Espontâneo

Espontâneo – 1) Que se origina em sentimento ou tendência natural, em determinação livre, sem constrangimentos. 2) Que se manifesta como que por instinto, sem premeditação ou desvios; sincero. (Adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Espontâneo – De livre vontade, voluntário. Em 1813. Do latim spontaneusde sua sponte. (Adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa)

Spontaneus – Espontâneo, voluntário. De sponte: vontade, desejo, motor próprio. (Adaptado do Dicionário Latino-Português)

Espontâneo – Irracional, intuitivo, instintivo, natural, gratuito, independente de raciocínio, desconexo, disparatado, sonâmbulo, desarrazoado, despropositado, ilógico, inconsequente, arbitrário, opinativo, incoerente, imponderável, discutível, absurdo, torto, falível, de fazer riso, empírico, pueril, improvado, vulnerável, frágil, sutil [em irracionalidade]. Sublime, ornado de imagens, legítimo, límpido, alto, vibrante, perfeito, fluido, nitidamente expresso [em elegância]. Livre, opcional, originário, causal [em vontade]. Contente, satisfeito, favorável, pronto [em boa vontade]. Impulsivo, repentino, inesperado, imprevisto, arrebatado, irrefletido, precipitado, brusco, incondicional, que se operou num repente [em ímpeto]. Despreparado, rudimentar, embrionário, imaturo, inadvertido, cru, verde, bruto, rústico, selvagem, bravio, bárbaro, rude, sujo [em despreparo]. Cândido, sem arte, fácil, não estudado, modesto, puro, ingênuo, naïf, franco, honesto [em candura]. Independente, autônomo, solto, incontido, que não conhece limite ou restrição, que não conhece algemas, largo, inconquistado, desencadeado, irrefreado [em liberdade]. (Adaptado do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa)


Correspondência com Fernando Pessoa

A criação dos gêneros poéticos. Em Nossos estudos poéticos idealizamos o gênero blogue. Sá-Carneiro escrevia para Fernando Pessoa sobre a criação do gênero textual sonho e a elaboração de um livro de sonhos chamado Além. Ao que me pareceu, os sonhos seriam uma espécie de contos em forma de poemas. Um dos sonhos de Além seria o Bailado, uma descrição sonora e pintada do bailado duma dançarina. No entanto, Sá-Carneiro condena o Bailado à morte por ser uma beleza errada, mas não falsa, uma beleza acumulada à toa.

Sá-Carneiro contava a Fernando Pessoa a ideia principal de seus poemas, o que é diferente de explicar o poema. Na correspondência havia também reflexões sobre a diferença que existe entre adivinhar e entender um poema, entre pressenti-lo e compreendê-lo. Sá-Carneiro trata também de sua concepção de arte. Para ele a arte deveria servir ao pensamento fazendo-o vibrar. “A Arte é Pensamento”, afirmava.

Através da Correspondência com Fernando Pessoa acompanhamos o trabalho do poeta. Lemos o que um poeta tem a dizer sobre a ideia tida, as correções, os abandonos e as concretizações. E vemos como é importante para o poeta ter um colaborador, alguém que leia o que está sendo produzido e que colabore com críticas e sugestões.

Para Sá-Carneiro o Bailado não era uma obra a corrigir, a emendar, mas uma obra a fazer. Ele se preocupava com os artistas que não realizavam aquilo que pretendiam. E o remédio para essa preocupação era o mesmo já conhecido de Van Gogh. Não há senão que ter paciência. Ter paciência para realizar uma obra. Este é um grande ensinamento das artes. E que Nossos estudos poéticos não sejam uma beleza acumulada à toa.


Estudo

Estudo – 1) Ato de estudar. 2) Aplicação do espírito para aprender. 3) Conhecimentos adquiridos à custa dessa aplicação. 4) Trabalhos que precedem a execução de um projeto. 5) Trabalho científico ou literário acerca de um assunto. 6) Exame, análise. 7) Atenção ou cuidado especial. 8) Dissimulação, artifício. 9) Apuro num trabalho. 10) Peça musical, de forma qualquer, que visa a um determinado desenvolvimento técnico ou estético do executante. 11) Estudos da linguagem: o conjunto das disciplinas que se reportam às línguas e à linguagem, tais como a gramática, a linguística, a filologia, a retórica, e ainda muito do que a Antiguidade denominou filosofia e lógica, que constituem os primeiros estudos gramaticais. (Adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Estudo – No século XIV, studio e studo. Do latim studium. (Adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa)

