Tio Vânia

Como pode uma frase ganhar tanta força, tanto peso, tanta gravidade? É como se ela condensasse e sugasse lentamente tudo que aconteceu ali até então – todo o texto, a ação, a energia que transitou entre as palavras, as vozes dos personagens, a música, a nossa atenção, a emoção, o movimento, o espaço, a luz. Em um gesto, seria separar os nossos braços o máximo que pudéssemos e, depois, juntá-los em um movimento até que abraçássemos a nós mesmos. Como um pralaya, o fim de um pequeno mundo, que vai se tornando cada vez mais distante de nós, sem que se perca, no entanto. Parece que ainda ouço a frase se repetindo: “Nós descansaremos”, dita por Sonia (ou Sofia naquele momento?), em Tio Vânia no Sesc Ginástico, encenação de 26 de agosto.


Nadir e Letícia (por soleá)

1ª parte – Estudo de poemas por soleares (2006-2008)

        1 

1ª letra – Sol-posto

O sol cai pelo vale fundo
posto em ladeiras e alamedas
vira o bairro nadir do mundo

Raios solferinos escarpam
nuvens encarnadas e roxas
nuvens que solitárias zarpam

É a hora da soleá
Quem vier aprender a velha
lição das nuvens sofrerá

        2

1ª letra – Soleá da panela

Chia o silêncio da panela
de pressão. E grita a vizinha:
“que letra feia, Rafaela!

É da mamãe ou do mamão
que tá escrito aí? Esqueci
da beterraba no feijão!”

Come e vive pela beirada
esquecida às margens de tudo
indo do grito à voz calada

        3

1ª letra – Soleá do vassoureiro

“Olha a vassoura aí, freguesa!”
Grita o vendedor lá na rua
pegando todos de surpresa

Segue pela rua deserta:
“Olha a vassoura aí, freguesa!”
grita o vendedor sua oferta

Ninguém a vassoura queria
nem para varrer o quintal
nem para fazer bruxaria

        4

1ª letra – Soleá do tártaro

Ouço o barulho de uma fonte
fonte do esgoto entupido
vômito do tártaro urbano
borbulha guloso de lixo

        5

1ª letra – Soleá do mormaço

O mormaço arrasta o dia
e nada se desvencilhou do cansaço
do meu cansaço nada surgiu
não foi criado
nada ainda do cansaço
Nuvens movediças de chumbo
quanto mais eu as analiso
quanto mais eu as analiso
mais eu sinto que afundo

        6

1ª letra – Soleá das ciganas

As ciganas daqui são
andarilhas não do espaço mas do tempo
as andarilhas do espaço não
andam no tempo
no labirinto de tempos
E na noite que coagula
colhem rosas que plantei
colhem rosas que plantei
na encruzilhada rua

        7

1ª letra – Soleá do passar

Consumindo-me na tarde
Passando a roupa na fumaça de tudo
Suando na fumaça de tudo
Passando o sol
sobre o ruído da tábua
cá e lá o ferro a vapor
enquanto isso o café passa
enquanto isso o café passa
fresco no coador

        8

1ª letra – Soleá da xilografia

Pois então, xilomante, venha ler agora
soleares, mas venha lê-las fibra a fibra
por de topo, e fio e cor e salteado
o rigor e a firmeza bem escrita, venha
pra leitura profunda, jonda, baixa, morta
do meu fado gravado neste vão tablado
com sapatos de couro preto e muito usados

        9

1ª letra – Soleá da fila

Enfileirado e ao sol
o pobre vai ocupando seu lugar
na porta do banco
na porta da ong
na porta da igreja
na porta da escola
na porta do posto
ao sol e enfileirado
e com sua senha
o pobre vai se pondo
no seu devido lugar
na porta do mundo

        10

1ª letra – Soleá do jardim

A caridade sem evolução
é como a natureza sem Deus
A caridade só com merecimento
não é nem como a natureza só com arte
Esta caridade
é como um paisagismo
é como usar uma planta
é como usar um livro
é como usar um quadro
é como usar uma coreografia
só para decoração
Bonita, não bela
Útil, não essencial
Fogo, mas de artifício
Luz, mas artificial

