O tremor

Quando a Terra volta a escrever seus profundos versos, um vento que não sopra derruba asas de pedra no chão. Quando a Terra abre seus profundos versos, ela nos une ainda mais. Os versos da Terra só destrõem, só engolem o que já é dela mesma.

Recitamos um trecho do Ramayana, ilustrando-o com uma imagem da ave Garuda antes do terremoto deste nosso outono:


Indra esteve escondido perto da Terra. Atirou um raio e atingiu o peito de Garuda. Com esse golpe, todo o conhecimento veio a Garuda. Ele ficou sabendo tudo o que já existira, tudo o que existia e tudo o que viria a existir; conheceu-o num instante.





Ora, em sinal de respeito pelos dias passados, quando aquele raio insuportável o atingiu, Garuda deixou cair uma pena. A pena de ouro revoluteou no ar, do tamanho de um escudo de guerra.


O Ramayana – William Buck