Studium – Aplicação, trabalho, cuidado, zelo, empenho; vontade, intento, desejo, modo de ver, parecer, opinião; inclinação, tendência, propensão, paixão, costumes, hábitos; favor, benevolência, benquerença, interesse, amor, afeição; parcialidade; ação de estudar, exercício de espírito; objeto de estudo, ramo de estudo; instrução; trabalho ou obra literária; ocupação, profissão; doutrina, seita, escola; sala, gabinete de estudo; colégio, corporação. (Adaptado do Dicionário Latino-Português)

Estudo – Aquisição de conhecimentos, habilidade, talento, cultura, ciência, erudição, aprendizagem; colher, entranhar-se, beber conhecimentos, repassar, ler, folhear, silabar, debruçar-se, aprofundar-se, preparar-se para, exercitar-se, cultivar com esperança e carinho, querer saber amanhã o que ignora hoje, estudar com muito escrúpulo e competência, perlustrar os caminhos de uma ciência, profundar uma questão. Exercício da inteligência, reflexão, idealização, ponderação, cogitação, consideração, especulação, contemplação [em pensamento]. Absorção do espírito; concentrar-se em, cativar, enlevar; atento, mergulhado, extasiado, vigilante, ativo [em atenção]. Busca, exploração, sonda, peneiração, experiência, problema, discussão; escavador, garimpeiro; legrar, perguntar [em investigação]. Intuição [em conhecimento]. Entrelinha, ilustração, indagação, exposição, explanação; comentar [em dissertação]. (Adaptado do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa)


Poesia

Poesia – 1) Arte de escrever em verso. 2) Composição poética de pequena extensão. 3) Entusiasmo criador, inspiração. 4) Aquilo que desperta o sentimento do belo. 5) O que há de elevado ou comovente nas pessoas ou nas coisas. 6) Encanto, graça, atrativo. 7) Poético: a) relativo a ou próprio da poesia, que encerra poesia, que inspira, inspirador; b) que produz, que cria, que forma. (Adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Poesia – No século XVI, poesia. Do latim poesis. Do grego poiesis. (Adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa)

Poesia – A gaia ciência, a língua harmoniosa do espírito, Musas, Camenas, Calíope, Hélicon, Piérides, Egéria. (Adaptado do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa)

Camenas – Originariamente as ninfas das fontes de Roma, assimiladas às Musas. Calíope – Musa inspiradora da poesia lírica. Aparece como a mãe das Sereias e figura como árbitro na disputa entre Afrodite e Perséfone a respeito de Adônis. Piérides e Hélicon – As Piérides eram nove moças que tiveram a pretensão de rivalizar com as Musas. Confiando na sonoridade de sua voz, elas foram até o monte Hélicon, onde moravam as Musas, e as desafiaram para uma competição de canto em que foram vencidas. Para puni-las as Musas transformaram-nas em pássaros. Egéria – Uma ninfa romana. Conselheira do rei Numa, com o qual se encontrava à noite como sua amiga (ou como sua mulher). Egéria inspirou a Numa preceitos religiosos e lhe ensinou preces e maneiras de enconjurar influências malignas. Quando Numa morreu, a ninfa chorou desesperadamente até se transformar em fonte. (Adaptado do Dicionário de Mitologia Grega e Romana)

Poético – Original, inventivo, criativo, fértil, fabuloso, romântico, fantasioso, mítico, utópico, quimérico, ideológico [em imaginação]; elevado, sublime, nobre, veemente, perfeito, apaixonado, arrebatador, vigoroso, constante, conceituoso [em vigor de expressão]; sensível, emotivo, receptivo, vivo, forte, intenso, patético, penetrante, sincero, fascinado pela visão de, tocado de admiração e amor, raivoso, histérico, impetuoso, inapagável, indestrutível, eterno, que faz vibrar as cordas do coração, que fala à alma [em sentimento]; belo, bem-posto, de pertubadora magia, extraordinário, excelso, faustuoso, estético, cativante, digno de atenção dos amantes do belo, capaz de maravilhar os mais exigentes artistas [em beleza]. (Adaptado do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa)


Cartas a Théo

Terra de siena, bistre, bordô, fulvo, ardósia, betume, cobalto, havana, cromo, vermelho de garança, carmim, verde-esmeralda, cádmio, cerúleo, veronèse, ultramar, malva, azeviche. Essas cores são citadas nas cartas de Théo. Tantas cores há quantos são os sentimentos possíveis. Para Van Gogh sentimento é o nome que damos a uma consciência, consciência esta que guia o verdadeiro pintor. E para o poeta? O que corresponde às cores do pintor no ofício do poeta? Seria a tonalidade e a combinação dos significados das palavras que nos permitiria exprimir os mais diversos sentimentos?

