Carnaval

Carnaval – 1) No mundo cristão medieval, período de festas profanas que se iniciava no Dia de Reis (Epifania) e se estendia até a quarta-feira de cinzas, dia em que começavam os jejuns quaresmais. Consistia em festejos populares e em manifestações sincréticas oriundas de ritos pagãos, como as festas dionisíacas, as saturnais, as lupercais, e se caracterizava pela alegria desabrida, pela eliminação da censura e da repressão, pela liberdade de atitudes eróticas e críticas. 2) Os três dias anteriores à quarta-feira de cinzas, dedicados à folia popular, com disfarces e máscaras; tríduo de momo. 3) Confusão, trapalhada, desordem. 4) De outros carnavais, de velhos carnavais: há muito tempo. (Adaptado do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Carnaval1542, carnavall. Do francês carnaval, derivado do italiano carnevale. (Adaptado do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa)

Carnis + valeCarnis: carne. Vale: adeus, tem saúde. Não existe consenso quanto à etimologia da palavra carnaval. Por enquanto, ficamos com a hipótese de que a palavra seja um adeus à carne, uma despedida antes da quaresma. (Consulta dos termos no Dicionário Latino-Português)

Carnaval – Descompasso, auê, caos, labirinto, tumulto, orgia, alvoroço, Babel, Babilônia, ebulição, agitação, convulsão, alarido, vozearia, escarcéu, algazarra [em desordem]. Desfiguração, distorção, abuso, catacrese, perversão, malícia, exagero, falso colorido, abuso de termo, adulteração [em interpretação errônea]. Diversão, encanto, arlequinada, loucura, farra, noitada, folguedo, axé, samba, entrudo, dias gordos [em divertimento]. Imoderação, desgoverno, desenfreamento, desregramento, sensualismo, animalidade, prazer, volúpia, luxúria, insobriedade, gula, libertinagem, libidinagem, desconcerto, gandaia, canção báquica, taça circiana, afrodísias, bacanal [em intemperança]. (Adaptado do Dicionário Analógico da Língua Portuguesa)

Diôniso – Chegando à idade adulta, Diôniso descobriu a videira e a utilidade de seus frutos, mas Hera fê-lo enlouquecer (Diôniso era fruto do amor extraconjugal de Zeus, marido de Hera). Em sua demência, o deus chegou à Frígia, onde Cibele o acolheu, purificou-o e o iniciou em seu culto. Curado de sua demência, Diôniso foi para a Trácia e, depois, para a Índia, que conquistou à frente do exército de seus adoradores, entre os quais estavam as Bacantes, os Silenos e os Sátiros. Em Tebas, introduziu as Bacanais, festas celebradas principalmente pelas mulheres com gritos frenéticos. Por onde Diôniso passava repetiam-se cenas de desvario místico. Em Argos, ele enlouqueceu as filhas do rei e as demais mulheres da região, que em alucinação coletiva chegavam a devorar os próprios filhos de tenra idade. Também chamado Baco, era considerado o deus das videiras, do vinho e do delírio místico.

SaturnoAntiquíssimo deus itálico da agricultura, identificado mais tarde com o Cronos dos gregos. Zeus destronou Saturno e lançou-o do alto do Olimpo para a terra. Ele instalou-se na colina do capitólio, no local onde viria a existir Roma. Saturno teria sido rei de Roma, e seu reinado foi tido como a Idade do Ouro. Celebravam-se durante três dias em dezembro as Saturnalia, festas licenciosas durante as quais desapareciam as diferenças entre as classes sociais (para relembrar a Idade de Ouro), e os escravos mandavam em seus senhores.

Lupercos – Uma confraria de sacerdotes incumbidos do culto de Fauno-Luperco nas Lupercalia, festa celebrada anualmente no mês de fevereiro em Roma. Nessa festa os Lupercos faziam a volta do monte Palatino descalços, flagelando as mulheres que encontravam no caminho com correias feitas de couro de uma cabra recém-imolada. Nas crenças romanas, esse ritual tornava as mulheres fecundas. A gruta do Lupercal, situada nos contrafortes do Palatino, era o santuário de Fauno-Luperco, e nela Rômulo e Remo teriam sido amamentados pela loba. Os romanos consideravam essa gruta o berço de sua cidade.

MomoO sarcasmo ácido personificado, filho de Nix (a Noite). Quando a Terra estava prestes a sucumbir sob o peso de uma população excessiva porque os homens se reproduziam excessivamente, e reinava a paz entre eles, Momo pediu a Zeus que mandasse uma calamidade para diminuir-lhes o número. Zeus provocou a guerra de Tebas. Como isso não bastou, ocorreu-lhe a ideia de fulminar os homens com raios e afogá-los em um dilúvio. Momo sugeriu-lhe, então, que fizesse o casamento de Têtis com um mortal. Dessa união nasceria Aquiles. Além disso, Zeus deveria gerar uma filha com Leda – Helena, que provocaria a Guerra de Troia. Os inúmeros homens que morreram na guerra aliviaram, assim, a Terra saturada de habitantes. (Adaptados do Dicionário de Mitologia Grega e Romana)

Carne – As significações da palavra carne evoluíram no sentido de uma interiorização crescente. No Antigo Testamento, em contraposição ao espírito, é representada em sua fragilidade com seu caráter transitório. No Novo Testamento, é associada ao sangue para designar a natureza humana do Cristo e do homem. A carne é incapaz de abrir-se aos valores espirituais. Inclina-se ao pecado, arrasta para baixo. Guillaume de Saint-Thierry acredita que a carne refloresce quando o espírito se reforma à imagem de Deus. Para Bernardo de Clairvaux a carne viciada por seus maus hábitos obscurece a visão interior. É chamada de lama pegajosa por Hildebert de Lavardin, para quem a carne assume também um valor de intimidade corporal e espiritual, intimidade que implica a totalidade do ser humano. Pode-se ser penetrado até mesmo na carne por um sentimento de amor ou ódio. Em linguagem vulgar, até as tripas. A carne designa, então, o princípio mais profundo da pessoa humana, a sede do coração, entendido no sentido de princípio e de ação. Paul Valéry disse que nenhuma religião jamais exaltou tanto a carne quanto o cristianismo: E o Verbo se fez carne. (Adaptado do Dicionário de Símbolos)