      11

1ª letra – Soleá do destino

/Todo verdadeiro encontro é solitário/É preciso mergulhar para não entrar na onda// A solidão, na superfície, é um incômodo/A solidão, no fundo, é um encontro/A solidão faz encontrar o conselho nas profundas águas do coração/ Nada do que o meu coração sente é sublimado/ Pelo líquido estado do sangue e das lágrimas/ Tudo é passado//Todo verdadeiro encontro é unidade, é comunhão/É preciso mergulhar para que a onda não me leve\

      12

1ª letra – Soleá

A soleá é um baile de movimentos invisíveis que buscam o que está no fundo. Esse movimento que não aparece é a resistência. Quem a dança o faz com a intenção da dificuldade, com todas as suas entranhas e com todo seu peso. É a dança da Terra. A dança da experiência da solidão, do desengano e da transformação. São as três horas da tarde da sexta-feira da paixão. A dança da gravidade. A dança que atrai todos os males terrenos.

A dança que atrai todos os males terrenos para expô-los, para pô-los ao sol na descensão.


Para conhecer o estudo que levou a esse poema:
http://nossosestudospoeticos.blogspot.com/2011/08/nadir-e-leticia-sobre-flamenco.html

Para ler a 2ª parte - Estudo de poemas por alegrias:
http://nossosestudospoeticos.blogspot.com.br/2011/09/nadir-e-leticia.html


Nadir e Letícia: estudo de poemas por bailes flamencos

FLAMENCO

A ideia de escrever um poema flamenco surgiu dos seguintes versos de João Cabral: “A Andaluzia é de ouro e cobre, / mas nenhum dura mais que um dia: / se alternam, como em seu cantar / à ‘soleá’, segue a ‘alegria’”. Para a criação do poema também foram importantes seus Estudos para uma bailadora andaluza. E se ao invés disso eu escrevesse os estudos de um(a) bailaor(a) brasileiro(a)? Interessavam-me no flamenco os contrastes (de movimento, ritmo, sentimentos) e o seu vocabulário próprio. As questões que me fiz foram: 1) o poema pode ser, ao lado do cante, do baile e da guitarra, um dos elementos do flamenco? 2) qual é a diferença entre expressão e significação? Esta última pergunta se deve ao fato de eu ter ouvido que no cante, no baile e na guitarra a expressão era mais importante que o significado. Isso me inquietava um pouco.

BAILE

Dentro do flamenco, comecei a pensar no baile, pois era o que eu estudava. Duas coisas me chamavam a atenção. Primeiro a estrutura do baile – saída, chamada, letras, escobilla, subida e cierre. Segundo, o dançar as letras, parte do baile em que o bailaor dança acompanhando o cante.

Acompanhe mais lá:

COREOGRAFIA

Parti então para a ideia de a palavra coreografia significar a escrita do corpo. Pensava, assim, nas oposições entre a coreografia e o improviso, os ensaios e a apresentação. Pensava também na distinção entre uma coreografia e uma sequência de passos.

DANÇA

“A dança não se faz apenas dançando, mas também pensando e sentindo: dançar é estar inteiro”. A frase é de Klauss Vianna, para quem a dança é um modo de existir. Lendo seu livro ampliei minha visão de baile flamenco para a visão de dança como forma de arte. Comecei também a pensar sobre as seguintes noções: corpo e respiração; ritmo e espaço; equilíbrio e flexibilidade; memória muscular, linguagem corporal, vocabulário gestual e consciência do gesto. Acredito, no entanto, que o que eu consegui extrair de mais importante da leitura foi a presença do sagrado e do espiritual na dança. Klauss Vianna escreveu muito sobre a necessidade de se encontrar a sua própria dança, uma dança cuja técnica estivesse ligada à vida cotidiana. Donde me veio uma pergunta: o poema poderia ser a minha dança?