Van Gogh escreve em suas cartas que a poesia sempre lhe pareceu mais terrível que a pintura. E ele considerava Rembrandt um verdadeiro poeta, um criador, pois em seus retratos Rembrandt penetrava tão fundo no mistério que era capaz de dizer o que nenhuma língua podia exprimir. Van Gogh também chamava Rembrant de mágico.

“A arte é o homem acrescentado à natureza”. Em nossos tempos econômicos e estatísticos de sustentabilidade, é interessante ler nas Cartas a Théo a relação harmônica que o homem pode ter com a natureza através da arte. Nós podemos extrair dela beleza e paciência e podemos acrescentar a ela significados, concepções, expressão. E a tal consciência ecológica nada mais seria do que uma consciência artística, poética, aquela que guia o verdadeiro pintor, aquela que é feita de sentimento e não só de informação.

A carga que arrastamos deve ser útil a pessoas que não conhecemos para sermos um elo na corrente dos artistas”. Esse é um dos pensamentos que inspira a realização deste blog. E acredito que nós poderíamos ser melhores se alcançássemos a consciência (no sentido de sentimento) de sermos úteis a quem não conhecemos, de sermos um elo na corrente.


Fragmento

Fragmento – 1) Cada um dos pedaços de uma coisa partida ou quebrada. 2) Parte de um todo; pedaço; fração. 3) Parte que resta de uma obra literária ou antiga, ou de qualquer preciosidade. 4) Em música pode ser: a) excerto musical curto; b) parte de uma obra que pode ser executada independente do resto; c) objeto sonoro da ordem de alguns segundos e no qual se distingue um centro de interesse que não evolve nem se repete. (Adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

FragmentoPedaço, fração, migalha. No século XVI, framento. Do latim fragmentum. (Adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa)

Fragmentum – Lasca, estilha, estilhaço, fragmento, pedaço. De frangere – quebrar, fazer pedaços, fraturar, partir, rasgar, dilacerar, fazer em tiras, abrir, rachar, romper, esmigalhar, pisar, moer, mascar, mastigar, comer, quebrantar, violar, infringir, cortar, interromper, amolecer, abater, adotar, suavizar, enfraquecer, diminuir, acalmar, abater, quebrantar com fadiga, debilitar, enervar, fazer parar, refrear, reprimir, domar, sujeitar, vencer, derrubar, arruinar, destruir, estrondar, fazer ruído. (Adaptado do Dicionário Latino-Português)

Fragmento – Um pouco, um tanto, um quê, parcimônia, partícula, corpúsculo, centelha, semente, vestígio, nonada, sombra de uma outra sombra, tudo-nada, és não és, átimo, raio [em pouquidão]; sobras, resíduo, resquício, relíquia, cinzas [em resto]; verso, verbete, unidade, página, canto [em parte]; célula, mônada, átomo [em componente]; brevidade, microcosmo, retalho, orla [em pequenez]; síntese, análise, apanhado, esboço, trecho, coletânea, miscelânea literária [em compêndio]. (Adaptado do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa)


Coros da Oréstia

Recito trechos dos coros da Oréstia de Ésquilo.

Coro das Fúrias em Eumênides

Cabem aqui palavras oportunas:
a insolência é filha predileta
da falta de respeito às divindades;
ao contrário, a felicidade nasce
da sã razão, e todos os mortais
chamam por ela em suas orações.
Pensando em tudo isso repetimos:
a lei suprema impõe que se venere
o altar santificado da justiça
em vez de com pés ímpios ultrajá-lo
cedendo à sedução de uma vantagem;
o castigo virá e ao desenlace
nenhuma criatura escapará.
Então, elevem-se acima de tudo
o respeito sempre devido aos pais
e a hospitalidade a quem pede.
Quem por si mesmo e sem constrangimento
sabe ser justo, será venturoso
e nunca estará totalmente morto.
Mas o contestador audacioso
curvado ao pé de muitas riquezas
amontoadas de qualquer maneira
e contra os mandamentos da justiça,
será forçado no devido tempo
- isso eu garanto! – a recolher as velas
quando a tormenta de castigos duros
cair com violência sobre a nau
partindo o mastro que lhe foge às mãos;
ele faz preces que ninguém escuta
e luta inutilmente pela vida
sob o açoite de vagas revoltas.
Os céus riem ao ver o insolente
que não pôde prever a hora trágica
e agora desespera ao enfrentar
tamanha desventura sem remédio,
incapaz de vencer os vagalhões.
No choque violento e irresistível
contra os escolhos da justiça atenta
o infeliz vê naufragar, perdido,
 sua prosperidade anterior
e sem uma lamentação sequer
perece para ser logo esquecido.


