Do Sublime

Aqui vai uma pequena extensão do Mas para que serve exatamente a poesia?

Não exatamente buscando essa resposta, acabo encontrando algo a ser considerado. Na verdade nem sei se essa pergunta é típica de nossa época. De qualquer forma, já houve uma resposta.

Nem só o que é útil detém importância. Portanto, na resposta que um dia já foi dada, não se trata de tornar a poesia útil, mas rara. Ou ainda sublime, como a natureza até hoje não nos deixa esquecer.


XXXV

“3. Por isso, como objeto de contemplação e de pensamento, ao arrojo humano não basta nem mesmo o mundo todo; as ideias não raro transpõem os limites do que nos cerca; quem circulasse os olhos pela vida e visse quanto mais espaço ocupa em tudo o extraordinário, o grande, o belo, logo saberá para que fim nascemos.

4. Daí, guiados por certa tendência natural, por Zeus! não admiraríamos os pequenos riachos, ainda que límpidos e úteis, mas o Nilo, o Danúbio ou o Reno e muito mais o Oceano. Tampouco esse lumezinho acendido por nós, que preserva pura a sua luz, nos assombra mais do que as chamas celestes, embora estas se obscureçam muitas vezes; nem o consideramos mais digno de admiração do que as crateras do Etna, cujas erupções lançam das profundezas penhascos, cômoros inteiros, e por vezes derramam rios daquele fogo nascido das entranhas da terra e só seu.

5. Com base em tudo isso, podemos concluir que as coisas úteis ou apenas necessárias ao homem são encontradiças, mas o que suscita admiração é sempre o raro”.

(Do Sublime, de Longino – em A Poética Clássica)


Mangifera indica - O movimento das árvores ou Um ano e um dia

           (2010-2011)


“Trouxe um menino.
Apanhei-o no bazar de ouro e prata,
Onde as jóias são como as folhas de mangueiras:
Milhares, milhares.”
(Cecília Meireles – Menino/ Poemas escritos na Índia).

Nulla dies sine linea
(Plínio, o moço; Apeles)

“Sequer um dia sem uma linha.”
(Gavarni citado por Vincent Van Gogh – Cartas a Theo).

“Nenhum dia sem linha...”
(Álvaro de Campos – Apostila)

Olhando a árvore pela janela:
a última gota de chuva estremece as folhas
rompendo a imagem de um instante
Voam da mangueira
rolinhas, sebinhos e beija-flores
Hoje é dia da árvore nos calendários
avança a árvore um quadrante
No sul, é o equinócio de primavera
no ar, há mais pássaros que folhas
na árvore, há o verde
das folhas e das seis mangas já grandes

Olhando as palavras pelo dicionário:
da raiz vinda do latim arbos
desenvolve-se o vegetal cujo tronco dá ramos no alto
do que antecede e do que procede
A árvore dos galhos, dos ramos, dos frutos e das sementes
A árvore da sementeira, da raiz e do tronco
A linhagem dos antigos aos herdeiros
causa e efeito alinhados
num signo que é presença
Da família das Anacardiáceas
estrangeira entre as aroeiras
os cajus e os cajás
Anacardiácea
Semelhante a um coração que se eleva
13/10   Semelhante a um coração que se inverte
Semelhante a um coração que se repete
Semelhante a um coração que se assemelha
Do radical
deriva o prefixo
A mangueira
é a árvore da manga
A manga
é o fruto da mangueira
De derivação em derivação
move-se a árvore
arvorecendo famílias de palavras
Por entre o tâmil e o malaiala
por entre o português e o latim
ao longo do tempo dos caminhos linguísticos
De onde vêm os nomes?
Que movimentos formam na realidade as palavras?

Olhando a árvore pela janela:
no dia de finados
os corações defuntos não amadurecidos
arrancados pela tempestade passada
já haviam sido colhidos do chão
E o verde da copa alaranjado
e o réquiem pela cigarra cantado
recolhiam o fim de um feriado prolongado

Olhando as figuras pela palavra, pelo pensamento, pela construção:
é esta mangueira todas as mangueiras e todas as árvores
são todas as árvores a incorporação do movimento
13/11   de gradação em gradação
move-se a árvore
da sementeira à raiz, da raiz ao tronco
dos galhos aos ramos, dos ramos aos frutos, dos frutos às sementes
até que as raízes se configurem como pés firmes
e os galhos como braços que buscam
e os homens, que veem seus pés e seus braços,
ouvem também suas vozes, seus cantos, seus choros
Por que quer o homem personificar a árvore
seguindo seu caminho tão desarvorado?

