Os gêneros literários – a Questão


A questão dos gêneros literários é uma velha questão. E das questões se criam universos.

O problema é: os gêneros literários realmente existem? E se existem, eles são meramente convenções estabelecidas pelo hábito ou eles são estruturas universais que abarcam toda a possibilidade de criação literária?

Em Welleck & Warren, o tipo literário é uma instituição tal como a Igreja, a Universidade ou o Estado. No entanto, eles não explicam de onde os gêneros vêm.

Massaud Moises diz que os gêneros nascem de uma espécie de imposição natural, de algo como a adaptação do indivíduo ao ritmo cósmico. Mas não explica o que é esse algo nem a relação entre gênero e ritmo cósmico.


A questão


Existem leis ontológicas ou cosmológicas das quais os gêneros são uma extensão, manifestação ou expressão no mundo literário e linguístico, ou simplesmente os gêneros não existem?


A criação


Aplicar ao estudo dos gêneros literários os princípios ontológicos, que são tão velhos como o mundo.


O universo


As leis ontológicas ou cosmológicas existem. Os gêneros existem, da mesma forma que as leis da lógica existem. O fora da lei, por mais que ignore, não invalida a existência da lei.

Os gêneros literários são conjuntos de possibilidades para a organização de obras literárias, e derivam de uma necessidade ontológica. Eles estabelecem os limites das possibilidades da invenção literária, diferenciando-se num certo número de direções e orientações para o desenvolvimento do trabalho.

Eles funcionam como as direções do espaço – quanto mais o núcleo essencial de uma obra é estritamente comprometido com as regras de um gênero, mais difícil será escapar dessas regras ou até combiná-las. Algo como escolher rumar para o Norte, situação em que todos os passos seguintes, para se manterem coerentes e razoáveis, devem seguir essa mesma direção com maior ou menor retidão a fim de atingir o local pretendido.


“Os gêneros literários, a rigor, são realidades arquetípicas:
a dificuldade em ver está no sujeito e não no objeto”
(Os gêneros literários: seus fundamentos metafísicos. O. de Carvalho)


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