Acompanhe mais lá: http://www.klaussvianna.art.br/

MOVIMENTO

Para Laban, a esquematização do conteúdo da dança em palavras não é possível. As palavras podem apenas descrever um movimento. Surge aqui um desafio: como escrever um poema flamenco a partir do baile sem descrever a dança? A dança literária é aquela cujo conteúdo pode ser descrito em resumo. Difere da dança que se baseia nos aspectos da natureza humana que antecedem a fala e as palavras (dança moderna) e das danças folclóricas tradicionais e nacionais, que não podem ter um resumo (dança abstrata). Meu problema era o fato de o flamenco ser uma dança étnica. Talvez a solução estivesse no exercício proposto por Laban – pensar por movimento em vez de pensar em palavras.

Ao escrever sobre a poesia do movimento, Laban ressalta que o ser humano durante longo período não foi capaz de descobrir a conexão entre seu pensamento-movimento e sua palavra-pensamento. “A dança usa o movimento como linguagem poética” afirma Laban. Outros temas de interesse: tempo, peso, fluência, posição e cnesfera (limites naturais do espaço pessoal no seio do qual nos movimentamos).

MOVIMENTO E PENSAMENTO

Depois de ler Laban, reencontrei algumas anotações antigas que eu tinha feito a partir da leitura dos pré-socráticos da coleção Os pensadores. De acordo com Nietzsche, “o ponto de partida de Demócrito é acreditar na realidade do movimento porque o pensamento é um movimento. O movimento existe porque eu penso e o pensamento tem realidade. Mas se há movimento, deve haver um espaço vazio, o que equivale a dizer que o ser é tão real quanto o não ser. Se o espaço é absolutamente pleno não pode haver movimento”. Como eu poderia pensar o movimento ou como meus pensamentos poderiam se mover em um poema flamenco?

MOVIMENTO E APRENDIZAGEM

Como a ideia inicial era fazer um poema flamenco que fosse também um estudo, algumas leituras sobre a importância do movimento para a aprendizagem foram bastante úteis. Em Flavell-Miller&Miller encontrei passagens sobre o fato de o movimento ser essencial para o desenvolvimento cognitivo dos bebês, pois os ajuda a construir o conceito de objeto bem como a diferenciar os seres que têm vida dos que não têm. Já a leitura de Carrilho foi enriquecedora por tratar das apraxias, ou seja, da desordem da realização de algum gesto ou ato motor que não pode ser justificada por anormalidades em canais sensoriais aferentes ou motores eferentes, na ausência de deterioração intelectual, déficit de atenção ou de compreensão. Problemas de linguagem e de conceito podem afetar nossos movimentos?

POEMA

Procurei, principalmente na literatura brasileira, poetas que tivessem escrito sobre flamenco e dança. Além de João Cabral, encontrei Murilo Mendes e Silvia Jacintho. Escrevi então Nadir e Letícia: estudos de poemas por bailes flamencos. Dividi o texto em duas partes. Primeiro a ‘soleá’ (solidão), depois as ‘alegrias’. Cada parte está dividida em doze poemas, um para cada tempo do compasso da ‘soleá’ e da ‘alegria’. Cada poema se divide em um número variável de letras totalizando noventa e duas. Estudei um pouco da métrica, da rima e das estrofes da ‘soleá’ e da ‘alegria’ para compor meus versos, além de buscar a minha própria forma.

Vou apresentar no fragmento Exercícios algumas das letras que eu escrevi com o título Nadir e Letícia, ciente de que isso impede o conhecimento da unidade do poema da mesma forma que uma visita rápida a alguns pontos turísticos não nos torna conhecedores de uma cidade. O critério de seleção das letras foi simples – trata-se da primeira letra de cada poema da primeira parte do texto e de sua correspondente na segunda parte do texto.

Leia Nadir e Letícia: http://nossosestudospoeticos.blogspot.com/2011/08/nadir-e-leticia.html

Autoentrevista

Achamos uma afinidade muito legal com Paulo Vitor Cruz, escritor mineiro que recentemente lançou seu primeiro livro de poemas intitulado Subverso.