Coro das Escravas em Coéforas

Nenhum mortal consegue atravessar
a vida inteira livre de amarguras.
Uma tristeza hoje, outra amanhã...


Coro dos Anciãos em Agamêmnon

Ninguém se cansa da prosperidade.
Não lhe resistem nunca as criaturas
nem se adiantam a fechar-lhes as portas
bradando, o dedo em riste: “Não penetres!”
[...]
qual dos mortais, diante destes fatos,
pode gabar-se de ter vindo ao mundo
com um destino isento de tristezas?

O nascimento da tragédia

Segundo a tradição antiga, a tragédia nasceu do coro trágico. Segundo Nietzsche, com a morte da tragédia, perdeu-se a própria poesia.

Na visão de Schiller, o coro é uma muralha viva que a tragédia constrói a sua volta a fim de isolar-se do mundo real e de salvaguardar para si o seu chão ideal e a sua liberdade poética. Na visão de Nietzsche, o coro é o único vedor do mundo visionário da cena. O coro contempla em sua visão seu senhor e mestre Dionísio, sendo eternamente servente: o coro não atua. É literalmente a mais alta expressão da natureza e profere, em seu entusiasmo, sentenças de oráculo e de sabedoria. É o sábio que, do coração do mundo, enuncia a verdade. Na tragédia grega, o coro dionisíaco descarrega-se sempre de novo em um mundo de imagens apolíneo.

Em O Nascimento da Tragédia, Nietzsche afirma que a arte é a atividade propriamente metafísica do homem e propõe que a existência do mundo só se justifica como fenômeno estético. A arte é a tarefa suprema da vida. Só a arte pode transformar os pensamentos sobre o absurdo da existência em representações com as quais é possível viver – o sublime (domesticação artística do horrível) e o cômico (descarga artística da náusea do absurdo). E é no momento da criação artística que o homem se torna capaz de contemplar-se a si mesmo, sendo ao mesmo tempo sujeito e objeto; poeta, ator e espectador.

Seria possível o renascimento da tragédia? Nietzsche sugere a possibilidade de um conhecimento trágico, uma nova forma de conhecimento que não estaria presa à lógica, mas sim unida à arte. A tragédia poderia ressurgir não somente poeticamente, mas também cientificamente, acrescentando sentenças de sabedoria às sentenças da ciência?


Oréstia

A primeira leitura que fiz de Oréstia foi há 13 anos. Tudo que eu consegui fazer foi sublinhar os versos que achei mais bonitos. Ano passado reli a Oréstia e percebi que boa parte do que estava sublinhado fazia parte dos coros.

O herói Orestes age obediente ao destino que lhe é revelado no oráculo de Apolo e cumpre seu dever de vingar a morte do pai Agamêmnon, assassinado por Clitemnestra, mãe de Orestes. O herói, confiante em Apolo, assume seus atos diante de Atena. A traição de Clitemnestra e a morte de Agamêmnon provocam a perda da felicidade. O julgamento de Orestes, a justiça, a lei e o voto de Minerva em favor da absolvição do réu provocam a reconquista da felicidade.

O destino das Fúrias é também transformado na tragédia. A absolvição de Orestes do matricídio interfere na ação das Fúrias, responsáveis por perseguir os autores de crimes contra pessoas unidas por laços de sangue. A persuasão de Minerva transforma as Fúrias em Eumênides, as deusas benévolas. A sabedoria transforma a maldição em bênção. Muda a ação, muda o nome.


O poeta Gandhi e o agir poético

Foi o poeta Tagore quem primeiro chamou Gandhi de Mahatma, apesar de Gandhi ver com ressalvas essa denominação. Sobre a ação do poeta, disse o Mahatma: “O poeta é um ser capaz de despertar o bem que dorme no fundo do coração humano. Os poetas não exercem sobre todos os indivíduos a mesma influência, todos os seres não atingem o mesmo grau de evolução”.
Gandhi não foi um criador das palavras. Ele foi um poeta das ações. Ele tecia em sua roda de fiar e colhia o sal proibido. Metáforas diárias. Seu agir poético criou uma reação de paz a uma ação de violência. Ou uma ação de paz a uma reação violenta. Uma antítese praticada.
Nossas ações de protesto contra a violência, o preconceito e a corrupção, nossas ações de solidariedade contra a miséria e a fome têm sido somente externas e agendadas. Fazem parte de nossa história política e de nosso calendário de finais de semana, feriados e dias santos. Não chegam perto de nossa história literária e de nossa rotina. Isso porque muitas dessas ações não são movidas pelo bem despertado, mas por uma culpa conscientizada.
Seríamos capazes de um agir poético movido pelo bem despertado no fundo do coração humano?

Leia também Mexeu com o Rio, mexeu comigo.