Olhando a árvore pela janela:
Movem-se reticentes
sete... oito... nove...
sementes crescentes

Olhando a figura pelo poema:
“Olha antes a semente (...)
vê através do pequeno embrião de árvore”
“As árvores e os homens se confundem (...)
(...) os poetas foram árvores!”
“Uma velha mangueira comovida,
deita no chão maldito a sombra boa.”
“No galho das mangueiras
o vento canta.”
“Quando galhos prolongo, entendo o meu destino”
“E, quando os ventos rugem nos espaços,
os seus galhos se torcem como braços
de escravos vergastados pelos ventos”
13/12  “A planta é um corpo de que o vento é a alma”
“Que o vento vai levar rumo diverso,
do último galho e do último soneto
a última folha e o derradeiro verso”
“O vento é o mesmo:
mas sua resposta é diferente em cada folha
somente a árvore seca fica imóvel”

Olhando a árvore pela janela:
Anteontem na noite do eclipse lunar
anteontem na noite do solstício de verão
eu ouvi não a voz das árvores
eu ouvi a voz dos poetas
conversando em uma língua muito antiga
Uma língua da época em que as palavras
ainda não haviam deixado de ser parábolas

Olhando a poesia pela árvore:
recitaram um verso regressivo
e fogos se moveram sobre a face das águas
luzes e estrelas
anjos e sinos
(que um dia foram símbolos)
amanhã serão todos guardados
ao se desmontar a árvore de natal
Alguém disse que ele disse
que pelo fruto
pode-se conhecer a árvore
querendo dizer
que a boca fala
do que se tem no coração
13/01  querendo dizer
que o bom homem
retira o que é bom
do seu bom tesouro
Retirados os enfeites
restará tão somente
o santo lenho
da árvore da infâmia
É Flora quem preside
a floração dessas árvores
da nova aliança
dessas duas árvores que são uma?
É ela quem simboliza de flores
a antiga aliança
da vida e do conhecimento?
São suas as flores caídas
avistadas por Odin dependurado?
Odin dependurado
raízes nas alturas
ramos para baixo
árvore humana
desdobrando-se
desdobrando-se
pelo mundo criado

Olhando a árvore pela janela:
inúmeras, incontáveis, incalculáveis mangas
verde, amarela, laranja, vermelha
rosa, violeta, púrpura e roxa
13/02   Rosa, espada, tommy, menina
carlota, palmer e coração de boi

           

Mangifera indica - O movimento das árvores ou Um ano e um dia

ANTECEDENTES

Depois que mostrei Nadir e Letícia a algumas pessoas próximas, percebi que elas tiveram dificuldade com o texto por causa do tema. O flamenco não lhes era familiar. Preocupei-me, então, em buscar um tema mais comum. Queria também um tema que me permitisse dar continuidade ao estudo do movimento. Ao fazer Nadir e Letícia, parti da ideia de baile, passei pela dança e cheguei à de movimento. Além disso, queria aprofundar um pouco mais a ideia de usar o poema com a finalidade de estudo.

Enquanto buscava um tema, algo começou a chamar minha atenção no meu dia a dia – árvores. Tanto as árvores dos meus caminhos diários quanto as dos livros que eu estava lendo. Duas espécies se destacaram: a mangueira que eu via da janela do meu apartamento e os castanheiros de Cézanne. O artista exercitava sua técnica pintando as árvores ao longo das estações do ano.

Ao finalizar Nadir e Letícia, também tive alguns questionamentos sobre a forma do poema: como saber que o poema acabou, que já tomou sua forma final? Por que escrever em verso? O que significa o verso?

INSPIRAÇÃO PARA A ESCRITA

As epígrafes que impulsionaram a escrita do poema foram:

“Trouxe um menino. / Apanhei-o no bazar de ouro e prata, / Onde as jóias são como as folhas de mangueiras: / Milhares, milhares.” (Cecília Meireles – Menino/ Poemas escritos na Índia). Não consigo olhar para a copa de uma mangueira e não me lembrar desses versos.

“Nulla dies sine linea” (Plínio, o moço; Apeles); “Sequer um dia sem uma linha.” (Gavarni citado por Vincent Van Gogh – Cartas a Theo); e “Nenhum dia sem linha...” (Álvaro de Campos – Apostila). Esses versos e suas atualizações deram o contorno para o meu texto, pois suas reformulações ao longo do tempo conservando a ideia principal lembram o crescimento de uma árvore.

