Como pode uma frase ganhar tanta força, tanto peso, tanta gravidade? É como se ela condensasse e sugasse lentamente tudo que aconteceu ali até então – todo o texto, a ação, a energia que transitou entre as palavras, as vozes dos personagens, a música, a nossa atenção, a emoção, o movimento, o espaço, a luz. Em um gesto, seria separar os nossos braços o máximo que pudéssemos e, depois, juntá-los em um movimento até que abraçássemos a nós mesmos. Como um pralaya, o fim de um pequeno mundo, que vai se tornando cada vez mais distante de nós, sem que se perca, no entanto. Parece que ainda ouço a frase se repetindo: “Nós descansaremos”, dita por Sonia (ou Sofia naquele momento?), em Tio Vânia no Sesc Ginástico, encenação de 26 de agosto.