Terceiro turno – a narrativa


As campanhas eleitorais nos proporcionam uma literatura típica – a da propaganda política. Este gênero apresentou-se como um misto de biografia/ curriculum vitae, no qual os candidatos contavam as suas narrativas. Começavam pelo começo: lugar e família de nascimento. Depois, passavam aos tópicos da vida profissional (formação, profissão e carreira). Muitos começaram a trabalhar com os pais, dado que comprova o mito da hereditariedade no Brasil, onde se herdam dons, talentos, cargos, capitanias. Está no sangue. Enfim, chega-se à vida política do candidato. O perfil é o do trabalhador ágil, dinâmico, apaixonado, firme, empreendedor, eficiente, que faz o quê? A diferença. 

Ele tem um desafio, ele tem uma missão, ele luta pela libertação das vítimas das modernas formas de escravidão (as drogas e a exploração da prostituição), pela liberdade religiosa, pela defesa da educação, da cultura, do patrimônio, do meio ambiente, pela valorização da dança, do teatro, da música, das artes plásticas, do circo. Ele luta não em grandes combates, mas em grandes debates.