Apesar de algumas diferenças conceituais, o que mais nos aproxima é a vontade de pensar sobre o que é fazer poemas e por que fazê-los. O termo autoentrevista é muito adequado.

Girassol Vítreo II

Girassol Vítreo II
:: 10.01.2008 ::

1.
neste sorriso há duas mulheres
ambas escondem-se de si
e dia-a-dia se combatem
à noite (no espelho)

uma tem preso o cabelo
e gestos contidos de pólvora seca
a outra tem os cabelos soltos
como as próprias opiniões
e a expansão explosiva do vento
uma tem gestos secos, incêndio nos olhos
e no olhar, a natureza tímida e presa
a outra: a voz estala
aos roncos de um motor recém-nascido
a voz estala na carne
ao som da navalha e do fogo

2.
no mesmo sorriso há duas mulheres
ambas combatem-se ombro a ombro
como pedestres apressados

combatem-se
o timbre das ondas e a audição dura das pedras
e duro o coração faz do dia um silêncio
mas soluça a voz esquecida:

por isso, cuida bem como os bichos
e como os bichos, cuida do teu lar

este lar, que te origina e te dá sentido
te prende pelos ossos
e deixa teus nervos soltos ao vento
no espelho de tua alma

3.
há duas mulheres em desafio
(à noite) como sombras na parede
e nestes vestígios perpétuos
eterna é a guerra, não o sofrimento

há lembranças pontiagudas
e tiros e tiros nas palavras de todo amor
que termina

é como as balas mergulham na pele
e no rosto e nos membros duros
— como um sorriso de vidro.


O que é estudar-se?

Quando reflexivo, o verbo estudar significa observar-se, analisar-se, aprender a conhecer-se. Rilke escreve-nos em suas cartas sobre dois aspectos da arte. A arte tanto contribui para que o artista se torne compreensível aos outros quanto permite que o artista compreenda a si mesmo.

Vincent buscava colocar todo seu sentimento em sua obra e utilizar toda sua inteligência para tornar sua obra compreensível a todos. Como fazer isso sem conhecer seus próprios sentimentos e sua própria inteligência?

É Vincent também quem escreve sobre o fato de a compreensão de uma única coisa conduzir à compreensão e ao conhecimento de outras. Essas outras coisas não podem ser também o si mesmo?

O aperfeiçoamento e a compreensão dependem da observação intensa, da paciência, do esforço de vontade, da meditação, da prática constante. Estudar é percorrer seu próprio caminho. Estudar poesia é o meu caminho nesta vida.


O que a poesia estuda? (2)

Aproveitando o estudo dos gêneros poéticos feito por Emil Staiger, poderíamos pensar em um caminho poético para o conhecimento...

O poeta lírico não sabe nada do mundo; o épico alcança uma visão do mundo; o dramático é capaz de julgar esse mundo perguntando-se por que razão; o trágico destrói a razão, a lógica do mundo que foi vista.

A poesia pode estudar mundos lírica, épica, dramática e tragicamente. Partindo de uma ignorância anterior à observação, pode-se passar pela distinção, pela análise crítica do que se torna visível, até se atingir um novo estágio de ignorância que permitirá iniciar outro ciclo de conhecimento. O registro desse estudo é a poesia, a criação.


O que a poesia estuda?


Alguns autores acreditavam que atingir um conhecimento objetivo não era a finalidade da contemplação estética. Para outros a arte tem o caráter de fornecer novos conhecimentos, já que ela está cheia de problemas para os quais não há soluções nos livros.

Que tipo de conhecimento podemos alcançar por meio da poesia? Conhecimentos subjetivos?

A ciência tem seu próprio método – observação, problema, hipótese, experiência, conclusão. Qual seria o caminho da poesia?


O que é estudar poesia?

O que podemos estudar para aprender poesia? Poemas, poetas, a língua, a literatura, as artes, as emoções, os sentimentos, o ao redor, o que não tem nome?

Rodin, segundo Huberto Rohden, ensinava: “apoderai-vos das regras da técnica, e depois esquecei-as todas e cedei à inspiração”.

Será assim a criação realizada pelo ser humano?


O que é estudar?

Li em uma das cartas de Vincent a Theo o seguinte: "Fazer estudos, no meu entender, é semear, e fazer quadros, é colher". Cultivo, garimpo, mergulho, sondagem, escavação... essas são algumas das imagens que nos remetem ao estudo. Uma atividade de concentração e busca, de vigilância e êxtase, de análise e intuição.

Gosto muito da palavra estudo e de sua etimologia - aplicação zelosa, ardor. O estudo combina momentos de admiração e de compreensão. Momentos que não passam com o tempo, pois estudar envolve também a fixação de algo na memória. Algo belo que, ao ser compreendido e admirado, ao ser aprendido, nos cativa e passa a se revelar para nós como um conhecimento.


Como trabalha o poeta? (2)

Saint-John Perse descreveu a importância imensa da intuição e do inconsciente. Einstein parecia todo feliz. “Mas a mesma coisa se dá com um cientista – disse ele. O mecanismo do descobrimento não é lógico e intelectual; é uma iluminação súbita, quase um êxtase. Em seguida, é certo, a inteligência analisa e a experimentação confirma a intuição. Além disso, há uma conexão com a imaginação.”.
           
O que deixou Einstein tão feliz é válido ainda hoje? As possibilidades humanas mudaram tanto assim em tão pouco tempo?


Como trabalha o poeta?

Como trabalha um poeta? Como lhe vem a ideia de um poema? Como é desenvolvida esta ideia?

Essas não são nossas perguntas. Foram feitas por Einstein ao poeta Saint-John Perse. É o que nos conta Huberto Rohden, citando André Maurois no livro "Einstein, O Enigma do Universo".

Quer dizer, essas perguntas também são nossas. O estudo não começou por elas, mas até elas chegou. E ainda aí permanece.

Tão importante quanto compartilhar respostas é compartilhar perguntas. Um cientista faz isso. Einstein fez isso, e nos deixou uma grande indicação em sua resposta.


Exercícios

A ideia do fragmento Exercícios é apresentar o resultado de nossa tentativa em realizar o que despretensiosamente nos propomos.

Gostaríamos que esse fragmento fosse um espaço para entrar em contato com os exercícios de outros estudantes. E, se possível, gostaríamos também de trocar apreciações sobre os trabalhos apresentados.


Eventos

A ideia do fragmento Eventos é uma extensão do fragmento Espontâneos. A presença em um evento sobre arte já desperta a expectativa de que algo poético seja encontrado. Uma peça de teatro, uma apresentação de balé, uma exposição, uma mesa redonda, um debate são alguns exemplos desses acontecimentos.

A intenção não é escrever resenhas, mas registrar o que antecede e o que sucede ao evento, além do que naturalmente ocorre no próprio evento.


Recitando

A ideia do fragmento Recitando é reunir pensamentos que tenham afinidade com o propósito desse blog.

Neste espaço, importa menos o emissor da mensagem do que o conteúdo emitido. Por isso, esses pensamentos podem vir de diversos contextos – entrevistas, programas de televisão, mesas-redondas, artigos de revista, propagandas, outros blogs, etc.

Recitando esses pensamentos, acreditamos poder aproximar pessoas que compartilhem as mesmas idéias. Acreditamos ser mais um elo na corrente, mais um centro transmissor dessas mensagens.


Livros

A ideia do fragmento Livros é registrar anotações feitas a partir da leitura de alguns livros.

Tais livros podem ser divididos em três classes: a própria obra literária, seja ela em verso ou em prosa; a teoria e a crítica de literatura; a visão dos autores sobre o processo criativo e sobre as criações.

Essa divisão oferece várias perspectivas. O criador possui a visão anterior à obra feita. Depois de realizada, a obra oferece a nós leitores a oportunidade de ser vista. Podemos contar ainda com a visão de um crítico especializado, que trata tanto de uma obra em particular quanto da literatura em geral.

