Nasadiya Sukta: Hino ao Criador por A. Vieira


O Hino da Criação

Não havia então não-existência nem existência;
não havia o reino do ar nem o firmamento por trás dele.
O que protegia e onde? E o que dava abrigo?
Estava ali a água, a desmedida profundidade da água?

Não havia morte então, nem havia algo imortal;
não havia sinal ali, o divisor do dia e da noite.
A Massa Unitária, sem vida, vivia por sua própria natureza;
além dela nada mais havia.

As trevas lá estavam; a princípio escondido nas trevas
Tudo era um caos indiscriminado.
Tudo que existia então era vazio e informe.
Mas pelo grande poder do Calor nasceu aquela Unidade.

A seguir, surgiu o Desejo no começo, o Desejo,
a semente e o germe primordial do Espírito.
Os sábios que buscavam com o pensamento de seus corações
descobriram o parentesco do existente no não-existente.

Transversalmente estava estendida uma linha de separação:
o que, então, havia acima e abaixo dela?
Havia progenitores, havia forças poderosas,
ali havia ação livre e energia mais além.

Quem verdadeiramente conhece e quem pode aqui
declarar de onde nasceu e de onde veio essa criação?
Os deuses são posteriores a essa produção do mundo.
Quem sabe então como se originou?

Ele, a primeira origem da criação,
formou tudo ou não formou.
Na verdade, Ele, cujo olho vela pelo mundo nos altos céus,
sabe, ou talvez não saiba...


O Hino da Criação, traduzido por Alexandre Vieira de The hymns of Rig Veda, de R. T. H. Griffith.

Rig Veda, Mandala 10, Sukta 129, em sânscrito, escrita devanagari. Transliteração do devanagari para o alfabeto latino. Tradução para o inglês. E tradução para o português.