Mahatma Gandhi


Mahatma Gandhi – Cecília Meireles


Nas grandes paredes solenes, olhando,
o Mahatma.

Longe no bosque, adorado entre incensos,
o Mahatma.

Nas escolas, entre os meninos que brincam,
o Mahatma.

Em frente do céu, coberto de flores,
o Mahatma.

Na vaca, na praia, no sal, na oração,
o Mahatma.

De alto a baixo, de mar a mar, em mil idiomas,
o Mahatma.

Construtor da esperança, mestre da liberdade,
o Mahatma.

Noite e dia, nos poços, nos campos, no sol e na lua,
o Mahatma.

No trabalho, no sonho, falando lúcido,
o Mahatma.

De dentro da morte falando vivo,
o Mahatma.

Na bandeira aberta a um vento de música,
o Mahatma.

Cidades e aldeias escutam atentas:
é o Mahatma.


Poesia pensada

Primeiro ocorreu falar em versos, assim afirmou Vico.
Hoje me ocorre pensar em versos.
A poesia foi falada, depois escrita.
O que seria da poesia somente pensada?


Arte Poética


Aristóteles trata da origem da poesia e de seus diferentes gêneros. A origem da poesia estaria na própria natureza do homem, que se inclina para a imitação, pois esta oferece ao homem conhecimento e prazer. A natureza do homem também se inclina para o gosto pela harmonia e pelos ritmos. A poesia seria uma improvisação da natureza humana, que tem afinidade com a imitação, com a harmonia e com o ritmo. Essa poesia pode tanto elogiar os espíritos mais graves – o herói, quanto censurar ou ridicularizar os de menos valor – as pessoas ordinárias. No primeiro caso, temos a tragédia. No segundo, a comédia.

Existem três maneiras de imitar: como as coisas são; como os outros dizem que são ou como parecem ser; como deveriam ser. O historiador escreve o que aconteceu (se é que isso é possível). O poeta, o que poderia ter acontecido. E isso nos remete ao post A arte de escrever – existem duas histórias: a política e a literária.

“A tragédia é a imitação, não de homens, mas de ações, da vida, da felicidade e da infelicidade (pois a infelicidade resulta também da atividade), sendo o fim que se pretende alcançar o resultado de uma certa maneira de agir, e não de uma maneira de ser”. Essas palavras de Aristóteles me fizeram pensar sobre a diferença que existe entre os conceitos poéticos de movimento, sobre o qual escrevi nos poemas de Nadir e Letícia, e de ação. É a ação uma forma voluntária de se mover?

A combinação de atos fabricada pelo poeta na tragédia busca a compaixão e o temor, dois sentimentos naturais do homem. Estas emoções nascem principalmente quando os fatos se desencadeiam contra nossa expectiva. A compaixão nasce do homem injustamente infortunado. O temor nasce da consciência de saber que o homem infortunado é nosso semelhante. Na tragédia, a felicidade se transforma em infelicidade não por causa da perversidade da personagem, mas por causa de um erro grave, de uma forma de agir errada. Estes sentimentos nos tornam mais humanos? Tornamo-nos mais humanos quando vivenciamos a existência verbal desses sentimentos?

(Este post foi escrito depois de um pequeno tiroteio na rua onde moro. Os tiroteios que vemos em nossos noticiários, por exemplo, podem ser chamados de tragédia?)


Tiroteio

Um bandido foragido ronda os telhados do quarteirão.

E noite após noite ouvimos sons de violino vindos dE UM esconderijo desconhecido.


Arte

Arte – 1) Capacidade que tem o ser humano de pôr em prática uma ideia, valendo-se da faculdade de dominar a matéria. 2) Atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação. 3) A capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou sentimentos. 4) O conjunto das obras de arte de uma época, de um país, de uma escola. 5) Os preceitos necessários à execução de qualquer arte. 6) Dom, habilidade, jeito. 7) Ofício, profissão. 8) Artifício, artimanha, engenho. 9) Traquinada, travessura. 10) Arte poética: a) a arte de escrever em verso, a arte da linguagem poética, o estudo ou o conjunto de regras, preceitos, técnicas, meios e elementos linguísticos, retóricos e métricos relativos a essa arte; b) teoria geral da natureza e do objeto da poesia. (Adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Arte – engano, malícia; conjunto de preceitos para a execução de qualquer coisa. Século XIII. Do latim ars artis. (Adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa)

Ars, artis – (pode ter chegado ao latim a partir de três palavras gregas que apresentam as seguintes acepções: boa disposição do corpo e da alma; adotar, acomodar; utilidade, vantagem) Arte, tudo que é indústria humana.  Qualquer ofício, ciência, instrução, conhecimento, saber, ocupação, emprego, profissão. Perícia, gênio, talento. As Musas. Gramática. O proceder, o ser bom ou mau. Manha, treta. (Adaptado do Dicionário Latino-Português)

