Mandalas linguísticas: versos e estrofes


Na mandala linguística do poema, as estrofes são os círculos e os versos são os raios. O centro é o título, o centro é o inefável.

Foi Nietzsche no Nascimento da Tragédia quem chamou minha atenção para a palavra estrofe. A raiz grega da palavra strofé quer dizer volta. Nietzsche lembra-nos da virada cênica da evolução do coro.

A estrofe (stropha em latim) refere-se à primeira parte da ode grega.

A estância ou estrofe é formada por um grupo de versos que apresentam sentido completo. Fora da arte poética, estância é um lugar de parada, onde se está ou se permanece por algum tempo.

A segunda parte da ode antiga era a antístrofe.

Na tragédia clássica, a catástrofe era a conclusão da ação trágica. A ação se esclarecia inteiramente, o equilíbrio moral ficava estabelecido. Fora da arte poética, guardamos da catástrofe a ideia de desgraça, desastre.

O elemento de composição grego kata (cata) traz a ideia do que acontece do alto de, de cima para baixo, sobre.

A mandala linguística do poema é uma cruz. Na vertical, ligando o que está em cima com o que está embaixo, temos as estrofes. Na horizontal, temos os versos. O ponto em que as direções se cruzam é o título e é também o indizível.

Chama-se monóstrofe a composição poética de uma só estrofe.

A mandala linguística do poema é a repetição de uma única estrofe, cuja escrita e cuja leitura nunca se repetem.

Mandalas são círculos. Mandalas são formadas por quadrados. Quatro lados, quatro versos. Na mandala linguística do poema, a quadratura do círculo é formada pelas voltas das estrofes de quatro versos.