As três perspectivas se complementam e permitem ao estudante amadurecer suas próprias impressões e ampliar suas compreensões.


Linguagem

A ideia do fragmento Linguagem é registrar estudos diretamente ligados à língua portuguesa num sentido mais restrito. De maneira mais ampla, cabem aqui estudos de linguagem, isto é, estudos sobre as maneiras de o ser humano se comunicar.


Palavras

A ideia do fragmento Palavras é registrar um estudo mais aprofundado sobre as palavras, tratando de seu significado, sua etimologia, sua formação e seu uso literário ou corrente, pois a palavra é um elemento-chave da obra literária.

Em nosso conceito, a palavra é também a representação de um pensamento. Por isso, devemos conhecê-la a fim de evitar seu emprego gratuito. Outro aspecto pertinente a este fragmento é o conhecimento que se pode adquirir através das palavras, pois elas trazem informações de várias épocas e culturas.

Nossas fontes são principalmente dicionários – de sinônimos, de etimologia, de analogia, de mitologia, entre outros – e a fala diária das pessoas.


Poético

A ideia do fragmento Poético é reunir evidências da realidade da Criação. Como já mencionado no perfil do blog “A Nossa Ideia”, pensamos principalmente na origem grega da palavra – poíesis. Pensamos na ação de fazer algo, proporcional à forma como os universos são feitos.


Estudo

A ideia do fragmento Estudo é amadurecer cada vez mais o conceito do que é estudar e ressaltar o papel do estudo no processo de criação.

Gostaríamos de enfatizar a diferença que existe entre estudo e pesquisa, pois nosso estudo não é uma atividade sistematizada nem acadêmica. Ela pode ser objetiva ou não. O estudo não é frio nem distante. Porque nossa opinião estará presente, ele pode ser intencionalmente parcial.


Teoria

A ideia do fragmento Teoria vem de longe. Theoría é a palavra grega para visão. No Aurélio, encontra-se como ‘ação de contemplar’, ‘examinar’, ‘estudo’. Teoria são noções gerais sobre algo.

Em nossos estudos, esse fragmento reunirá as anotações que se referem a nossa visão de mundo. Na verdade, esses registros não discriminam as fontes das quais jorram qualquer noção nova sobre o ser humano e sobre as coisas; qualquer acréscimo ao nosso estudo, ao nosso conhecimento, a nossa maneira de compreender a vida é bem-vindo.

A visão é a essência do poeta, do criador. Naturalmente não é um conceito nosso, é de Rohden. Mas concordamos que para o grande poeta há de existir a vidência grande também. Essa é sua fonte individual. Depois disso, a criação pode ocorrer em vários domínios da técnica humana: num poema, num romance, numa pintura ou música, na filosofia, na ciência e na religião. Em nosso caso, o poeta não está restrito à literatura, mas se faz presente em toda situação de criação.

O fragmento Teoria é o princípio e o elemento unificador de nosso blog. Partindo desse fragmento, as ideias do blog vão se espalhando em outros, tais como: conceitos de estudo, conceitos poéticos, estudos sobre a linguagem, sobre a palavra, sobre os livros apreciados, sobre citações e referências aos pensamentos de outros estudantes, sobre os eventos frequentados e seus frutos poéticos, chegando, por fim, ao fragmento dos exercícios.

A intenção é erguer uma ponte para que os fatos espontâneos do dia-a-dia culminem nas criações da prática literária. Na travessia teoria-exercícios, os elementos que irão compor uma criação percorrem um caminho em que alguns fragmentos podem ser fotografados e se juntar à obra que será realizada.


Fontes de Teoria:

¿ H. Rohden
¿ H.P. Blavatsky
¿ E. Lévi


Espontâneos

A ideia do fragmento Espontâneos é registrar imagens, pensamentos, sensações e fatos do dia-a-dia que possam ser destacados da rotina por um olhar um pouco mais atento e sensível.

Esse olhar procura extrair e reter algo das camadas mais profundas de um dia comum. Algo que tanto pode ser usado numa futura composição quanto tornar o cotidiano mais poético.