7) O Mahabharata – no fim


No princípio não há nada.
Nós existimos no entremeio.
Depois, nada há novamente.


No fim, enquanto o filho de Drona recitava um mantra para a destruição dos Pandavas e de Krishna, Arjuna recitava o mesmo mantra para haver paz no mundo inteiro e nele mesmo. Vyasa deteve o mantra do filho de Drona. E Krishna deteve o de Arjuna.

No fim Arjuna retirou as cordas do arco Gandiva. Draupadi chorou a morte de seu irmão. “Tanta coisa aconteceu”, ela lastimou.

No fim Krishna sentou-se ao lado de Sanjaya e do rei cego e, com palavras que fluíam docemente, começou a contar-lhes: um bilhão e seiscentos e sessenta milhões e vinte mil homens caíram nesta batalha. E pôs-se a recitar-lhes os nomes.

No fim, em Kurukshetra, todos os sinais de batalha sumiram. Kama entoou um cântico: “Para longe as preocupações do mundo!”.

No fim só há um inimigo – a ignorância.

No fim Yudhishthira foi consagrado rei. Recitou silenciosamente seu mantra secreto, que nunca será escrito e nunca será dito para ser ouvido.

No fim músicos bharatas tocaram a canção de que ninguém mais se recorda. Foi no nascimento do filho de Arjuna, o nascimento do neto de Indra. Só o rei Gandharva e outros reis parecem ouvi-la.

No fim o rei cego morreu na floresta.

No fim Sanjaya partiu para os Himalaias e ele pensou: “Terra, minha mãe, quanta ingratidão naqueles que rejeitaram sua fartura e preferiram entregar-se a Yama. Como é possível que eles a vissem qual mansão de dor e tristeza, onde ninguém pode permanecer?”.

No fim Krishna voltou para sua cidade. No caminho, um brâmane comentou sobre a guerra que o Senhor havia conseguido impedir. E quando Krishna finalmente chegou em seu lar, ninguém quis ouvir o que ele tinha a dizer sobre a guerra. Arjuna, seus irmãos e Draupadi, vestidos de preto, caminharam para o norte. A cidade de Krishna, próxima ao mar, foi coberta pelas águas. Krishna vagava por uma floresta. Deitou-se na grama e pensou: “Arjuna, onde você está? Amanhã destruirei o mundo por causa de sua maldade”. Nesse instante um caçador confundiu o pé de Krishna com um bicho da floresta e lançou-lhe uma flecha. Krishna morreu, com sua túnica amarela e seus quatro braços.

Vaisampayana disse: “Curvo-me perante Deus, que habita este mundo dentro de nós. A quem o chamar, por qualquer nome, por esse nome Ele virá. Portanto, cautela e reverência com os nomes de Deus. E assim encerro minha história”.

Saunaka disse: “Junto à árvore de Narayana, cujas folhas são canções, no seio da montanha, os atores se reuniram e se perguntaram: ‘O que faremos a seguir?’”.

NEP dizem mais uma vez: “O que não está no Mahabharata não está em nenhum outro lugar”.