A quatro quadras daqui


Vagões tresmalham nos trilhos
Às cinco e trinta da madrugada.
Cracudos vagueiam franzinos
Marchando com sua armada.

Nos olhos navegam cascudos
Fantasmas, turvando a alvorada
Às cinco e trinta da madrugada.

Crack, crack, crack –
         Estrondo de alma quebrada
Nos trilhos, comboio que arde
Às cinco e trinta da madrugada.

         As sombras esquálidas e ocultas
Zumbem, zumbem... E estraçalham
         Os trilhos, a névoa e a noite – pra amanhecer tudo
Às cinco e trinta da madrugada.