Fonema – interjeição – pronome – substantivo
– verbo
Na mandala
poética, minha sequência foi inspirada pela leitura de Vico. Ao tratar da
lógica poética, Vico propõe uma sequência para a origem das línguas e das
letras: onomatopeia – interjeição – pronome – nome – verbo.
Primeiro foi o som – depois, as vozes se articularam
sob o ímpeto de paixões violentas – há, então, a necessidade de se comunicar com o outro – e também de conhecer a natureza –
por fim, os pais deveriam dar
ordens e falar aos seus
filhos, e surgem os imperativos monossilábicos.
Para Vico os
verbos são gêneros de todos os outros a que se reduzem todas as essências, o
que vale dizer, todas as coisas metafísicas; repouso e movimento, a que se
reduzem todas as coisas físicas; a que se reduzem todas as coisas agíveis.
verbo no infinitivo – substantivo –
pronome – interjeição – fonema
Na mandala
poética, essa sequência faz um caminho de retorno, como uma respiração, e fecha
o círculo com versos anacíclicos,
que se podem ler da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda,
mantendo o sentido. Pois nascemos e morremos, falamos e ficamos em silêncio.
Pois as línguas nascem e morrem, surgem e desaparecem, como as mandalas. Os
versos, sulcos retos na terra, vão e
vêm como ondas.
Fonema – interjeição – pronome –
substantivo – verbo no infinitivo – substantivo – pronome – interjeição –
fonema
Na mandala
poética, as ligações não são feitas pela lógica
da sintaxe. Podemos fazer escritas fonológicas, morfológicas,
semânticas, estilísticas. Mas não sintáticas. Ou, talvez, podemos escrever em
uma sintaxe poética, em uma lógica
poética.