Medo, terror,
horror! Dor, arrependimento, lástima, alívio, surpresa, espanto, admiração,
alegria! Pena, dor, arrrependimento, lástima, surpresa, espanto, admiração,
alegria, ansiedade, desejo! Pedido, apelo, chamamento! Essa é a transformação dos
estados de espírito expressos morfologicamente pelas interjeições ao longo das voltas que a mandala dá em seus
versos e em suas estrofes.
Mais do que
palavras, as interjeições são verdadeiras frases. Sintéticas, possuem uma existência autônoma. Com uma
estrutura linguística simples, conseguem registrar os mais variados
sentimentos, emoções e sensações.
As interjeições
que formam a mandala são acompanhadas de um contorno melódico exclamativo. Uma mesma interjeição, por
exemplo, pode expressar dor e alegria – a diferença está no tom da voz de quem
a pronuncia. Essas palavras têm ainda o poder de agir sobre o leitor, levando-o
a adotar certo comportamento.
O som das interjeições do poema é
essencialmente vocálico. As
vogais já não são ruídos como as consoantes, mas sim tons, sons musicais. São
elas que, em nossa língua, constituem as sílabas. Cada sílaba deve ter uma e somente uma vogal.
A letra h das interjeições escolhidas
não é exatamente uma consoante. Ela é, na verdade, um símbolo, presente na
palavra em razão da etimologia e da tradição de nosso idioma. No fim das
interjeições, representa uma aspiração.
O ruído sibilante do S desenrola-se
na linha reta do verso buscando uma vogal para formar uma sílaba poética. Esta sílaba é uma palavra e uma frase ao mesmo
tempo, sendo pronunciada apenas como uma vogal exclamada. No entanto, esta
sílaba nos revela medo, terror, horror! E nos revela dor, arrependimento,
lástima, alívio, surpresa, espanto, admiração, alegria! E nos revela pena, dor,
arrrependimento, lástima, surpresa, espanto, admiração, alegria, ansiedade,
desejo! E nos revela pedido, apelo, chamamento!