Arte – Imitação, ilustração, imagem, símbolo, personificação, holograma, corporificação, encarnação, esboço, cópia, semelhança [em representação]; coisa, ocupação, obra, missão, projeto, encomenda, dever, plano, função, posto, exercício, prática, esfera, campo, profissão, ofício, ônus, trabalho diário, vocação, rumo de vida, modo de vida, aperfeiçoamento, especialização [em trabalho]; aptidão, poder, engenho, esperteza, capacidade, competência, artifício, mestria, perícia, bossa, excelência, floreio, malabarismo, conhecimentos, predicados, gênio, dom, condão, saber, ciência, técnica, o dedo do artista, queda, veia, gosto, inclinação, tendência, sabedoria, finura, diplomacia, inteligência, mérito, agudeza de espírito, atividade, invenção (imaginação), obra-prima, golpe de mestre [em habilidade]; artimanha, manha, jogo, arteirice, indústria, política, trama, embuste, engodo, conto do vigário, travessura, rede, armadilha, Ulisses, Maquiavel, merlim [em astúcia]; jocosidade, humor, amenidade, suavidade, delicadeza, urbanidade, benignidade, apreço, consideração, atenção, divertimento, encanto, fascinação, admiração, elogio, respeito, beleza, doces, manjar, maná, alimento celeste, sustento do espírito [em deleite]. (Adaptado do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa)

Ulisses – Na guerra contra Tróia, Ulisses comandava naus e fazia parte do conselho dos chefes que deliberavam sobre os assuntos mais importantes. Durante o cerco de Tróia, Agamêmnon recorria a ele sempre que uma missão dependia de capacidade de persuasão e de astúcia. Entre os feitos de Ulisses na guerra incluíam-se também as atividades de espionagem. Atribuía-se a ele o plano para a construção do cavalo de madeira, cuja introdução em Tróia com numerosos soldados em seu bojo precipitou a captura da cidade e, portanto, o fim da guerra. Ulisses comandou o destacamento oculto no cavalo e foi o primeiro a sair do bojo do “presente” dos gregos. (Adaptado do Dicionário de Mitologia Grega e Romana)


Arte para eles:

Nietzsche
Van Gogh
Sá-Carneiro
Rohden
Rilke
Croce


A arte de escrever

Pensei em ler para descobrir o que é literatura. E, assim, escrever melhor. Em A arte de escrever, Schopenhauer afirma que é preciso pensar mais do que ler porque os pensamentos que foram escritos não passam de pegadas na areia. Mostram o caminho percorrido, mas não o que o caminhante viu ao longo do trajeto. Ele afirma também que é preciso escrever sobre o que foi pensado. Isso porque não importa quão belos sejam os pensamentos, eles podem ser esquecidos se não forem escritos.  

Realmente é preciso saber pesar e equilibrar leitura, pensamento e escrita.

Gostaria de escrever, então, meus pensamentos sobre o que selecionei da leitura de A arte de escrever: a língua é uma obra de arte; a palavra dos homens é o material mais duradouro; o mérito das obras poéticas deve se basear expressamente na forma; existem duas histórias – a política e a da literatura e da arte. Gostaria de escrever meus pensamentos não aqui neste post. Gostaria de escrevê-los pelos fragmentos desse mosaico. Isso é literatura?


Escrever

Escrever – 1) Representar por meio de escrita. 2) Redigir ou compor uma obra. 3) Exprimir-se por escrito. 4) Descrever ou narrar por escrito. 5) Lançar multa. 6) Comunicar ou introduzir informações em alguma parte da memória em fitas ou discos magnéticos. 7) Gravar, insculpir, inscrever. 8) Dirigir carta ou bilhete. 9) Colaborar com matéria escrita. 10) Exercer a profissão de escritor, ser escritor. 11) Rabiscar, garatujar. 12) No Jogo do Bicho, anotar a aposta: “Vale o que está escrito”. 13) Zigue-zaguear, cambalear. 14) Dirigir veículo dando guinadas, por imperícia, nervosismo ou embriaguez. 15) Alistar-se. (Adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Escrever – redigir, exprimir-se por escrito, gravar. Século XIII. Do latim scribere. (Adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa)

Scribere – Traçar uma linha. Marcar, assinalar, estampar, gravar, imprimir. Marcar com cunho. Fazer rego em, tingir de. Lançar o plano de, desenhar. Descrever, retratar. Celebrar, cantar em verso. Instituir em testamento. Impor. Registrar uma dívida, dar uma ordem de pagamento. Reconhecer, confessar por escrito. (Adaptado do Dicionário Latino-Português)

