A água, essa filha primeira, nascida da fusão aérea, não pode renegar
sua origem voluptuosa e, na terra, ela se mostra com uma celeste onipotência
como o elemento do amor e da união... Não é em vão que os sábios antigos
procuram nela a origem de todas as coisas... E as nossas sensações, agradáveis
ou não, não são mais, afinal, que as diversas maneiras do escoar em nós dessa
água original que existe em nosso ser. O próprio sono não passa do fluxo desse
mar invisível, universal, e o despertar é o começo do seu refluxo. Só os poetas
deveriam ocupar-se dos líquidos.
Novalis