O caminho da tradução

O verbo traduzir chegou até nós vindo do latim com o sentido de conduzir além, transferir.

Um conhecimento da língua ou da cultura em que determinado idioma está inserido é o bastante para fazer de uma pessoa um tradutor? O erudito que não acredita no conteúdo dos textos que traduz seria um bom tradutor das obras que traduz?

A resposta é negativa para o Lama Anagarika Govinda. Ele aponta o método empregado pelos Lotsavas, os tradutores de textos sagrados do Tibete. Talvez possa ser útil para nossa leitura de textos poéticos, já que estes trazem algo de sagrado em suas linhas e cada leitura é uma tradução.

Como ponto de partida, é preciso chegar à obra com um espírito de verdadeira devoção e humildade. A tradução é uma responsabilidade sagrada. Há casos em que traduções feitas por eruditos que se restringem ao conhecimento da língua mais limitam do que ampliam nossos caminhos, e acabam por nos conduzir aquém do entendimento dos livros. 

Como ponto de chegada, não se deve considerar a sua versão como final ou infalível. Ela é, na verdade, um ponto de partida para futuras versões. Isso porque, à medida que o nosso próprio conhecimento aumenta, mais profundas e perfeitas podem ser as traduções; e mais próximas dos significados internos dos textos.