Escrever – lançar linhas no papel, autografar, passar a limpo, rabiscar, rascunhar, digitar, escanear, digitalizar, pôr o preto no branco, penejar, confiar ao papel, borrar, entrelinhar, editar, firmar, lançar no papel, endereçar, regrar, riscar, pautar, alinhar, sublinhar, pontuar. (Adaptado do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa)

Escrita – Um documento da Antiguidade egípcia representa Thot a extrair os caracteres da escrita do retrato dos deuses. Assim, a escrita surge à imagem de Deus, tem uma origem sagrada; depois, identifica-se com o homem. É o sinal visível da atividade divina, da manifestação do Verbo. “Nada existe no mundo que não possa ser considerado como uma escrita”, escreve Abu Ya´qub Sejestani. Todavia, numerosos mestres espirituais não deixaram escritos. Nesse caso, a condição do iletrado é o inverso da ignorância – simboliza a percepção intuitiva imediata das realidades divinas, a liberação das servidões do literalismo e da forma. Apesar de todos os esforços para erigir a escrita em uma imagem de deus ou uma tradução do cosmos, a escrita surge também como um substituto degradado da palavra. Ela simboliza uma perda de presença: a escrita chega quando a palavra se retira. É um esforço para encapsular o espírito e a inspiração: a escrita permanece, como um símbolo da palavra ausente. A escrita materializa a revelação, corta o vínculo humano, substituindo-o por um universo de signos. Para reativar a revelação, é preciso uma presença falante. (Adaptado do Dicionário de Símbolos)


O conceito de literatura

O que é literatura? É a transformação da emoção em palavra? É a possibilidade de uma existência verbal das sensações, das ideias e dos sentimentos? É uma perspectivização da verdade? É uma maneira de nos libertarmos da linguagem através da própria linguagem?

Para Gustavo Bernardo, o fundamento da literatura é invisível, advém de um efeito de sugestão. Em O Conceito de Literatura, ele cita Flusser, que assume a dúvida como um método. A obra literária, de acordo com Flusser, pode ser tanto uma resposta ao contexto histórico quanto uma pergunta ao leitor no momento. A literatura pode ser abordada tanto de uma forma crítica a partir da análise quanto de uma forma especulativa a partir de uma conversa; ela pode ser abordada tanto curiosa quanto simpaticamente.

Sendo assim, postamos a pergunta – “O que é literatura?”.


Letra

Letra – 1) Cada um dos sinais gráficos elementares com que se representam os vocábulos na língua escrita. 2) Tipo. 3) Caligrafia. 4) Texto em verso de certas músicas, correspondente à parte que deve ser cantada. 5) Jogada no futebol em que se chuta a bola passando um pé por trás do outro. 6) Letra morta: preceito escrito que não se cumpriu, ou que já não tem autoridade ou valia. 7) À letra: palavra por palavra, literalmente, com rigor, à risca. 8) Com todas as letras: claramente. 9) Em letras de fogo: enérgico, impositivo, agressivo. 10) Tirar de letra: fazer algo difícil com grande facilidade. (Adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Letra – sentido claramente expresso pela escrita; carta. No século XIII, letera. Do latim littera. (Adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa)

Littera – letra, carta, epístola. Literæ – letras, caracteres; cultura de espírito, instrução, estudos, belas-letras, ciências. Altiores literæas ciências ocultas, a magia. (Adaptado do Dicionário Latino-Português)

Letras – tanto na tradição islâmica como na cabala, uma ciência muito desenvolvida sobre as letras baseia-se no seu valor simbólico. A letra aparece como símbolo do mistério do ser, com sua unidade fundamental oriunda do Verbo divino e com sua diversidade inumerável resultante de suas combinações virtualmente infinitas; é a imagem da multidão das criaturas, e até mesmo a própria substância dos seres nomeados. Segundo pesquisas históricas e comparativas sobre a forma dos caracteres da escrita, a maior parte das letras, na sua origem, seria o desenho de um animal, um gesto humano, uma realidade concreta. (Adaptado do Dicionário de Símbolos de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant)

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Psiquetipia

Chegou o Dicionário de Símbolos. Não o encomendado, mas o último que havia no estoque. Gostaria de recitar a primeira estrofe do poema Psiquetipia (ou Psicotipia) de Álvaro de Campos escrito em 07 de novembro de 1933:

Símbolos. Tudo símbolos...
Se calhar, tudo é símbolos...
Serás tu um símbolo também?

