1.
O homem compreendeu a Natureza –
gerar
herdeiros e lançar sementes...
Sorver sementes, semens
e ovos dourados pela terra,
sorver sementes pelos campos,
nos vincos, nos sulcos,
nos poros da pele,
sorver sementes
nos versos profundos da
terra,
na
língua materna.
Sorver mesmo esse amor passivo,
esse enlace
de duas serpentes no cio.
Essa fusão nuclear
de minúsculos corpúsculos
não vai sucumbir sem sementes lançar.
2.
O homem compreendeu a Natureza
e quis dominá-la:
do amor é
gestação o instinto;
o
casamento, legislação.
Instintos nascem e instintos morrem...
e
têm de gerar amores mais vivos.
Instintos nascem e instintos morrem...
E morrem
casamentos de instintos inférteis...
Improdutivos...
Instintos nascem e instintos morrem...
morrem os
impulsos... os pulsos...
os batimentos latejantes morrem... sem cessar.
3.
... O tempo
sempre apaga
o fogo de qualquer
paixão...
Apaga, paixão, apaga – apaixonada,
devora corações adolescentes,
brota da terra,
desperta as serpentes epidérmicas,
rasteja com desculpas nos dentes
e na boca,
rasteja ardente,
e mastiga o próprio ventre.
Apaga, paixão, apaga – apaixonada,
sufoca com teu corpo
esparramado no chão;
apaga
e
sufoca, pois,
com
tua própria paixão.
... E não chores o fogo
apagado.