Sutra: o método

Sutra é um método clássico para a exposição de temas importantes. Foi adotado pelos sábios e letrados antigos.

Exposição clara de todos os aspectos essenciais e continuidade do tema fundamental, apesar da aparente descontinuidade das ideias apresentadas, são as características mais importantes desse método.

Este método de exposição prevaleceu numa época em que a imprensa era desconhecida e em que o estudante tinha de memorizar a maioria dos mais importantes tratados. Daí a necessidade de condensar ao máximo a escrita.

Nada do essencial era deixado de fora. Aquilo com que o estudante estava familiarizado era cortado impiedosamente. O mesmo acontecia com o que ele pudesse inferir do contexto.

No método sutra, a essência do conhecimento requerido tem que ser extraída, convenientemente preparada, analisada e assimilada, antes que o assunto possa ser completa e integralmente compreendido


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1) O nosso Mahabharata




O Mahabharata é a grande história da guerra entre os Kurus e os Pandavas, ambos descendentes da dinastia Bharata. A batalha se dá no Kurukshetra, o campo dos kurus. Encontramos nas Línguas do mundo de Berlitz a informação de que a Índia se chama Bharat em hindi. E na Aventura das línguas de Störig encontramos que bhar é uma raiz que quer dizer trazer. Se conjugarmos o verbo bharani no presente do indicativo, teremos bharami, bharasi, bharati, bharamas, bharata (nós trazemos), bharanti. Inspirações linguísticas para tentarmos compreender o significado da maha (grande) narrativa que vamos tesselar.

Conta-se que o poeta Vyasa compôs os cem mil versos da epopeia em sua mente e que Ganesha, o deus dos ladrões e dos escritores, o escreveu. O poeta é filho do menestrel errante Parashara e de Satyavati, encontrada nas entranhas de uma mãe-peixe no rio Yamuna. Vyasa contou o Mahabharata para Vaisampayana, que o contou a Sauti, a Astika e ao próprio Vyasa. Sauti, por sua vez, o contou a Saunaka.

Lemos em Nossos Estudos Poéticos a história dos narradores Vaisampayana e Saunaka contada em prosa por William Buck e traduzida por Carlos Afonso Malferrari. Buck refere-se ao livro que lemos como o seu Mahabharata.

Existem inúmeras versões do Mahabharata, solvidas em interpolações, coaguladas em edições, vertidas em várias línguas. O nosso Mahabharata será condensado em sete posts e dissolvido em diversos links. As postagens procuram seguir a divisão do próprio livro de Buck:

1) O nosso Mahabharata
2) Prefácios e introdução ao Mahabharata
3) O Mahabharata – No princípio
4) O Mahabharata – No entremeio
5) O Mahabharata – No entremeio, as perguntas e as respostas
6) O Mahabharata – No entremeio, a guerra
7) No fim

Quem ouve o Mahabharata e o compreende, mesmo que só uma parte dele, se liberta das prisões que construiu para si mesmo com suas obras boas e más. O Mahabharata tem o poder da vitória! 




As expressões latinas da água

Discurso, tempo, guerra, desterro são as nossas correntezas. O que perdemos, o que não podemos prever, o que podemos ser – escravos, livres – está escrito nas águas.


¿!  Aquam servam bibere: ser escravo (Ovidius);
¿! Aquam liberam: ser livre (Petronius Arbiter);
¿!  Post aquam: depois do batismo (Tertullianus);
¿!  Ah! addspersisti aquam: ah! tu me fizeste voltar a mim (Plautus);
¿!  In aqua scribere aliquid: escrever na água alguma coisa (Catullus));
¿!  Aqua et igni interdicere alicui: vedar a alguém a água e o fogo/ desterrá-lo (Cicero);
¿!  Aquam terram que petere: declarar guerra (Titus Livius);
¿!  Aquam dare aliqui: marcar o tempo a alguém (Plinius);
¿!  Aqua perdere: perder tempo (Quintilianus);
¿! Aquam a pumice postulace: pedir água à pedra-pome/ pedir a quem não pode dar (Plautus);
¿!  Hoeret aqua: para a água/ gaguejar ou perder-se do discurso o orador (Cicero).


Tudo passa.


Sutra: o fio

A palavra sutram, em sânscrito, significa um fio. Este significado primário deu origem ao secundário. Sutram também significa um aforismo. Em Nossos Estudos Poéticos significa também um link.

Um fio une uma quantidade de contas num rosário. A subjacente continuidade de uma ideia une os aspectos essenciais de um tema. 


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As expressões da água (em língua portuguesa)

Todas as coisas são iguais? As que são claras como água são como as que mudam da água para o vinho? E essas são como as que dão água na boca? As coisas que acontecem até debaixo d’água são as mesmas que vão por água abaixo?

¿!  Água deu, água o levou: dizemos sobre algo que ganhamos e perdemos facilmente;
¿!  Fazer água: começamos uma tarefa e nos perdemos em sua execução;
¿!  Sem dizer, água vai: de repente;
¿!  Passar muita água debaixo da ponte: transcorrer muito tempo;
¿!  Sujar a água que bebe: ser ingrato.

Que palavra, que símbolo? Que substância é essa? Ou seria que elemento? O que é a água para dar vida a tantas expressões linguísticas?