OBJETIVO

Comecei a escrever com o objetivo de realizar um estudo poético sobre o movimento das árvores ao longo de um ano e um dia. As árvores parecem paradas, mas têm vários movimentos. Eu queria observar esses movimentos e, observando-os, observar não só o que se move na árvore, mas observar também os meus próprios movimentos.

Seria um exercício de atenção, de observação, de mudanças, que são diárias e cíclicas ao mesmo tempo. Seria também um exercício de paciência, uma tentativa de construir um poema no ritmo do movimento da árvore tendo o dia como unidade. Ao estudar poeticamente o movimento das árvores, eu queria ter a experiência de ver e de me dar conta do que não me é possível ver.

CONTEÚDO

O que se move na árvore? As partes da árvore, as cores, os insetos, os pássaros, o vento, a chuva, o sol, a sombra, a nossa percepção, o nosso pensamento, as seivas, as estações, a palavra, o símbolo, o nosso olhar, a vida, a mudança? Como isso tudo se move?

FORMA

O poema seria construído a partir de visões que abarcassem todo um dia e que coubessem em uma única linha. Essa seria a origem dos versos. Todo dia, ao longo de um ano e um dia, eu olharia a árvore pela janela do meu apartamento e escreveria um verso. O dia em que eu não olhasse para a árvore seria um dia sem escrita. Esse dia sem linha seria a entrelinha que separaria as estrofes.

Enquanto escrevia o poema, fiz várias fotos de árvores em preto e branco. As formas das árvores influenciaram na organização das ideias no poema.

FONTES

Para compor o poema, fiz buscas em dicionários para o estudo das palavras árvore, mangueira e Flora; em gramáticas para o estudo de palavras e morfemas que indicam movimento e de figuras de linguagem; em livros de biologia para o estudo dos movimentos vegetais; em livros de física para o estudo de Mecânica; em livros de pintura para o estudo da imagem das árvores, especialmente nos de Cézanne e Van Gogh; em livros de literatura para o estudo de poemas sobre árvores; e em livros canônicos, como a Bíblia e As Upanishads, para o estudo da simbologia religiosa das árvores. Busquei ainda informações sobre células-tronco e estrutura de dados na internet. Por último, dois poemas visuais foram especificamente importantes: a árvore de Ângela Serna e o trabalho Árvore/Revoar de Erthos Albino de Souza.

POEMA

Com essas ideias, escrevi um poema que tem um título e dois subtítulos. O título é Mangifera indica (nome científico da mangueira). Os subtítulos são O movimento das árvores (se considerarmos o conteúdo) e Um ano e um dia (se considerarmos a forma).

Leiam parte do poema no fragmento Exercícios:
http://nossosestudospoeticos.blogspot.com/2011/09/mangifera-indica-o-movimento-das_24.html

Leiam o poema em postagens e vejam as imagens:


O Lago dos Cisnes

É possível traduzir em palavras a história do balé O Lago dos Cisnes.

O que não se traduz em palavras é a poesia de O Lago dos Cisnes. O que podemos sentir é a beleza que nos chega suavemente através da geometria, da simetria, da sincronia de movimentos e de sons, ou seja, das frases do próprio balé. E a beleza que nos chega tensamente através dos contrastes da noite sobre o lago e das luzes do palácio, da tempestade e da festa, do afastamento e da aproximação, do engano e do desengano, do cisne negro e do cisne branco. E a beleza que nos chega misteriosamente através dos símbolos do príncipe e do feiticeiro, da ave que é aquática e da ave que é humana, das personagens que exigem uma única intérprete.

Sobre a representação de O Lago dos Cisnes pelo balé do Teatro Mariinsky no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 02 de setembro de 2011.


Linguagem refletida

Os hindus queriam estabelecer pela palavra uma relação íntima com Deus. Na Grécia antiga, os filósofos queriam saber se as palavras imitam as coisas, se os nomes são dados por pura convenção ou se a linguagem se organiza de acordo com a ordem existente no mundo. Na idade média, buscou-se construir uma teoria geral da linguagem, partindo da autonomia da gramática em relação à lógica. No século XX, os linguistas passaram a realizar um estudo científico da linguagem verbal humana, buscando descrevê-la e explicá-la.

As informações acima foram fornecidas por Eni Orlandi em seu O que é Linguística?. É interessante observar como a abordagem da linguagem varia em diferentes épocas e culturas. E como usamos a linguagem para pensar a própria linguagem.

De que maneira os poetas de diferentes épocas e culturas vêm abordando a linguagem? Como os poetas de hoje abordam a linguagem?


ABC da literatura

Mas para que serve a poesia?

Eu me fiz essa pergunta há três anos. Olhando hoje para ela, pergunto-me por que ela já começava por uma conjunção adversativa. Opunha-se a quê? Talvez ao fato de saber a importância da minha poesia para minha vida. Mas (é aí que surge o mas) a minha poesia poderia servir para algo além disso? Ou ainda: como a poesia de outros servia tanto para mim? Por que a poesia não serve para todos?

De qualquer maneira, com esses questionamentos cheguei por acaso (ou será que as próprias perguntas me levaram?) ao livro ABC da Literatura de Ezra Pound.

Lendo o livro, encontrei uma primeira resposta: a literatura é uma arte que originalmente visava a alegrar o coração do homem. Lendo mais um pouco, outra resposta, agora mais relacionada à função social do escritor, que é manter a linguagem eficiente, manter sua precisão e clareza. Aqui Pound afirma que uma nação atrofia e decai se a literatura dela entra em declínio. Por último, consta no ABC da Literatura que a gente escreve para ensinar, comover ou deleitar.

Mas para que serve exatamente a poesia? Ainda não sei. Não exatamente. Nem sei se é essa a verdadeira questão a ser posta. Mas começo a ter umas ideias iniciais.


Linguística, linguagem e pensamento

Muito interessante a leitura do artigo A leitura que debilita o pensamento de Anderson Lopes e da posterior resposta aos comentários feitos. Há diversos elementos próprios e de terceiros sobre a linguagem e a linguística. E isso nos interessa.

Ele escreve: “[...] já disse o filósofo Ludwig Wittgenstein, no Tractatus: ‘os limites da minha linguagem são também os limites do meu pensamento’. Uma linguagem com mais recursos alarga o pensamento”.

Escreve mais: “‘Vivemos em um mundo de palavras’, diz o celebrado antropólogo Richard Leakey. ‘Nossos pensamentos, o mundo de nossa imaginação, nossas comunicações e nossa rica cultura são tecidos nos teares da linguagem... A linguagem é o nosso meio... É a linguagem que separa os humanos do resto da natureza.’ [...]”.

E mais ainda: “Portanto, se pensamos com palavras e com as conexões entre elas, a nossa capacidade de usar palavras tem muito a ver com a nossa capacidade de pensar [...]”.

Ficam aqui alguns retalhos do texto de Anderson Lopes.

Acompanhe muito mais lá:
http://andersonlopesescreve.blogspot.com/2010/12/onde-se-responde-objecoes-feitas-ao.html


Escrever ou ser escrito

Nesta semana tive uma sensação interessante. Ao dar continuidade ao poema que estou escrevendo, chamado Casamento de Juno, percebi uma série de elementos antes desconexos se reunindo de uma forma que me impressionou.

Foi no momento em que tive a sensação de não estar escrevendo o poema, mas de o poema estar sendo escrito, sendo eu somente um meio para o poema. Foi esquisito, pois algo adquiriu uma lógica superior à lógica que eu mesmo estava buscando.

De acordo com a primeira hipótese postada no fragmento Teoria, será que este fato é uma evidência do encontro entre as duas linguagens existentes no ser humano: a criadora e a não-criadora?


Hipóteses sobre a linguagem e a palavra

¿ Existem duas linguagens – uma criadora e outra não criadora.
¿ Palavras evocam pensamentos.
¿ As palavras tornam os pensamentos presentes.
¿ A palavra é a forma mais material de uma ideação.
¿ A linguagem criadora modifica a linguagem não criadora.
¿ A linguagem criadora depende da maneira pela qual o pensamento é evocado.
¿ A linguagem criadora depende da qualidade do pensamento evocado.
¿ As linguagens podem ser ruidosas ou não.
¿ Quanto mais criadora, menos ruidosa é a linguagem.


Nadir e Letícia (por alegria)

2ª parte – Estudo de poemas por alegrias (2008-2010)

1

4ª letra – Alegrias

A alegria é um baile dançado a favor do movimento. Esse movimento é a intensidade. É a arte de saber dançar conforme a música. É um bailar cheio de sutileza. Tudo está lá dentro, tudo é contido. E diluído. A alegria é mais ligeira que a tristeza. É a dança da valentia, da força. O sábado da malhação do boneco de Judas, quando trinta dinheiros não valem mais nada. A dança que nos eleva aos bens celestes.

A dança que eleva aos bens celestes em silêncio.