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[Consulte os símbolos estudados no blogue]


Ensaio sobre a cegueira

Temos José Saramago no livro Ensaio sobre a cegueira:

“Só digo que apenas servimos para isto, para ouvir, ler a história de uma humanidade que antes de nós existiu, aproveitamos o acaso de haver aqui ainda uns olhos lúcidos, os últimos que restam, se um dia eles se apagarem, não quero nem pensar, então o fio que nos une a essa humanidade partir-se-á, será como se estivéssemos a afastar-nos uns dos outros no espaço, para sempre, e tão cegos eles como nós”.



A perda da visão poética 1

O ofício do poeta ― poema ‘Diariamente’

Lendo o livro Iniciação à Estética de Ariano Suassuna, encontramos lá as palavras de Charles Lalo sobre o que é o ofício, a técnica e a forma na Arte.

“O ofício é a parte material da Arte, a prática tradicional e banal que se ensina aos estreantes e nas oficinas de arte: mecanismo indispensável, mas insuficiente, que é preciso sempre ultrapassar, porque ele é rígido e se revela mal adaptado em cada caso particular”.

“A técnica é o ofício vivo, adaptado... É o ofício transformado, mais verdadeiramente sábio num sentido, mais profundamente intuitivo noutro”.

¿!

Protejam a arte, para que ela não seja atingida pela querelas do momento presente, pois sua pátria encontra-se além de qualquer época. Suas lutas são como as tempestades que trazem as sementes, e suas vitórias assemelham-se à primavera. Suas obras são: sacrifícios não sangrentos ofertados a uma nova aliança.


Rainer Maria Rilke, em O Diário de Florença


Ordenações sobre a linguagem e o conhecimento

¿ O surgimento da linguagem humana coincide com o equilíbrio entre o material e o espiritual.
¿  O aperfeiçoamento da linguagem coincide com o crescimento do conhecimento.
¿  O enriquecimento do mundo com os resultados da atividade intelectual coincide com o empobrecimento em espiritualidade.


Hipóteses sobre as linguagens criadora e não criadora

Teoria revista:

¿ Existem as linguagens animal, humana e espiritual.
¿ A linguagem animal é a linguagem da vida.
¿ A linguagem humana une vida e inteligência.
¿ A linguagem espiritual é a linguagem inefável.
¿ A linguagem animal é inconsciente.
¿ A linguagem humana pode ser consciente.
¿ A linguagem espiritual é supraconsciente.
¿ A linguagem animal não é criadora.
¿ A linguagem humana pode ser criadora ou não.
¿ A linguagem espiritual é criadora.
¿ A linguagem humana não criadora vem do desejo.
¿ A linguagem humana criadora vem da vontade.


Verso

I – Verso – 1) Cada uma das linhas constitutivas de um poema; a unidade de uma poesia. 2) O gênero poético. 3) Poesia.
II – Verso – voltado, virado. 1) Contrário, oposto. 2) Lado posterior, face oposta à da frente. (Adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

I – Verso – Do latim versus (séc. XIV). Uesse (séc. XIII).
II – Verso – Página oposta à da frente, lado oposto a. Do latim versum, na direção de, do lado de, particípio de vertere (1813). Vessar – lavrar com regos profundos, para a preparação de sementeira. Do latim versare (séc. XVII). (Adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa)

Versus (para, em direção a); versum (para si, para o seu lado) – de verto!: voltado, virado, revirado, revolvido, lavrado, derrubado, transformado, metamorfoseado, mudado, versificação, versos, poesia; de verro: arrastado pelo chão, levado de rastos, varrido, vasculhado; de vertere: rego, linha, renque, fileira, verso, epitáfio, canto do rouxinol, movimento compassado ou cadenciado, medida agrária, passo de dança, dança.

!Verso/ versare, de verto – 1)Voltar, virar muitas vezes, revirar, andar à roda com, revolver. 2) Trazer, fazer voltar, conduzir de uma para outra parte. 3) Apresentar sob várias formas, variar. 4) Mudar, alterar, remexer, desarranjar, transtornar; dirigir, manejar. 5) Atormentar. 6) Iludir. 7) Revolver (no espírito), ponderar, meditar, examinar. (Adaptado do Dicionário Latino-Português)

Verso – punhado, dose, gole, trago, divisão, fração, capítulo, parcela, pedaço, retalho, pétala, migalha, fatia, lâmina, prestação, página, folha, peça, estrofe, canto, episódio, membro, braço, componente, elemento, órgão [em parte]; costas, dorso da mão, avesso do tecido, fundo, espinha dorsal, nuca, rasto, pegada, para trás, aço do espelho, reverso da medalha, bombordo e estibordo do navio [em retaguarda]. (Adaptado do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa)