Saudamos com o voo das gaivotas a estação em que as coisas caem. Saudamos
o tempo da colheita, sendo ela de alegrias ou tristezas. Saudamos o tempo das
coisas que se dão. Saudamos o poder da Entrega, saudamos o poder da Renúncia, saudamos o poder da Vida.
Com
as gaivotas
Contente de me dar como as gaivotas
bebo o outono e a tarde arrefecida.
Perfeito o céu, perfeito o mar, e este amor
por mais que digam é perfeito como a vida.
E como toda a gente quero alegria.
Mas hoje sou dum céu que tem gaivotas,
leve o diabo essa morte dia a dia.
Os amantes sem dinheiro, de Eugénio de Andrade