No princípio não há nada.
Nós existimos no entremeio.
Depois, nada há
novamente.
No fim, enquanto o filho de Drona recitava um mantra para a destruição
dos Pandavas e de Krishna, Arjuna recitava o mesmo mantra para haver paz no
mundo inteiro e nele mesmo. Vyasa deteve o mantra do filho de Drona. E Krishna
deteve o de Arjuna.
No fim Arjuna retirou as cordas do arco Gandiva. Draupadi chorou a
morte de seu irmão. “Tanta coisa aconteceu”, ela lastimou.
No fim Krishna sentou-se ao lado de Sanjaya e do rei cego e, com
palavras que fluíam docemente, começou a contar-lhes: um bilhão e seiscentos e sessenta milhões e
vinte mil homens caíram nesta batalha. E pôs-se a recitar-lhes os nomes.
No fim, em Kurukshetra, todos
os sinais de batalha sumiram. Kama entoou um cântico: “Para longe as
preocupações do mundo!”.
No fim só há um inimigo – a
ignorância.
No fim Yudhishthira foi consagrado rei. Recitou silenciosamente seu
mantra secreto, que nunca será escrito e nunca será dito para ser ouvido.
No fim músicos bharatas tocaram a canção de que ninguém mais se recorda.
Foi no nascimento do filho de Arjuna, o nascimento do neto de Indra. Só o rei
Gandharva e outros reis parecem ouvi-la.
No fim o rei cego morreu na floresta.
No fim Sanjaya partiu para os Himalaias e ele pensou: “Terra, minha mãe, quanta ingratidão naqueles
que rejeitaram sua fartura e preferiram entregar-se a Yama. Como é possível que
eles a vissem qual mansão de dor e tristeza, onde ninguém pode permanecer?”.
No fim Krishna voltou para sua cidade. No caminho, um brâmane comentou
sobre a guerra que o Senhor havia conseguido impedir. E quando Krishna
finalmente chegou em seu lar, ninguém quis ouvir o que ele tinha a dizer sobre
a guerra. Arjuna, seus irmãos e Draupadi, vestidos de preto, caminharam para o
norte. A cidade de Krishna, próxima ao mar, foi coberta pelas águas. Krishna vagava por uma floresta. Deitou-se na
grama e pensou: “Arjuna, onde você está? Amanhã destruirei o mundo por causa de
sua maldade”.
Nesse instante um caçador confundiu o pé de Krishna com um bicho da floresta e
lançou-lhe uma flecha. Krishna morreu, com sua túnica amarela e seus quatro
braços.
Vaisampayana disse: “Curvo-me perante Deus, que habita este mundo
dentro de nós. A quem o chamar, por qualquer nome, por esse nome Ele virá.
Portanto, cautela e reverência com os nomes de Deus. E assim encerro minha
história”.
Saunaka disse: “Junto à árvore de Narayana, cujas folhas são canções,
no seio da montanha, os atores se reuniram e se perguntaram: ‘O que faremos a seguir?’”.
NEP dizem mais uma vez: “O que não está no Mahabharata não está em
nenhum outro lugar”.