Mangifera indica – 13/12




13/12  “A planta é um corpo de que o vento é a alma”
“Que o vento vai levar rumo diverso,
do último galho e do último soneto
a última folha e o derradeiro verso”
“O vento é o mesmo:
mas sua resposta é diferente em cada folha
somente a árvore seca fica imóvel”

Olhando a árvore pela janela:
Anteontem na noite do eclipse lunar
anteontem na noite do solstício de verão
eu ouvi não a voz das árvores
eu ouvi a voz dos poetas
conversando em uma língua muito antiga
Uma língua da época em que as palavras
ainda não haviam deixado de ser parábolas

Olhando a poesia pela árvore:
e fogos se moveram sobre a face das águas
luzes e estrelas
anjos e sinos
(que um dia foram símbolos)
amanhã serão todos guardados
ao se desmontar a árvore de natal
Alguém disse que ele disse
que pelo fruto
pode-se conhecer a árvore
querendo dizer
que a boca fala
do que se tem no coração


13/11        13/01