1. Se dá voltas a uma escultura,/ o corpo é que a envolve, livre;/ se
penetra em qualquer pintura/ como janela que se abrisse;// se pode boiar numa música,/
nos pauís doentes de que consiste;/ se pode ir em fins de semana/ a romances
que tenham o “habite-se”.//
2. Mas só a arquitetura é total,/ não virtual, ao corpo que a vive,/
ainda mais se essa arquitetura/ numa cidade se urbanize;//
Com os versos de João Cabral de Melo Neto nos despedimos da Casa da Flôr.
Aproveitamos para
agradecer ao sobrinho-neto de Seu Gabriel, que nos acompanhou durante a nossa visita, que contou histórias
sobre a casa e que se despediu de nós recitando uma poesia. Retribuímos agora
com os versos do Ferrageiro de Carmona.
Explicaria o Ferrageiro que as flores de Seu Gabriel são “flores
criadas numa outra língua,/ nada têm das flores de fôrma moldadas pela das
campinas”. A Casa da Flôr não é feita de “[...] uma flor já sabida,/ mas do que
pode até ser flor/ se flor parece a quem o diga”.
E nós, blogueiros, explicaríamos ao Ferrageiro que não foi a força com
que se trabalha o ferro forjado, material de grande resistência, que deu
limites às flores de Seu Gabriel. As flores de Seu Gabriel são feitas de
materiais de pouca resistência, que se quebram facilmente. Foi a força do
pensamento que uniu os cacos, dando-lhes uma nova forma.
Nos posts de Nossos Estudos Poéticos, a arquitetura da Casa da Flôr tornou-se
virtual. Em Nossos Estudos Poéticos, os mosaicos de Seu Gabriel tornaram-se
tesselas de nosso mosaico. Que todas as tesselas venham a ser um mosaico. Que
todos os fragmentos venham a ser tésseras. Que tudo floresça e, depois, volte a ser uma semente.