Versos de descanso: transfiguração
E quando lemos o livro, e nos espelhamos, e nos reconhecemos, parece a conversa da transfiguração no alto da mais alta montanha. Para os outros, parecemos estar sozinhos.
Terceiro turno – o tempo verbal e o prefixo
O tempo da política brasileira parece ser mesmo o futuro – do presente, do pretérito e do
subjuntivo. Foi o que pudemos perceber na leitura dos panfletos dos candidatos
a deputado, governador e presidente deste ano.
O futuro nas suas mãos, mudança, avanços e progresso são algumas das expressões eleitas pelos redatores de panfletos,
folders, revistas, cartazes, santinhos... As antigas promessas ganharam a forma de projetos. E os eleitores
perguntaram: cadê as propostas?
Versos d’água: as ondas
Eram versos certos escritos por linhas ondas, versos de espuma, pedras
e conchas, versos brancos e livres, vindos da linha do horizonte, escritos com
água, pelo vento, na areia.
Entrando na Casa da Flôr
Senhores, eu fiz
apenas um ramalhete de flores escolhidas: nele nada
existe de meu, a não ser o laço que as prende –
disse Montaigne. Rompei o cordão ou desatai o laço, como vos parecer
melhor – HPB acrescentou.
Não rompemos, nem desatamos: damos
ainda mais laços de links ao ramalhete de azulejo
e louça encontrado no interior da Casa da Flôr.
Deus esteja na Casa da Flôr
Depois de lida a placa oficial, que apresenta a Casa da Flôr como uma
obra de arquitetura espontânea popular, lemos a mensagem gravada por Seu
Gabriel em 10 de abril de 1899: Deus esteja nesta casa.
Diante do desejo do artista e em meio à união de tantos fragmentos,
sentimos a presença divina, ou percebemos a unidade na diversidade, quando
vemos uma casa se tornar uma não casa, se tornar uma flor, se tornar uma história,
se tornar um templo...
Sim, uma casa se transforma em um templo quando é um espaço para a arte, quando
é matéria para criação.
O amor que há nos mosaicos
Atraindo belas palavras para formar nosso mosaico de estudos poéticos:
O amor é a atração entre
um fragmento da Divindade e outros fragmentos, ou para o Todo, do qual esses
fragmentos são derivados. É uma atração que é sentida quando esses fragmentos
são cobertos por camadas separadas de mente e matéria. É assim o inverso da força que mantém esses fragmentos separados na manifestação.
¿!
O puro amor atrai um
fragmento da consciência separada para o Conjunto do qual se separou, de modo
que possam unir-se outra vez.
I.K. Taimni, em Autocultura à
luz do ocultismo
A perda da visão poética 10
Como a perda da visão poética fragmenta a verdade ou como a perda da
visão poética visualiza posts sem ler links:
Não apenas nada é visto
como um todo pelo intelecto, mas também nada é visto em sua correta
perspectiva, em sua relação com outras coisas e outras verdades existentes ao
mesmo tempo. Isto faz com que se superestime a importância das verdades parciais, utilize indevidamente o conhecimento relativo às forças naturais,
adote meios errados para atingir fins corretos, e tantos outros males dos quais
a civilização moderna, baseada no intelecto, fornece muitos e notáveis
exemplos. Esta falta de perspectiva e percepção do todo é característica de
todo conhecimento e ação baseados no intelecto divorciado da sabedoria.
I. K. Taimni – A ciência do yoga
Versos de cansaço: cheios
Graves, cansados do próprio peso, olhos cheios de tudo que lemos,
versos escorrendo dos olhos, queremos sempre mudar
Versos de cansaço: retornável
Embalagens retornáveis: florestas reflorestadas, filmes refilmados, músicas
remixadas, fatos reciclados, reedições ilimitadas.
Algumas palavras antes de entrar na Casa da Flôr
“Esta casa não é
uma casa... isto é uma história. É uma história porque foi feita de pensamento
e sonho... uma casa feita de caco transformada em flor”. Essas são as palavras
de Gabriel Joaquim dos Santos sobre a sua não casa, sobre a sua história, que não se resume apenas a
fatos. A história deste artista tem pensamentos e sonhos, ligados talvez às
leis verdadeiras e aos altos princípios. Essas palavras estão gravadas em uma placa na entrada da Casa
da Flôr.
Chegamos à entrada da Casa da Flôr pegando um ônibus e pedindo ao
trocador para que ele nos avisasse quando descer. Era um dia cinza e úmido. As
palavras do trocador foram: “Mas não tem nada para ver na casa da flor”.
Depois de descer do ônibus, seguimos andando e, no caminho, tiramos a
foto que ilustra este post. É a foto do muro de uma das casas na vizinhança da
Casa da Flôr. Ela também tem cacos e flor. Mas não tem aquilo que une os dois
elementos – a transformação.
As palavras de Gabriel Joaquim dos Santos estão gravadas em uma placa.
E estão também gravadas
em cada pétala tessela de sua histórica flor. Gravadas para aqueles que puderem ver a não casa.
Estudar poesia
Para aprender poesia, podemos estudar sobre os sentimentos,
que são as sensações percebidas pela mente como agradáveis ou desagradáveis.
Podemos estudar sobre as emoções, estados complexos de consciência constituídos
por desejo e pensamento.
Podemos estudar sobre o
pensamento, o
estabelecimento de relações entre as imagens presentes em nossa mente. Essas
imagens são as nossas percepções mentais. Delas dependem a qualidade do nosso
pensamento. Importam tanto o número quanto a natureza das imagens, adquiridas
por meios como a observação e a leitura. Ao pensar, usamos essas imagens, ou
então usamos símbolos que as substituem.
O químico Taimni nos diz
através de seus livros que o bom pensamento precisa de um artista que arranje essas imagens de tal maneira que
nosso pensamento ganhe uma bela forma. “O simples aumento de nosso conhecimento
pela leitura e observação e a multiplicação de nossas imagens mentais que daí
decorre não é o bastante. Devemos pensar com firmeza e
persistência até que aprendamos a produzir, usando o material que acumulamos, pensamentos de belas formas ou pensamentos que possam ser de utilidade em
nossa vida”. Em Nossos Estudos Poéticos,
nossa vida se confunde com nossa poesia. E seguimos tentando dar a forma de um
belo mosaico a este blogue.
E, para aprender a poesia, podemos estudar sobre o desejo – como
transformá-lo em vontade? Como fazer da aspiração uma inspiração? Como, para
além de uma bela forma, alcançar o sublime?
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