4) O Mahabharata – No entremeio

Enquanto Brahma dorme...
em seu sonho de Vida

No entremeio o poeta Vyasa contou a Yudhishthira a história da princesa que ia, ia, sempre ia à procura de seu amor perdido, o rei. Até que um asceta disse para a exausta princesa ir para casa, pois ela nunca acharia seu amor daquela maneira. Quando o rei e a princesa se reencontraram, o passado tornou-se uma noite escura finalmente iluminada por uma lua azulada. Vyasa disse que essa antiga história é um veneno mortífero para o mal e a desventura. Disse ainda que, quando organizara o Veda em seu tempo livre, o livro sagrado dizia que os trapaceiros podem ser destruídos pela trapaça, sem que a honra de quem assim os destrói se turve.

No entremeio Bhima deixou seus irmãos e foi em busca da morada do lótus de mil pétalas a fim de pegar uma flor para Draupadi. No caminho encontrou seu irmão Hanuman. Ambos são filhos do Vento.

O Universo tornou-se água
...

As águas escuras, então,
permaneceram quietas e silentes,
esperando, e nada tocando.
Que forma haverei de assumir
para salvar a Terra deste dilúvio?


No entremeio Yudhishthira disse à montanha: “Possamos nós retornar”. E o vento soprou-lhe: “O Mundo é amplo! O Mundo é enorme!”. Era o 12º ano. Duryodhana conversava às gargalhadas com seu amigo Karna enquanto seu eu sustinha os fios de seu corpo, sustinha lealdade e pesar, vergonha e ambição, amor e energia e desejo e amizade, e tudo o mais – os cem mil fios brancos e negros entretecidos da vida. Seu corpo foi feito por Kalee: a parte superior, de diamante indestrutível; a metade inferior, de flores de montanha.


E arrancou fora sua alma, em ente não maior que um polegar


No entremeio Vyasa contou à Draupadi a história de Savitri. Depois de depositar gentilmente a cabeça de seu amado Satyavan na Terra, Savitri quis ainda caminhar sete passos ao lado de Yama. O deus da morte olhou para ela e ofereceu-lhe uma dádiva, desde que não fosse a vida de Satyavan. Yama, aquele que sempre tira, viu como era bom dar. Caminharam até um riacho. Com as próprias mãos, Yama, de imóveis olhos escuros, deu um pouco de água para Savitri beber e disse: “Não é difícil dar. Quando a vida é finda e tudo precisa ser entregue, dar não é difícil. Durante a vida existe dor, mas nenhuma na morte. Ninguém me escapa. Eu já vi a todos. E, contudo... esta água não é mais límpida que seu coração. Você busca o que almeja, você escolhe e a questão se encerra; não deseja ser nenhuma outra pessoa. Há muito que não vejo isso. Faça-me outro pedido, tudo menos a vida de Satyavan”. Yama suspirou, seus olhos fixos em Savitri: “Eu, mais do que ninguém sei o que são a verdade e a justiça. Sei que todo o passado e todo o futuro são mantidos coesos pela verdade. O perigo dela foge e se esquiva. Quanto vale sua vida sem Satyavan?”. “Nada”, disse Savitri. Yama pediu metade dos dias de Savitri para que ele pudesse dá-los a Satyavan. Savitri não quis saber quantos dias lhe restaram. Com seu amor, ela transformou a desgraça em alegria. Como Draupadi fazia. Deixando-se amar pelos Pandavas, alegrava até mesmo o exílio.

No entremeio ouviu-se a música mais maravilhosa de todo o mundo, com sinos para Draupadi dançar, a flauta de Krishna e um duplo tambor para Arjuna.

No entremeio Krishna ainda sorria, mas havia lágrimas em seus olhos. Terminado o exílio, Duryodhana não quis devolver metade do reino para os Pandavas. Krishna disse a Duryodhana que a paz não era difícil: “Depende apenas de você e de mim”. Faltavam sete dias para o início da guerra na planície dos kurus.




Estudo comparativo da filosofia

Cada sistema apresenta a verdade não somente de um determinado ponto de vista mas também comunica-a por meio de uma linguagem com terminologia peculiar. Consequentemente, a menos que conheçamos o exato significado das palavras usadas como roupas das ideias, estamos arriscados a desentendimento ou confusão em relação às ideias que procuramos transmitir ao leitor. Somente quando temos uma ideia correta e ampla em relação às verdades da filosofia por meio de estudo profundo e comparativo dessas verdades, podemos saber com certeza o significado de uma determinada palavra usada num determinado contexto. 


Pratyabhijna Hridayam de Ksemaraja por I. K. Taimni


Sutra: a arte

A arte de apresentar qualquer assunto em forma condensada como aforismos consiste em separar o não essencial do essencial e apresentar somente a essência a mais interior. 


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Sons e fonemas d’água: u

O crocodilo é a montaria do mantra vam na Índia, confundindo-se com Makara, a montaria de Varuna. Símbolo lunar, o crocodilo é representado pelos maias com o signo u na cabeça. Deste u nascem os nenúfares e os brotos de milho. Era cantado pelos gês como o encanto das águas.