2

4ª letra – Alegrias destinadas

/Quantas coisas estão a nossa procura/ Quantas coisas estão perdidas de nós/ Quantos caminhos se desenrolam feito tapetes como pontes sob nossos pés/ Quantas ondas passam, quantas coisas nos incomodam e nos aconselham e insistem e se repetem para nós/ Como estamos divididos e espalhados/ E como somos muitos e somos vários/ Mas, quando tudo se juntar e se ligar e se unir, não caberemos mais em nós\

3

4ª letra – Alegrias suspensas

Jardins feitos para serem vistos do alto:
estátuas de crianças brincando
por caminhos asfaltados
cobertos de folhas que caem
e que nunca tocam o chão
Para serem vistos do alto:
metros e metros quadrados
de lazer e segurança
suspensos, nunca andados
Uma natureza toda planejada:
da planta ao parto cesariana
uma caridade toda arquitetada
da culpa ao interesse
e o muro?
este é muito alto

4

4ª letra – Alegrias enfileiradas

O próximo anúncio
O próximo emprego
A próxima vez
O próximo modelo
A próxima coleção
A próxima estação
O próximo ano
O próximo mês
O próximo pagamento
O próximo aumento
A próxima compra
A próxima conta
O próximo concurso
A próxima fase
O próximo fim de semana
O próximo feriado
O próximo encontro
A próxima rodada
O próximo pedido
O próximo capítulo
A próxima atração
A próxima revelação
O próximo lançamento
O próximo sucesso
O próximo ponto
O próximo, por favor

5

4ª letra - Alegrias xilografadas

Por favor, xilomante, tente ler de novo
o que dança a alegria agora. Pés grafando
nos caixões de madeira em tão sutil linguagem
o que fomos fazer naquele mundo triste
Por favor, xilomante Alexa, diga: foi
pra comprar uma casa, ter sucesso e férias?
Pela vida ou na morte vai chegar Letícia?

6

4ª letra - Alegrias passadas

Pilha de roupa
roupa lavada
está a roupa
toda passada

7

4ª letra - Alegrias ciganas

Ela é cigana
cigana errante
nasceu cigana
sem nó de sangue

8

4ª letra - Alegrias nebulosas

Estrela ou nuvem
nuvem ou estrela
revela a nuvem
nova grandeza

9

Castellana esgotada

Nesse mundo é tão grande o esforço
que sustenta nossa alegria
vivemos, porém tão cansados
que talvez seja uma armadilha

10

3ª letra - Alegrias varridas

Varre, varre todos os quintais
varre tudo com tua saia
como fazem os vendavais

térrea bruxa do esquecimento
levanta as nuvens de poeira
da eólica erosão do tempo

loucas alegrias varridas,
doidas alegrias de pedra,
prepara teus giros, Letícia:

11


... façamos uma brecha entre
as nuvens temporais; ouçamos
... a vaporosa lição

...da poeira... e das estrelas:
... as alegrias são como
... as tristezas – aparentes

são só nuvens... que se formam
se deformam... se desfazem
cobrem tudo, mas de ilusão

12

3ª letra – Alvorada

Roda e gira quebradas voltas
vai do vermelho ao violeta
vira mundo e reviravolta

torna e retorna as recorridas
o sol não nasce nem se põe
é a bailaora que gira

as elipses reminiscentes
as espirais e lemniscatas
até encontrar el duende

Palavra

Palavra – 1) Unidade mínima com som e significado que pode, sozinha, constituir enunciado; forma livre. 2) Unidade pertencente a uma das grandes classes gramaticais. 3) Nas escritas modernas, unidade constituída por grafemas, delimitada por espaços em branco ou sinais de pontuação. 4) Alta expressão do pensamento; verbo. 5) Faculdade de expressar ideias por meio de sons articulados; fala. 6) Modo de ver; opinião, afirmação, asserto. 7) Doutrina. 8) Promessa verbal. (adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Palavra – vocábulo, termo/ no século XIII, paravla, paraura/ do latim parabola, derivada do grego parabole. (adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de Antônio Geraldo da Cunha)

Parabola – Comparação, semelhança. Narração de um acontecimento imaginado, envolvendo alegoricamente uma instrução. (adaptado do Dicionário Latino – Português de F. R. dos Santos Saraiva)

Palavra – Simboliza a manifestação da inteligência na linguagem, na natureza dos seres e na criação contínua do universo: ela é a verdade e a luz do ser. É o símbolo mais puro da manifestação do ser, do ser que se pensa e que se exprime ele próprio ou do ser que é conhecido e comunicado por um outro. (Adaptado do Dicionário de Símbolos de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant)