titãs



Terça-feira de carnaval


tempo não tinha para morrer
e morrer de pressa
às vésperas do carnaval

e antes da morte
por anos e anos
exausto de sol
                        em campo de cansaço e descanso

[...]

seu corpo fervia
na pele do fogo
            na voz da agonia

[...]

o rosto ardia
assim resistia
de perto
ao temperamento do tempo

ardiam seus membros frios
ardiam os extremos
dos pés aos cabelos

era carnaval
eram duas chamas
dançando no quintal
e mais a vela ardia
            no fogo do inferno
            no fogo celestial

[...]

seu corpo
sacode as saias do fogo
arranca dele o calor
rebenta a íntima luz
dessa luta — dessa dança;
e tomba solitário

                        onde a carne vence a chama.


Fragmentos provisórios do poema em construção Terça-feira de carnaval (2007).


Visões de criação


¿  Tudo deriva por emanação de um princípio.
¿  A criação contém em síntese tudo que emana do princípio único.
¿  Para criar temos que ir ao mais próximo possível das causas das emanações.


Confetes



Carnaval

Carnaval – 1) No mundo cristão medieval, período de festas profanas que se iniciava no Dia de Reis (Epifania) e se estendia até a quarta-feira de cinzas, dia em que começavam os jejuns quaresmais. Consistia em festejos populares e em manifestações sincréticas oriundas de ritos pagãos, como as festas dionisíacas, as saturnais, as lupercais, e se caracterizava pela alegria desabrida, pela eliminação da censura e da repressão, pela liberdade de atitudes eróticas e críticas. 2) Os três dias anteriores à quarta-feira de cinzas, dedicados à folia popular, com disfarces e máscaras; tríduo de momo. 3) Confusão, trapalhada, desordem. 4) De outros carnavais, de velhos carnavais: há muito tempo. (Adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Carnaval1542, carnavall. Do francês carnaval, derivado do italiano carnevale. (Adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa)

Carnis + valeCarnis: carne. Vale: adeus, tem saúde. Não existe consenso quanto à etimologia da palavra carnaval. Por enquanto, ficamos com a hipótese de que a palavra seja um adeus à carne, uma despedida antes da quaresma. (Consulta dos termos no Dicionário Latino-Português)

Carnaval – Descompasso, auê, caos, labirinto, tumulto, orgia, alvoroço, Babel, Babilônia, ebulição, agitação, convulsão, alarido, vozearia, escarcéu, algazarra [em desordem]. Desfiguração, distorção, abuso, catacrese, perversão, malícia, exagero, falso colorido, abuso de termo, adulteração [em interpretação errônea]. Diversão, encanto, arlequinada, loucura, farra, noitada, folguedo, axé, samba, entrudo, dias gordos [em divertimento]. Imoderação, desgoverno, desenfreamento, desregramento, sensualismo, animalidade, prazer, volúpia, luxúria, insobriedade, gula, libertinagem, libidinagem, desconcerto, gandaia, canção báquica, taça circiana, afrodísias, bacanal [em intemperança]. (Adaptado do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa)

Diôniso – Chegando à idade adulta, Diôniso descobriu a videira e a utilidade de seus frutos, mas Hera fê-lo enlouquecer (Diôniso era fruto do amor extraconjugal de Zeus, marido de Hera). Em sua demência, o deus chegou à Frígia, onde Cibele o acolheu, purificou-o e o iniciou em seu culto. Curado de sua demência, Diôniso foi para a Trácia e, depois, para a Índia, que conquistou à frente do exército de seus adoradores, entre os quais estavam as Bacantes, os Silenos e os Sátiros. Em Tebas, introduziu as Bacanais, festas celebradas principalmente pelas mulheres com gritos frenéticos. Por onde Diôniso passava repetiam-se cenas de desvario místico. Em Argos, ele enlouqueceu as filhas do rei e as demais mulheres da região, que em alucinação coletiva chegavam a devorar os próprios filhos de tenra idade. Também chamado Baco, era considerado o deus das videiras, do vinho e do delírio místico.

SaturnoAntiquíssimo deus itálico da agricultura, identificado mais tarde com o Cronos dos gregos. Zeus destronou Saturno e lançou-o do alto do Olimpo para a terra. Ele instalou-se na colina do capitólio, no local onde viria a existir Roma. Saturno teria sido rei de Roma, e seu reinado foi tido como a Idade do Ouro. Celebravam-se durante três dias em dezembro as Saturnalia, festas licenciosas durante as quais desapareciam as diferenças entre as classes sociais (para relembrar a Idade de Ouro), e os escravos mandavam em seus senhores.

Lupercos – Uma confraria de sacerdotes incumbidos do culto de Fauno-Luperco nas Lupercalia, festa celebrada anualmente no mês de fevereiro em Roma. Nessa festa os Lupercos faziam a volta do monte Palatino descalços, flagelando as mulheres que encontravam no caminho com correias feitas de couro de uma cabra recém-imolada. Nas crenças romanas, esse ritual tornava as mulheres fecundas. A gruta do Lupercal, situada nos contrafortes do Palatino, era o santuário de Fauno-Luperco, e nela Rômulo e Remo teriam sido amamentados pela loba. Os romanos consideravam essa gruta o berço de sua cidade.

MomoO sarcasmo ácido personificado, filho de Nix (a Noite). Quando a Terra estava prestes a sucumbir sob o peso de uma população excessiva porque os homens se reproduziam excessivamente, e reinava a paz entre eles, Momo pediu a Zeus que mandasse uma calamidade para diminuir-lhes o número. Zeus provocou a guerra de Tebas. Como isso não bastou, ocorreu-lhe a ideia de fulminar os homens com raios e afogá-los em um dilúvio. Momo sugeriu-lhe, então, que fizesse o casamento de Têtis com um mortal. Dessa união nasceria Aquiles. Além disso, Zeus deveria gerar uma filha com Leda – Helena, que provocaria a Guerra de Troia. Os inúmeros homens que morreram na guerra aliviaram, assim, a Terra saturada de habitantes. (Adaptados do Dicionário de Mitologia Grega e Romana)

Carne – As significações da palavra carne evoluíram no sentido de uma interiorização crescente. No Antigo Testamento, em contraposição ao espírito, é representada em sua fragilidade com seu caráter transitório. No Novo Testamento, é associada ao sangue para designar a natureza humana do Cristo e do homem. A carne é incapaz de abrir-se aos valores espirituais. Inclina-se ao pecado, arrasta para baixo. Guillaume de Saint-Thierry acredita que a carne refloresce quando o espírito se reforma à imagem de Deus. Para Bernardo de Clairvaux a carne viciada por seus maus hábitos obscurece a visão interior. É chamada de lama pegajosa por Hildebert de Lavardin, para quem a carne assume também um valor de intimidade corporal e espiritual, intimidade que implica a totalidade do ser humano. Pode-se ser penetrado até mesmo na carne por um sentimento de amor ou ódio. Em linguagem vulgar, até as tripas. A carne designa, então, o princípio mais profundo da pessoa humana, a sede do coração, entendido no sentido de princípio e de ação. Paul Valéry disse que nenhuma religião jamais exaltou tanto a carne quanto o cristianismo: E o Verbo se fez carne. (Adaptado do Dicionário de Símbolos)


Serpentina




Visões do estudo desinteressado da natureza

¿  A natureza é um texto.
¿  Busca-se a verdade no Livro da Natureza.
¿  A natureza nunca deixa sua obra inacabada.
¿  A natureza se aperfeiçoa física, intelectual e espiritualmente.
¿  Os espíritos elevados interrogam a natureza.
¿  A natureza revela seus conhecimentos a quem está ligado a ela.



Universo cilíndrico

O Universo tem forma cilíndrica, e não esférica.


Visão de interpretação

¿  Interpretar é conduzir o que vemos dentro de nós para o outro.


Recitando Ilca

2ª parte

5) Você poderia escolher um post do blogue com que tenha mais afinidade para comentá-lo?

Sim! Eu me identifiquei muito foi com o intitulado Tiroteio, do fragmento Espontâneos. Não sei se por minha alma ser um tanto quanto 'Jean Genet', achei bem curioso o fato de um bandido foragido ter amor à arte. Ou um foragido da arte ser considerado um bandido, que está foragido. Um dilema que nos faz pensar, a todo instante.

6) Que pergunta você deixaria para o blogue?

Vocês pensam em organizar os pensamentos do blogue em questão para que o mesmo vire um livro?

Não! Não pensamos em fazer um livro. Nós já estamos fazendo um mosaico. Queremos descobrir se existe um modo de organizar os pensamentos que só caiba em blogues. Pelo menos é essa a ideia inicial que tentamos realizar. Aliás, aproveitamos para sugerir a leitura deste post em sua visualização original.

7) E que pergunta você deixaria para o próximo convidado deste espaço?

Essa resposta fica um tanto quanto antecipada, por eu não saber quem será o próximo convidado e, dessa forma, não saber exatamente qual seria a direção da pergunta. A que eu acho mais justa é: "Você, enquanto entrevistado de um blog, tem o costume de ler blogs? É blogueiro também?"




Recitando Ilca

1ª parte

1) Como gostaria de se apresentar ao blogue?

Sou a Ilca Angela, Atriz, e disseminadora da Cultura e da Arte em Geral. Penso, como o já formado conceito, que toda e qualquer expressão de um povo é Cultura; logo, observo e tiro sempre minhas conclusões acerca de uma manifestação, respeitando ao máximo, e avaliando em que aquele exemplo pode servir para mim.

2) Pode nos dizer como trabalha uma atriz?

Uma Atriz trabalha em cima de pesquisas, observações do cotidiano, tendências e conceito do mundo como um todo, e de uma sociedade como um meio. Assim, pode-se concluir uma avaliação para a composição de uma personagem, ou até mesmo para uma ideia independente.

3) Quando há poesia (criação) em seu trabalho de atriz?

Sempre. Se não há criação ou poesia, não há um trabalho. Ao meu ver, não há, pelo menos, um trabalho bem feito. A poesia de um olhar é que dá formas a um trabalho de interpretação, identificação e realização.

4) Que tipo de questionamento você se faz no seu trabalho? E o que tem respondido a si mesma?

Eu sou muito crítica em relação ao meu desempenho, no momento de execução mesmo, no ato de interpretar. Então, acho que esse é o questionamento principal: "Será que fiz bem?" E a minha auto-resposta: "Não; precisa melhorar!" E em todos os trabalhos, a pergunta e a resposta nunca mudam

Alguns entendidos do assunto dizem que isso é uma forma de cobrança que alguns atores trazem consigo... Aí, eu já não sei se concordo ou discordo... Como diria um personagem de Ariano Suassuna: 'não sei, só sei que é assim...'