Visões de histórias maravilhosas

¿!  Histórias maravilhosas de deuses e semideuses podem não ser imaginação.
¿!  Histórias maravilhosas de gigantes e anões podem não ser criação poética.
¿!  Histórias maravilhosas de dragões e monstros podem não ser invenções.


Universo em fragmentos

Dado que o mundo físico é apenas o revestimento mais externo do universo manifestado, nosso conhecimento deste universo está destinado a permanecer fragmentado e extremamente parcial. 


I. K. Taimni – A Ciência do Yoga


Mestres calceteiros


Mar largo - estrutura geométrica do calçamento em ondas (croqui José Tabacow)


A arte pública do mosaico de pedras portuguesas, formado pela justaposição de pedras de formato irregular, é uma tradição dos países lusófonos derivada possivelmente do mosaico romano. Os pavimentos calcetados de pedras de calcário branco e preto datam de 1500 e foram muito empregados no paisagismo de meados do século XIX. Uma das técnicas utilizadas na elaboração desse mosaico é o mar largo. Um exemplo é o calçadão de Copacabana, projetado no início do século XX por Burle Marx, Haruyoshi Ono e José Tabacow.

Hoje muitos desses mosaicos vêm sendo substituídos por cimento. A justificativa para a destruição dos mosaicos é politicamente correta – falta de acessibilidade para deficientes físicos, piso escorregadio para idosos. Já outros mosaicos vêm sendo substituídos por asfalto. A justificativa é a mobilidade urbana – pistas mais largas para carros e abertura de ciclovias. Tudo se encaixa. Mas não sabemos para onde vão as pedras retiradas.

Dizem os anônimos mestres calceteiros, no entanto, que a destruição do mosaico se deve à incompetência de nossa época: aplicação em locais indevidos, situados em áreas inclinadas, reparos realizados por mão-de-obra não qualificada, buracos por causa do mau encaixe das pedras. Cimento e asfalto são as vantagens do imediatismo e do simplismo e do baixo custo.

A lição que podemos aprender com os mestres calceteiros é a seguinte: a arte identifica sua época e seu espaço até mesmo quando abandonada, desprezada e destruída. E reflete as qualidades que desenvolvemos. A calcetaria só é bela e segura quando bem feita.

Todos os anos, milhões de pessoas se reúnem no mar largo de Copacabana para celebrar a chegada do ano novo. Jogam flores no mar, acendem velas, abrem garrafas de espumante, brindam, fazem pedidos, votos e promessas. Celebremos, então, o nosso tempo e o nosso espaço, refletindo sobre as qualidades que vamos desenvolver ao longo de 2015. As qualidades que vão nos identificar.

Fonte da imagem: Vitruvius